Definição de ‘carne de qualidade’ é diferente em diversos países; entenda

Especialista afirma que a definição de carne de qualidade varia bastante e destaca que consumidor compartilha fotos de carnes devido ao produto ser motivo de satisfação pessoal

A definição de carne de qualidade e como ela é vista pelo mundo foram temas apresentados pelo convidado do primeiro Prosa de Pecuária de 2024, transmitido ao vivo, na terça-feira, 30 de janeiro, pelo canal do YouTube do Instituto Desenvolve Pecuária. André de Salles Madruga, produtor rural e sommelier de carnes, fez uma viagem por alguns países de forte pecuária, contando qual a característica da produção e o que algumas marcas de carnes premium destacam para seus consumidores.

Na abertura da sua fala, Madruga explicou que o consumidor médio entende que uma carne é de qualidade quando ela é macia. Já para o produtor, qualidade é uma composição de características como diminuição do abate, idade, maior participação de raças britânicas, padronização, acabamento de carcaça, produtividade e constância de entrega. “São dois caminhos, ou assumimos que qualidade de carne é maciez ou entendemos que podemos apresentar outras formas de diferenciar o consumo da carne, mas que serão mais caras e antagônicas aos interesses dos elos da cadeia”, provocou o especialista.

Na sequência, mostrou como o produtor argentino mede a qualidade da sua carne, produzida com alto grau de confinamento, abate de animais muito jovens com excelente acabamento e terminação veloz. “É uma carne muito suave, muito suculenta, com presença de marmoreio apesar da idade e agrada ao paladar feminino”, afirmou. André Madruga também falou sobre marcas de carne daquele país e de um espaço de venda de carnes de qualidade, cujos proprietários são sommeliers.

O segundo país descrito foi o Uruguai, que leva animais pesados para o abate e cerca de 30% dos animais abatidos são oriundos de confinamento. “É uma carne com memória afetiva para os gaúchos, pois são animais que já existiram no Rio Grande do Sul”, detalhou. Ao citar marcas, ressaltou a Ganaderas Barracas, que possui diversas certificações, inclusive de carbono neutro e que comercializa para o mercado suíço e coreano. “Passam por testes que certificam serem carnes produzidas a pasto, por exigência dos compradores”, explicou, ressaltando que o Uruguai apresenta carnes com informações fidedignas, inclusive nutricionais.

Os Estados Unidos também foram citados como um país que abate animais muito pesados, com mais de 300 quilos padronizados e que fazem uso de hormônios. Os estadunidenses dão importância ao marmoreio e penalizam o produtor quando a gordura subcutânea é alta. Já com relação à Europa, André Madruga mostrou que a Espanha também mata animais pesados. Ressaltou que os espanhóis dão uma apresentação de carne premium a vacas velhas, diferente dos brasileiros que as consideram de segunda linha.

Sobre o Brasil, o especialista mostrou carnes de qualidade de animais Nelore, produzidos no sudeste, onde produtores usam até ultrassonografia para verificar o marmoreio. Destacou que propositalmente não apresentou marcas de carnes de qualidade gaúchas, pois está acompanhando, juntamente com o Instituto Desenvolve Pecuária, a formatação de um concurso de carnes às cegas que será realizado em Porto Alegre. “A nossa proposta é identificar as melhores carnes do Rio Grande do Sul e premiá-las com medalhas que irão circular em seus pacotes. Assim, o consumidor vai identificá-las como carnes de qualidade”, explicou.

Para finalizar, André Madruga voltou ao tema inicial da live, “A qualidade da carne no mundo e o Instagram”, para falar que a rede social é um termômetro para medir qualidade. “O consumidor nos dá este feedback automaticamente, pois quando está com orgulho do que está consumindo, quando publica a foto da sua carne antes mesmo de consumí-la, ele está nos dando esse feedback fabuloso, e é quando temos que olhar com mais atenção”, afirmou. Madruga concluiu dizendo que carne hoje é um produto desejado, é motivo de orgulho e de satisfação pessoal.

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