Data para virada de fase no ciclo de preços do boi gordo, veja

O analista do Rabobank destaca que os preços do bezerro têm assumido uma tendência de queda ao longo de 2023, com uma recuperação parcial em outubro. Dessa forma, Yanaguizawa enxerga o momento atual como positivo para o produtor rural se posicionar e investir na reposição animal, com a chegada da virada de fase no ciclo de preços do boi gordo

A pecuária brasileira vêm passando por grandes mudanças no mercado, ou melhor, nos preços de comercialização dos animais – todas as fases – desde 2022. O ano de 2023 está marcado como um período de ciclo positivo do gado no Brasil, com maior oferta de animais, o que fez os preços do boi gordo caírem ao longo deste ano.

No entanto, apesar do viés de queda para os preços, as cotações do animal avançaram mais de 18% ao longo do mês de setembro, continuando ao longo do mês de outubro. De acordo com pesquisadores do Cepea, esse cenário atrelado à redução na oferta de animais para abate vêm sustentado os preços da arroba do boi gordo negociado no mercado interno – o Indicador CEPEA/B3 vem operando acima dos R$ 230 desde o final de setembro, ultrapassando o valor de R$ 240,00/@.

Segundo Wagner Yanaguizawa, analista econômico de proteína animal no Rabobank, os meses de agosto e setembro contrariaram a tendência sazonal para o período do ano em função dos níveis de oferta muito acima da demanda.

Em outubro, os preços voltaram a se recuperar tanto no mercado físico como no futuro. As razões são a melhora sazonal da demanda interna e as exportações em setembro, que atingiram o maior volume mensal do ano. Neste mês, os dados parciais até a segunda semana indicam aumento de 2,3% nos embarques diários no comparativo anual, o que tem sustentado o interesse dos frigoríficos por novos lotes de animais”, explicou o analista ao Money Times.

O que esperar para o boi gordo no fim de 2023?

Em termos de fundamentos, Yanaguizawa enxerga maior equilíbrio entre oferta e demanda até o fim do ano, o que deve sustentar os preços nos patamares atuais.Vale lembrar que, nas festas de fim de ano, a preferência pela carne bovina é superior às outras proteínas, mas existem fatores de riscos que devem ser considerados e que podem trazer momentos de pressão negativa nos preços do boi gordo”, diz.

Entre os fatores de risco, estão:

  • excesso de chuvas no Sul podem trazer movimento de liquidação de animais e elevar a oferta regionalmente;
  • demanda menor da China por conta dos altos estoques e preços pouco atrativos no mercado local;
  • excesso de oferta de carne de frango no mercado doméstico por conta dos altos níveis de alojamento no terceiro trimestre;
  • risco da gripe aviária atingir alguma produção comercial, o que suspenderia as exportações no curto prazo e elevaria a oferta internamente, causando migração de consumo e pressionando preços das outras carnes para manter liquidez.
boi gordo
@fotodeboi

Virada no ciclo de preços do boi gordo

O analista do Rabobank destaca que os preços do bezerro têm assumido uma tendência de queda ao longo de 2023, com uma recuperação parcial em outubro.

Entendo que os preços estão próximos do piso desse ciclo e, durante a primeira metade do ano, houve boas oportunidades de compra de reposição pela relação de preços do boi gordo/bezerro. Assim, com relação à inversão do ciclo, acredito que no ano que vem ainda teremos níveis de abates de fêmeas elevados no primeiro semestre, com criadores começando a se posicionar na estação de monta do segundo semestre de 2024 já visando a retenção de fêmeas para produção de bezerros, que deve se consolidar a partir de 2025″, avalia.

Por fim, Yanaguizawa enxerga o momento atual como positivo para o produtor rural se posicionar e investir na reposição animal.

Mercado do boi gordo no curto prazo

“Munidos de escala que atendem minimamente aos compromissos operacionais de curto prazo, as indústrias frigoríficas brasileiras permaneceram ausentes do ambiente de negócios e apenas apontaram preços da arroba bovina abaixo dos atuais”, relatam os analistas da S&P Global Commodity Insights.

Porém, a consultoria diz que não captou uma tendência de baixa nos preços do arroba, tendo em vista que o volume de oferta de animais terminados ainda é enxuto e há expectativas para um incremento de demanda conforme se aproxima o período final de ano – marcado pelas comemorações entre amigos e familiares, o que, obrigatoriamente, resulta na maior procura de cortes para churrasco.

Neste contexto, a S&P Global prevê uma nova rodada de alta da arroba nos três dois meses seguintes do ano, período marcado pelo avanço da entressafra de “boi de capim”. Além disso, ressaltam os analistas, no curto prazo, o mercado deve “sentir” a falta de “boi de ração”, já que muitos pecuaristas deixaram de investir no segundo ciclo de engorda no cocho, devido às margens negativas de operação no momento de decisão pelo confinamento.

Exportações

As exportações brasileiras de carne bovina in natura em setembro, vale lembrar, o Brasil embarcou o segundo maior volume da história para o mês, ajudando na recuperação dos preços do boi gordo.

Em 2023, o acumulado até setembro registrava receita de US$ 10,14 bilhões. Em 2023, no mesmo período, o valor foi US$ 7,77 bilhões. No volume, um leve crescimento de 0,4%. Foram movimentadas neste ano, até aqui, 1.758.014 toneladas e em 2022 a movimentação alcançou 1.750.740 toneladas. 

Segundo a ABRAFRIGO, o grande problema das exportações em 2023 são os preços pagos pelo produto brasileiro pelos importadores.

Produção de carnes deve ser recorde em 2023/24, para 30,8 milhões de toneladas

A produção de carnes no Brasil deve ser de 30,8 milhões de toneladas na safra 2023/24, considerando as três principais proteínas animais (aves, suínos e bovinos). A projeção recorde foi feita pelo presidente da Conab, Edegar Pretto, durante apresentação do 1º Levantamento da Safra de Grãos 2023/24, realizado nesta terça-feira (10).

Segundo Pretto, a manutenção da produção elevada de milho, o principal insumo da proteína animal, aliada às políticas de formação de estoques públicos, tornam a projeção viável. O número representa um aumento de 2,7% em relação à produção passada. O levantamento da Conab estima que a safra total de milho 2023/24 deve ser de 119,4 milhões de toneladas. A safra total de grãos pode atingir 317,5 milhões de toneladas.

Compre Rural com informações do Estadão Conteúdo, Money Times, Portal DBO e Conab

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