Custos de confinamento recuaram em fevereiro abrindo novas oportunidades para os pecuaristas

“O ICAP de fevereiro registra nova queda e revela um movimento inesperado para os confinadores para o início do ano. A promessa de uma safra recorde, o início das colheitas e a desvalorização das commodities ajudam a explicar esse alívio no custo da nutrição. Mas será que essa tendência se sustenta até a colheita da safra principal?”

Em fevereiro de 2025, o Índice de Custo Alimentar Ponta (ICAP) registrou o valor de R$ 13,75 na região Centro-Oeste e R$ 12,63 na Sudeste. Em comparação com janeiro de 2025, o ICAP apresentou uma queda de 3,44% no Centro-Oeste e 1,10% no Sudeste. A queda no índice no último mês representa uma nova redução no custo do confinamento bovino, tanto no Sudeste quanto no Centro-Oeste, movimento atípico para este período do ano.

Historicamente, a retração nos custos só era observada a partir de abril, quando grande parte dos estoques dos confinadores já estava renovada com insumos da nova safra. A queda nos preços de insumos estratégicos, aliada a ajustes nas exportações e antecipação da colheita da safra 2024/2025 em algumas regiões, pode estar gerando um momento de maior disponibilidade de matéria-prima para os confinadores.

Visão trimestral dos insumos por Região

Centro-Oeste

No Centro-Oeste, a queda do ICAP foi impulsionada pela redução nos custos das dietas de crescimento (-10,02%) e terminação (-1,51%), além da queda no consumo pelos animais (-2,80%) em relação a janeiro de 2025. O custo por tonelada de matéria seca da dieta de terminação, a mais cara dentro do ciclo produtivo, foi de R$ 1.472,21. Entre os principais insumos utilizados nas dietas de terminação, destacam-se as quedas nos custos do DDG (-5,33%), do Caroço de Algodão (-4,68%) e do WDG (-2,62%). O aumento na produção de etanol de milho nesta região resultou em maior oferta de DDG e WDG, ajudando a reduzir os custos de alimentação no confinamento.

Sudeste

No Sudeste, o ICAP refletiu a queda nos custos das dietas de crescimento (-6,23%) e terminação (-15,40%), além da queda no consumo pelos animais (-1,70%) em relação a janeiro de 2025. O custo por tonelada de matéria seca da dieta de terminação foi de R$ 1.164,89. Entre os principais insumos utilizados nas dietas de terminação, destacaram-se as quedas nos custos da Silagem de milho (-10,47%), do Bagaço de Cana (-5,64%), do Caroço de Algodão (-3,62%) e da Silagem de milho grão úmido (-1,44%). Para esta região, a colheita antecipada da cultura de milho na forma de silagens está aliviando os custos antes da colheita tradicional dos grãos secos. Além da queda no custo dos insumos, foi percebido um aumento no número de confinadores que utilizam os insumos Silagem de milho grão úmido e Silagem de milho planta inteira.

Porteira pra Fora x Porteira pra Dentro

Ao comparar os índices de fevereiro de 2025 o mesmo mês do ano anterior, o custo nutricional da engorda caiu 7,35% no Centro-Oeste e teve um aumento de 1,04% no Sudeste. O cenário atual em relação ao ano de 2024 reflete um conjunto de fatores que contribuem para a redução dos custos no confinamento bovino, principalmente no Centro-Oeste. A queda nos preços de insumos estratégicos, aliada a ajustes nas exportações e antecipação da colheita em algumas regiões, podem estar gerando um momento de maior disponibilidade de matéria-prima para os confinadores.

A promessa de safra recorde no Brasil (2024/2025) também traz otimismo para o mercado. No entanto, a influência das condições climáticas sobre a produtividade e a logística de escoamento é risco que deve ser monitorado de perto nos próximos meses.

Apesar da leve queda na cotação do boi gordo no último mês, a valorização da arroba do boi no final do ano de 2024 tem favorecido as margens dos pecuaristas, após dois anos de grandes desafios. No entanto, os confinadores devem manter atenção aos indicadores de gestão e, especialmente, na compra e renovação dos estoques de insumos. Apesar dos efeitos mercadológicos, a lucratividade continua sendo garantida “da porteira para dentro”. Com base no ICAP do último mês, é possível estimar o custo da arroba produzida e prever a lucratividade do pecuarista.

A estimativa desse custo toma como base os valores médios observados nos clientes da Ponta Agro de cada região no ano de 2023: dias de cocho, total de arrobas produzidas e o percentual do custo de nutrição frente ao custo total. Os custos estimados são de R$ 201,78 e R$ 200,48 por arroba produzida para Centro-Oeste e Sudeste, respectivamente. Trata-se de um patamar de custos que permite um lucro superior a R$ 840,00 por cabeça* na região Sudeste e superior a R$ 770,00 por cabeça para a região Centro-Oeste, considerando apenas o preço de venda balcão.

Para ampliar as margens, além de melhorar a eficiência produtiva, o pecuarista deve buscar bonificações junto aos frigoríficos. Atualmente, o diferencial de preço do Boi China em relação à cotação balcão varia entre R$ 5,00 e R$ 7,50, dependendo da região produtora.

*Estimativa de lucratividade realizada com cotação de arroba balcão, sem a adição de bonificações por rastreabilidade, padrão de qualidade e protocolos de mercado.

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