A história do Carlos Henrique Lamim poderia até ser narrada como um conto, com todas as fases da jornada do herói.
Era uma vez um rapaz muito inquieto, que andou por terras diversas, experimentou múltiplos ofícios, até encontrar sua paz lá onde tudo começou: na roça. A história do Carlos Henrique Lamim poderia até ser narrada como um conto, com todas as fases da jornada do herói. Nascido em Virgínia, no Sul de Minas, nas Terras Altas da Mantiqueira, ainda jovem migrou para cidades maiores.
“Minha família era muito pobre, quando eu tinha 13 anos meu pai se mudou, em busca de qualidade de vida melhor. A gente foi morando em várias cidades: São José dos Campos, Santos, morei em Curitiba, trabalhei em São Paulo”, conta.
Em 1998 seu pai retornou para Virgínia e retomou a produção de queijo. Henrique permaneceu correndo atrás do tão almejado sucesso. Nessa busca se aventurou em diversas profissões: foi motoboy, trabalhou numa grande cervejaria, em autopeças, pizzaria, restaurante. Um dos seus últimos empregos foi na indústria farmacêutica, onde conseguiu juntar dinheiro para comprar um terreno, em Virgínia. Logo depois se mudou para São José dos Campos e abriu uma empresa de locação de equipamentos, que deu muito certo. Mas ainda sentia um vazio. ”A cidade, por mais que eu tivesse conseguido esse sucesso que foi tão incutido na cabeça da gente, não estava legal”, lembra.
Foi quando percebeu que era hora de voltar. Propôs então para a companheira Paula Lamim que seguissem os passos do pai e abrissem uma queijaria, em Virgínia. Paula largou o emprego de bancária e foram. “Eu participei do que aconteceu muito na pandemia, quando muitos retornaram para suas origens. A Paula abraçou meu sonho. Meu pai apareceu na minha propriedade com as vacas dele e disse: Henrique, agora é com você”.
E ele não titubeou, construiu o Rancho Maranata. Lá nasceu o filho Henriquinho, hoje com três anos, o e queijeiro. “Diferente do meu filho, que cresceu na queijaria, eu não tive isso. Eu até achava que não seria um queijeiro, mas parece que nasci pra isso”.
Carlos Henrique se tornou um queijeiro de mão cheia. Em pouco tempo no ofício acumula prêmios, teve até seu queijo dado de presente ao presidente francês, Emmanuel Macron, em sua última visita ao Brasil. Ele produz o típico queijo da Mantiqueira de Minas, parecido com o parmesão. Um queijo de massa cozida, preparado com soro, fermento, moldado em prensa mecânica e que recebe a salga em salmoura. Com a maturação, ganha texturas e sabores diferentes, elaborados. A produção é pequena, cerca de 550 litros por dia, e o trabalho é primordialmente familiar. Além do queijo Mantiqueira de Minas, ele também faz queijo tipo suíço e doce de leite, nas versões tradicional e com castanha de cumaru, tudo de forma artesanal.
Henrique conta com o suporte da Emater-MG, que presta assistência técnica em todo processo. “Me emociono porque meu pai perdia muito queijo, era uma vida muito difícil, ele achava até que eu estava errado de investir tanto. Hoje a gente consegue ter qualidade de vida produzindo queijo e meu pai, infelizmente faleceu há dois anos, mas ele conseguiu ver isso. Hoje, se acontece alguma coisa, em 15 minutos eu tenho a solução na minha porta. A Emater é aquele técnico que tá dentro da casa da gente, ele não tá no telefone, na internet”.
E assim, ao lado da família, produzindo queijo artesanal na paisagem linda da Mantiqueira de Minas, o Henrique vai construindo sua história. Jornada de um herói de si mesmo, que resgatou sua própria essência e ressignificou o conceito de sucesso. “Hoje as pessoas vivem com muito consumismo, aqui a gente esquece um pouco disso. A gente vive com menos expectativa. Essa expectativa que eu tinha na cidade de estar sempre melhorando, você vive no futuro, quanto chega o futuro você não viveu o presente, fica sempre meio vazio. Sucesso, pra mim, é minha família trabalhando junto e sou grato por essa oportunidade”.
Fonte: Emater-MG
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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