Do picolé de tilápia ao tratamento de queimaduras, a pele de tilápia mostrou que a inovação na piscicultura pode transformar mercados e atrair investimentos promissores.
Quando o subproduto vira uma inovação e cai na boca do povo, tem tudo para dar certo? Na época do uso da pele de tilápia para tratamento de queimaduras de pele, foi um burburinho só.
Agora, o picolé de tilápia caiu na boca do povo, seja por ataque (“não era só usar whey protein no lugar?”), estranheza (“sorvete com gosto de peixe?”) ou por animação em ver essa evolução. O fato é que o grupo Brazilian Fish, começou com a pecuária, entrou na piscicultura, começou com processo industrial de ração, beneficiamento do pescado, inovou produzindo o fertilizante Biofish através do resíduo do frigorífico e agora, criou o Gelafish, picolé proteico, sem açúcar, que atraiu os olhos das pessoas para a produção de peixes.
Se do gado, “aproveita-se até o berro”, o peixe está no mesmo caminho.
Eu como consultora, atuante há 13 anos no mercado do peixe, vejo o quanto a piscicultura tem se mostrado ano após ano, um setor interessante para pequenos, médios e grandes produtores, por vários motivos: clima, abundância em água, demanda nacional e internacional, oferta de insumos.
O mercado internacional já sabe que o Brasil é capaz de produzir muito mais peixe do que produz hoje.
Sendo o 4º maior produtor de tilápias do mundo, a capacidade produtiva no Brasil não está nem perto do potencial máximo, ou seja, um grande mar azul para o investimento, comprovo isso em cada aluno e cliente atendido.
Além dos fatores da “porteira para fora”, temos ainda os fatores da “porteira para dentro”. A piscicultura ajuda a otimizar áreas rurais e mão-de-obra, aumenta o faturamento e lucro da propriedade, hoje já é possível usar dinheiro subsidiado pelo governo através do plano safra para implantação e custeio de piscicultura, o que até bem pouco não havia possibilidade, é uma atividade sustentável ambientalmente e a inovação passou a ser uma grande aliada.
O fato é que produtores rurais, ainda estão deixando muito dinheiro na mesa, quando podem, mas não criam peixes em suas propriedades rurais. Ter mais de uma atividade, não só otimiza e traz sustentabilidade à área, mas também deixa o produtor menos refém da oscilação de preços e instabilidade de sua atividade principal.
A exemplo dos investidores que não investem todo seu dinheiro em um único tipo de ação, ou um único setor de investimento, o produtor rural deve seguir o mesmo caminho e com isso, tornar todas as atividades da propriedade mais produtivas.
Agora, descendo para o mundo real, quais são as dificuldades do setor?
Para uma cadeia produtiva tão jovem, é claro que temos gargalos a serem melhorados, mas que têm solução e do meu ponto de vista, tudo da cadeia produtiva da piscicultura, se resolve com conhecimento. A produção de peixes no Brasil vem de um contexto histórico onde, na década de 80, produzia-se peixes com resíduos de chiqueiros e galinheiros. Nos livros, ensinava-se a construção dos tanques, debaixo do chiqueiro ou cabanha.
Essa cultura, ficou (e em muitos estados, ainda está) enraizada, pequenos piscicultores acreditam que o que inviabiliza a atividade é o custo com ração e usam resíduo como fonte de alimento. Os médios piscicultores, lucram, mas reclamam que o lucro é baixo, mas ainda levam a gestão da empresa, sem controle ou com controles bem superficiais, o que impede que vejam onde podem melhorar e onde estão perdendo dinheiro. Os grandes investidores, esses enxergaram a oportunidade e entenderam o gargalo, por isso estão crescendo.
O fato é: se você tem olhos investidores e empreendedores, vai enxergar todas as oportunidades que a piscicultura traz, mas para quem vive de desculpa só vai encontrar as dificuldades.
Todos os que levaram o negócio do peixe a sério, conheceram mercado, entenderam a parte técnica e estão se preocupando com gestão financeira e vendas, estão prosperando.
A propriedade rural é uma empresa e se tem espaço para vender peixe vindo dela, você está perdendo dinheiro.
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