Por que a carne de frango é a mais consumida pelos brasileiros? O país é o maior exportador, segundo lugar no ranking de produção e o quarto país que mais consome a carne.
O Brasil é referência em frango – Para se ter uma ideia, segundo a projeção da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), somente em 2023 o País estima produzir até 14,5 milhões de carne de frango. O valor total da produção em 2022 foi de 112,1 bilhões e do total 66,8% de toda essa carne ficou no mercado interno.
O frango está se consolidando como a carne mais consumida no mundo. Durante anos, a posição foi confortavelmente ocupada pela proteína de porco, que é a predileta no continente mais populoso do planeta, a Ásia. No entanto, de uns anos para cá, essa liderança começou a ser contestada, o que envolve fatores tão diversos quanto preço, hábitos saudáveis e até religião.
Projeções feitas pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) indicam que, até o fim da década, a humanidade vai comer mais aves do que qualquer outro tipo de proteína animal.
Em 2030, elas devem representar 41% de todo consumo, abrindo ainda mais distância em relação aos suínos (34%), bovinos (20%) e ovinos (5%). Os peixes não entram na conta.
As exportações brasileiras de carne de frango devem crescer cerca de 4% em 2023 de acordo com o USDA (2022), devido à demanda crescente nos principais mercados como China e União Europeia, conforme os dados mundiais de exportação e consumo de carne de frango.
No mercado interno a preferência do consumidor por essa proteína animal é altíssima e alguns fatores influenciam na produção e consumo de carne de frango no País. Segundo especialistas, desde a década de 1990, a proteína avícola foi a que mais lançou novidades em produtos alimentares do que todas as demais carnes juntas.
Além do mais, a carne de frango e derivados têm preços acessíveis e sempre estão disponíveis nos estabelecimentos comerciais favoritos dos consumidores. Ser a mais barata das proteínas animais ajuda a explicar essa projeção, especialmente nos países de baixa renda. A inflação dos alimentos costuma pesar sobre as carnes, favorecendo a escolha do frango.
Vale ressaltar também que a produção de carne de frango, entre todas as demais, é a que menos utiliza água e a ave é a que demora menos tempo no campo para alcançar o tempo de abate.
Tanto no Brasil como no mundo, o aumento do consumo da proteína animal depende sempre da maior oferta de empregos e do aumento da renda da população, já que o crescimento dos rendimentos normalmente é utilizado na melhoria da dieta. Porém, mesmo em tempos de dificuldade, a consumação de carnes continua na tradição e preferência da maioria das famílias, o que confirma a vantagem do frango, com custo sempre menor do que as outras.
Na China, por exemplo, a carne suína continua sendo a preferida, mas a alta dos preços provocou um aumento no consumo de aves. No Brasil não é diferente. Por aqui, a proteína já é a principal e deve representar 51% de todo o consumo em 2022.
Demanda crescente impulsionou produção
Nos últimos 50 anos, a produção global de aves aumentou rapidamente, crescendo mais de 12 vezes entre 1961 e 2014. Santin, presidente da ABPA, atribui isso a uma série de fatores, como a menor necessidade de terras e a alta conversão do quilo de ração em quilo de carne —o que diminui os custos.
“Para aumentar a produção de gado, por exemplo, não basta o produtor aumentar o peso, é preciso ter mais terra, mais pastagem ou maior confinamento. Com suínos é semelhante”, diz. “Na criação de frango, há uma densidade natural e também uma melhor utilização de recursos: precisa de menos água, menos ração e menos energia”, acrescenta.
Outro aspecto importante, ele diz, é o tempo de produção. Enquanto a bovinocultura e a suinocultura demandam ciclos de um ou dois anos, na avicultura esse período é de 45 dias, em média.
E esse período curto deve-se ao avanço de tecnologias da nutrição animal, mas principalmente pelo avanço genético das aves promovido por empresa e instituições. Normalmente os leigos relacionam o grande potencial de crescimento dos frangos (que atualmente alcançam quase 3 kg em pouco mais que 40 dias de idade), com a utilização de hormônio de crescimento na alimentação animal. Outros fatores importantes: melhorias na infraestrutura, ambiência e sanidade.
O próprio Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, através de instruções normativas, proíbe a administração, por qualquer meio, na alimentação e produção de aves, de substâncias com efeitos tireostáticos, androgênicos, estrogênicos ou gestagênicos, bem como de substâncias ß-agonistas, com a finalidade de estimular o crescimento e a eficiência alimentar.
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