Artigo original “Você realmente pode confiar na genômica?” do zootecnista Fábio Fogaça, mostrando os impactos da genômica em gado leiteiro, confira abaixo.
Por dez anos, houve a opção de incluir genômica de gado de leite como uma ferramenta para melhoramento genético. Agora, o medo do desconhecido envolvendo a genômica caiu por terra. Os rebanhos leiteiros progressivos aceitam essa como uma nova era no rápido progresso genético. No entanto, não questionamos aqueles que ainda se perguntam se os touros genômicos são a melhor opção, enquanto vários touros provados com filhas oferecem um ótimo pacote genético. Por isso, o objetivo é mostrar respostas baseadas em dados reais dos touros provados por todas as empresas do mercado.
O que aprendemos sobre genômica?
Nos gráficos 1 e 2, a geneticista do programa PEAK, Ashley Mikshowsky, analisou dados de aproximadamente 6.000 touros Holandeses lançados entre janeiro 2010 e abril 2015, que atualmente possuem prova baseada em filhas produzindo.
O gráfico 1 mostra as tendências para Índice de Desempenho Total (TPI). A linha azul no gráfico mostra a média da avaliação genômica para o cálculo do TPI, chamado GTPI, pela data do lançamento genômico inicial. A linha laranja aponta a média de TPI baseada na prova com filhas em produção desses mesmos touros, em agosto 2018. O espaço entre as duas linhas representa a variação média de TPI do lançamento inicial até a prova com filhas em produção.
No lado esquerdo do gráfico, os primeiros touros lançados em janeiro de 2010 tiveram variação de 177 pontos em TPI do lançamento genômico até a prova com filhas em agosto de 2018.
Quando comparado à base de agosto/2018, das provas com filhas, incluindo aqueles lançados como reprodutores genômicos em abril de 2015, é possível perceber uma variação de 105 pontos em TPI de sua prova genômica inicial à prova com filhas em produção em agosto de 2018.
Isso significa que a estabilidade em GTPI dos lançamentos genômicos até a prova com filhas teve aumento de mais de 70 TPI pontos. Como bônus, está claro, os níveis genéticos dos touros continuam a subir.
O mesmo se aplica para o Net Merit $.
Veja resultados no gráfico 2.
Touros lançados no mercado como reprodutores genomicamente provados em janeiro de 2010, em média, tiveram queda de 150 NM$, comparados com provas baseadas nas filhas em produção em agosto de 2018. No entanto, os touros lançados com informações genômicas em abril de 2015 só tiveram mudança de 89 NM$, desde o lançamento.
Olhando para esses resultados, pode-se questionar que os touros genômicos ainda estão inchados. Sim, é verdade, no entanto, a distância entre genômica e filhas provadas tem claramente melhorado, desde o início desta era genômica. Vamos nos aprofundar na estabilidade da prova genômica. Para entender de outro ângulo, analisamos fatos e dados sob uma ótica diferente.
Os gráficos 3 e 4 são baseados em dados de provas feitas pela geneticista, que avaliou 1.073 touros lançados em todo o mercado em 2014. Ela utilizou esse grupo de idade, uma vez que os touros lançados em 2014 agora possuem filhas avaliadas para características de produção, saúde e conformação.
O gráfico 3 mostra que os touros lançados em 2014 mudaram na média em -110 pontos de TPI do lançamento inicial em 2014, comparado com suas provas de filhas em produção em agosto de 2018. Cerca de 120 desses touros têm uma prova com filhas em torno de 20 pontos de TPI em relação à prova genômica original. Apenas 30 touros, em um grupo de 1.073, perderam mais de 300 pontos de TPI, o que significa menos de 3% do total.
Vemos a mesma tendência para NM$. O gráfico 4 mostra a variação e desvio padrão de NM$ para os mesmos 1.073 touros do mercado. O touro médio lançado em 2014 teve variação de -89 NM$ entre sua prova genômica inicial em 2014 e a prova com filhas em agosto 2018.
Mais de 160 dos 1.073 touros se mantiveram firmes no grupo, que variou 20 pontos em NM$ para a prova com filhas. Apenas 12 touros mudaram mais de 300 em NM$.
Quais são as opções genéticas hoje?
Qual é a melhor opção: prova com filhas em produção ou genomicamente provados? Atualmente, os melhores touros provados da Alta, com filhas provadas, têm uma média de 2.594 TPI. Já os melhores touros genômicos disponíveis oferecem médias ainda mais atraentes, de 2.800 TPI.
Entre a prova genômica e os provados com filhas, dados mostram que é inevitável que alguns touros melhorem e outros touros, não. No entanto, também podemos ver que as provas genômicas seguem melhorando. Tenha em mente que as chances são praticamente nulas de que cada touro no topo da lista dos genomicamente provados caia para um nível menor do que a lista atual de touros provados com filhas.
Nas suas seleções genéticas, tenha em mente estes pontos:
- Provas genômicas ainda estão ligeiramente infladas. No entanto, com o tempo vemos menos variação em TPI e NM$ entre genômicos e provados com filhas, devido a ajustes feitos ao longo do caminho.
- Apesar de uma queda na média de TPI e NM$ dos touros genômicos e provados com filhas, você fará progresso genético muito mais rapidamente utilizando um grupo de touros genômicos do que um grupo de touros provados com filhas.
- Certifique-se de que o progresso genético que está realizando vá na direção de seus objetivos. Selecione um grupo de touros genômicos baseado em um plano genético personalizado para sua fazenda. Enfatize apenas as características produção, saúde e conformação, as quais importem para que você possa alavancar o futuro progresso e rentabilidade da sua fazenda.
Fábio Fogaça é zootecnista, com 25 anos de especialização em pecuária leiteira, tendo realizado o curso de Reprodução e Manejo pela International Livestock Management School, no Canadá. Atualmente, é jurado oficial das raças Holandesa, Jersey, Pardo Suíço e Girolando, já tendo atuado em países como Canadá, França, Argentina, Uruguai, Peru, Bolívia e Brasil. Também é gerente de Gado de Leite Importado e Projetos Especiais para o Leite da Alta.