De vendedor de salgado à dono de 20 mil cabeças de gado

Para realizar sonho como pecuaristas, irmãos começaram a vida vendendo salgados; Hoje são donos de 5 propriedades e mais de 20 mil cabeças de gado. Confira!

Eles insistiram para o pai liquidar o rebanho de 60 cabeças de gado para comprar uma lanchonete e juntar dinheiro para realizar o sonho de… se tornaram grandes pecuaristas. A decisão arrojada, conforme o tempo provou, deu razão aos irmãos Ferreira de Sena, proprietários hoje de cinco propriedades entre os estados de Goiás e Tocantins.

Em entrevista para reportagem da série especial Rota do Boi, José Francisco Ferreira de Sena, um dos irmãos, deu os detalhes desta saga.

“Nós éramos crianças, meu pai tinha uma chácara, ele era motorista de táxi e sempre eu e meu irmão tínhamos um sonho de ter 100 alqueires de terra e 500 cabeças de gado. Nós mudamos pra cidade de Anápolis, começamos a vender frutas na rua, meu irmão foi trabalhar de salgadeiro numa lanchonete e começou a insistir com meu pai pra comprar essa lanchonete. Ele tinha que vender todo o rebanho, 60 cabeças de gado, e por fim meu pai arriscou, fez essa venda, ficou trabalhando no táxi e eu e meu irmão na lanchonete. Cerca de quatro ou cinco meses depois nós já tínhamos conseguido repor esse gado pra ele porque essa lanchonete era num ponto comercial muito bom. Meu irmão era um excelente salgadeiro, me ensinou a fazer salgado, mas sempre com o objetivo de crescer na pecuária e na agricultura, dentro dos limites bem modestos. Eu me formei em advocacia, ele se formou em medicina e continuamos a trabalhar juntos. A coisa começou a expandir e chegou a um ponto que é o principal negócio nosso hoje”, resumiu José.

Cerca de duas décadas depois, os produtores já eram donos de 20 mil cabeças de gado distribuídas em cinco propriedades entre os estados de Goiás e Tocantins, sendo dois núcleos de cria, dois de ciclo completo e um de engorda, justamente a Fazenda Jaçanã, em Bonópolis-GO, de onde José concedeu a entrevista.

O empreendedor falou sobre algumas das tecnologias que levaram ao crescimento dos negócios, começando pela substituição da monta natural pela IATF – Inseminação Artificial por Tempo Fixo.

“Inicialmente a gente aprendeu com o nosso pai, naturalmente era aquele processo antigo de um negócio bem extensivo, bem rudimentar, só com touro, e a partir de quando a gente foi fazendo cursos, […] aprendemos a fazer IATF bem, vimos que é o caminho – você fazer um animal mais precoce. E os números foram mostrando isso, os resultados foram mostrando isso e hoje nós fazemos IATF em todo rebanho. Estamos sincronizando, tendo resultado em torno de 55% na primeira sincronização e ressincronizando pra gente elevar esse número aí pro nascimento de um animal cruzado, que é aquele que vai deixar melhor resultado no nosso caixa”, explicou.

Com a ressincronização, a taxa de prenhez da estação de monta salta para 72% e, com o repasse, é finalizada com índices que variam entre 82 a 85%. A fêmeas Nelore são sempre inseminadas com Angus, enquanto as F1 são enxertadas com Senepol ou Nelore para o cruzamento terminal.

Com a boa genética e boia para sustentar o crescimento, os animais são desmamados com média de 220 kg, com indivíduos que chegam a 260 kg. Na recria, a integração com a lavoura reforça as condições das pastagens para acelerar a entrada nos animais. O manejo de pasto, aliás, foi tema de capacitações na fazenda também, conforme lembrou José. “Inclusive com o professor Moacyr Corsi, que se estiver vendo e ouvindo, saiba que o senhor foi um grande idealizador”, reconheceu o pecuarista.

José explicou a importância da integração lavoura-pecuária para o sistema produtivo da fazenda. “É uma experiência extremamente interessante. Quem faz com certeza não volta. Eu tenho chamado isso com pessoal de banco, pessoal que a gente tem participado (de cursos e eventos), é um sistema que vai revolucionar a pecuária brasileira. Você pega uma desmama no mês de maio, junho e coloca ela numa palhada de soja ou onde você plantou capim em cima da soja para ter esse pasto na seca. É um animal que ele vai ganhar peso quase a nível de confinamento, proporcionalmente porque é uma desmama, naturalmente. Então você já vai chegar com esse animal muito mais cedo, praticamente você elimina a seca da fazenda. Integrando isso aí, é um caminho sem volta e quem faz não deixa de fazer”, frisou.

Além de deixar como legado pastagens de melhor qualidade, o milho e o sorgo da integração são matéria-prima também para a produção da silagem para o confinamento. Por sua vez, os dejetos dos animais em confinamento são usados como adubo para a lavoura, reduzindo em 10% o uso de adubo de fontes externas e aumentando a produtividade dos grãos em 30%.

Com um modelo sustentável e produtivo, José lembrou que o crédito rural tornou-se ferramenta importante para a expansão dos negócios, seja para aumentar o número de matrizes do grupo ou aumentar a capacidade estática do confinamento.

Compre Rural com informações do Giro do Boi

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