Segundo a ANDA houve uma redução de 70% no valor dos fertilizantes; executivo do grupo SLC confessou que a safra 2022/23 foi cara
Diante de oportunidades de queda nos preços principalmente de fertilizantes, a SLC Agrícola antecipou a compra de insumos e já adquiriu cerca de 50% dos adubos necessários para a próxima safra, que se inicia em setembro, na tentativa de chegar à 2023/24 com custos de produção menores que os do ciclo atual. Segundo a Associação Nacional de Difusão de Adubos (ANDA), houve redução de 70% no valor do insumo, equalizando a demanda para este ano. A produção deve ultrapassar 46,4 milhões de toneladas, superando o recorde de 2021.
Os valores dos fertilizantes reduziram em média 70% para os nitrogenados e 60% fósforo e cloreto desde o pico de preços devido à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, onde a ureia teve aumento de 70%, MAP (45%) e potássio (53%).
Em entrevista à Reuters na última semana, o presidente da companhia, Aurélio Pavinato, disse que a empresa tem aproveitado os bons momentos do mercado. “Normalmente, estaríamos no patamar de 25% a um terço dos insumos comprados (nesta época do ano), e esse ano, em função dessa dinâmica do mercado, acabamos avançando nas compras”, disse ele.
Em 2022, majoritariamente no primeiro semestre, os preços dos fertilizantes foram fortemente impulsionados pela guerra entre Rússia e Ucrânia, que trouxe incertezas sobre a oferta global do produto. O Brasil importa em torno de 85% de seu consumo de adubos e os russos são os maiores fornecedores.
À medida que os produtores continuaram a receber o insumo mesmo em meio à guerra, as cotações foram arrefecendo, mas já era tarde para que esse impacto fosse sentido na safra 2022/23. “Estamos na expectativa de formar um custo de produção menor do que na safra atual”, disse Pavinato.
Segundo o balanço da SLC, foram adquiridos 68% da demanda dos fosfatados, 50% do cloreto de potássio, 41% do volume de nitrogênio e 50% da necessidade de glifosato para 2023/24. “Em média, consideramos que a compra está em 50% do que precisamos”, comentou o presidente.
Segundo as projeções, a demanda por fertilizantes deve crescer em 4% em 2023 em relação ao ano anterior, chegando a 44,5 milhões de toneladas. “Esse aumento será impulsionado pela queda dos preços internacionais dos insumos, após a crise provocada pela guerra entre Ucrânia e Rússia em 2021”, destaca Pizzamiglio. Para atender a essa demanda, o Brasil depende principalmente da importação de países como China, Marrocos, Rússia e Estados Unidos.
Safra 2022/23 foi cara
Pavinato disse que a temporada de 2022/23 é considerada uma safra cara, com fretes e outras despesas também pesando sobre a companhia além dos insumos comprados no ano passado. Porém, a SLC já comercializou em torno de 60% da produção esperada para soja, o milho e o algodão, a preços melhores que podem compensar os gastos.
De acordo com o balanço, a soja vendida pela SLC neste ciclo até 22 de fevereiro tem preço médio de 14,64 dólares por bushel, contra 14,55 na safra de 2021/22. Para o algodão, o preço chegou a 91,32 centavos de dólar por libra-peso, versus 77,26 centavos no mesmo comparativo. No milho, a média é de 62,37 reais por saca, ante 57,22 reais um ano antes.
Na lavoura, houve um atraso na colheita da soja que desencadeou mudanças na programação de plantio da segunda safra. Para evitar perdas de produtividade, a companhia reduziu 5,2% da área de algodão que foram transferidos para o milho. Também por motivação de preços, a área de cereal será 6,9% maior do que o planejado inicialmente.
“O plantio do algodão foi até a primeira semana de fevereiro, o que a gente considera aceitável… O milho de Mato Grosso ficou todo em fevereiro e devemos concluir até 10 de março o plantio em Mato Grosso do Sul e no Maranhão”, disse ele.
Neste cenário, a projeção é de rendimentos positivos para a companhia no ano. “E por isso nossa expectativa para 2023 é novamente ter um ano muito bom para a empresa. Devemos ter produtividades melhores nas três culturas, preços superiores e aumento de custos que serão compensados.”
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