Sebastião Salgado é um fotógrafo brasileiro radicado em Paris considerado um dos mais talentosos fotojornalistas do mundo transformou, junto da esposa, a fazenda da família
Em Aimorés, leste de Minas Gerais, o famoso fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado e sua esposa arquiteta e ambientalista Lélia Salgado reflorestaram uma área de mais de 600 hectares, o projeto iniciou em 2000. O que chama a atenção é que a terra devastada, que sequer pasto crescia, tornou-se uma floresta fechada da Mata Atlântica em pouco mais de 20 anos de trabalho.
Sebastião, um dos maiores e mais respeitados fotógrafos do mundo, nasceu no município de Aimoré, no interior de Minas Gerais, em 8 de fevereiro de 1944. Com um olhar único, a sua fotografia documental muitas vezes promove uma denúncia social e dá a ver cenários desconhecidos do grande público. O fotógrafo foi internacionalmente reconhecido e recebeu praticamente todos os principais prêmios de fotografia do mundo como reconhecimento por seu trabalho.
Na época, a propriedade estava praticamente deserta, desmatada, sem vida, como podem ver na primeira foto. Com a ajuda de voluntários e funcionários, revitalizaram a propriedade, plantando 2,7 milhões de mudas de árvores de várias espécies, foram usadas árvores nativas da Mata Atlântica
A Fazenda Bulcão foi reconhecida como RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) e o casal fundou a ONG Instituto Terra no local, voltado para a restauração ambiental e o desenvolvimento rural sustentável do Vale do Rio Doce. A região habitada por mais de 1,7 milhão conta com a bacia do rio Doce, gigante de mais de 83 quilômetros. Mesmo com esse privilégio, a população sofre com as consequências do desmatamento, como erosão do solo e a escassez de água.
Anos depois, o esforço e dedicação em recuperar área teve com efeito o ressurgimento de uma densa floresta, como podem ver na segunda foto. O que antes era uma terra sem vida, conta hoje ocm 293 espécies de plantas, 172 espécies de pássaros e 33 espécies de animais, alguns até, em ritmo da extinção. Um exemplo incrível, com resultado espetacular.
O resultado, como pode ser visto nas imagens, é impressionante! Cerca de 172 espécies de pássaros voltaram ao local, assim como 33 espécies de mamíferos e mais de 293 espécies de plantas. E não parou por aí: também foram vistas 15 espécies de répteis e o mesmo número de anfíbios. Ou seja, um ecossistema completo!
“A terra estava doente como eu estava – tudo estava destruído, apenas cerca de 0.5% da terra estava coberta de terra. E então minha esposa teve a ideia fabulosa de replantar essa floresta. E quando começamos o replantio, todos os insetos, pássaros e peixes voltaram, e graças a esse aumento das árvores, eu também renasci — e esse foi o momento mais importante”, contou Sebastião Salgado.
Quando ele nasceu na fazenda de sua família, em 1944, a terra ainda era fértil. Quando menino, Sebastião acompanhava o pai e os funcionários no manejo do gado, foi então que ele se conectou profundamente com esse vale do Rio Doce, em Minas Gerais.
Quando voltou ao Brasil, cansado e doente depois de anos fotografando guerras e desastres, violências e genocídios, sua esposa teve a ideia de reflorestar a antiga fazenda da família. E Salgado ganhou forças para voltar a fotografar. Ele chamou o projeto de “Gênesis”, que seguiu seu visual preto e branco característico.
As árvores são especialmente impressionantes. Ali levante-se a cerejeira retorcida, semelhante ao carvalho, ou a Cascudeira esbelta e lisa com a sua copa expansiva, a Sapucaia, que lembra as castanhas, a Candeia multiramificada ou a Peroba, que cresce lenta mas poderosamente para cima. Quase desapareceu porque sua madeira tropical marrom-avermelhada é tão forte e tão bonita que muitos que podem comprá-la decoraram com ela o chão, as portas e as janelas de suas casas.
Sebastião e Lélia já se aposentaram do trabalho; Lélia entregou há algum tempo o cargo de diretora do Instituto. E como ele já tem 80 anos e ela apenas três anos mais nova, os dois estão principalmente preocupados com a questão de como as coisas podem continuar sem eles e depois deles.
O casal permanecem atuantes no conselho curador do Instituto e vêm várias vezes ao ano a cidade de Aimorés para se manterem atualizados. Salgado pode ser o fotógrafo mais bem-sucedido e conhecido do mundo no momento. Milhões visitam suas exposições, milhares compram seus livros. Tudo o que ele diz é: “O projeto mais importante da minha vida é o Instituto Terra”.
Lélia Wanick e Sebastião Salgado recebem prêmio de sustentabilidade
Em 2022, no Rio de Janeiro, o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) realizou o Prêmio CEBRI. Na categoria Sustentabilidade, foram homenageados a ativista ambiental, produtora fotográfica e cinematográfica Lélia Wanick Salgado e o fotógrafo Sebastião Salgado.
Criado em 2008, o Prêmio CEBRI homenageia, a cada dois anos, personalidades que se distinguem em áreas e temas relevantes para a agenda internacional do Brasil. O casal se destaca pelos trabalhos de reflorestamento que vêm conduzindo desde os anos 90. Além disso, há um projeto em curso de recuperar as nascentes da região do Vale do Rio Doce.
“Nós assinamos um contrato com o KfW – Banco de Desenvolvimento da Alemanha para um projeto de recuperação de 4.200 nascentes na região do Rio Doce. O nosso objetivo é, nos próximos 15 anos, plantar 15 milhões de árvores na região e multiplicar a biodiversidade naquela área”, afirmou Lélia Wanick Salgado.
Sebastião Salgado ressaltou as ações do Instituto Terra ligadas à sustentabilidade, preservação das águas e reflorestamento da Floresta Amazônica. O fotógrafo destacou a importante presença das comunidades indígenas na construção da sociedade brasileira, afirmando que a única coisa que destoa entre nós e os povos indígenas é a temporalidade de sua presença no Brasil.
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