Curral de manejo na pecuária: como deve ser o modelo ideal

O investimento na instalação de um curral de manejo adequado ganha cada vez mais relevância dentro de uma propriedade de bovinos de corte. Veja o modelo ideal!

Isso porque o manejo dos animais é um grande gargalo da rotina de trabalho. Portanto, uma boa instalação é imprescindível para tarefas onde é preciso ter maior controle sobre os animais. O problema é que a passagem por um curral pode ser motivo de extremo estresse, podendo provocar acidentes tanto às reses quanto aos vaqueiros, além de perdas significativas de desempenho zootécnico.

Mas muito dessas más intercorrências são provenientes da desorganização do manejo no curral  e podem ser minimizadas com instalações projetadas com base no comportamento bovino.

Boas práticas de manejo e de bem-estar animal norteiam a formação de profissionais que trabalham diretamente com o gado e na própria concepção dos vários modelos de currais de manejo oferecidos no mercado. Assim, a fronteira atual é outra: reduzir prejuízo.

Para se ter uma ideia, contusões e abscessos podem incorrer na retirada de até um quilo de carcaça no local afetado. Aos frigoríficos significa um rombo de R$ 20 milhões e ao pecuarista, a penalização do lote com animais com múltiplas lesões.

Curral de manejo é um investimento certeiro

Especialistas e acadêmicos do setor entendem que uma boa estrutura de manejo deve atender às necessidades do pecuarista no que diz respeito à funcionalidade, economicidade, durabilidade e sustentabilidade; tudo dentro de um planejamento pré-estabelecido com cronogramas de médio e longo prazos.

Em outras palavras, um bom projeto deve caber no seu bolso e proporcionar boas condições de trabalho para os vaqueiros, com redução de riscos de acidente para eles e também para os animais.

Então ele deve promover bem-estar geral e ser ambientalmente correto. Materiais utilizados na sua construção, tais como alvenaria, madeira, cordoalhas de metal e estruturas tubulares, variam conforme cada projeto. Já o modelo precisa de algumas compatibilidades específicas as quais veremos a seguir.

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Fonte: Rubens Ferreira / Foto de Boi

O curral de manejo que seu negócio precisa

O curral deve ser dimensionado de acordo com o número de animais que será reunido, atendendo às expectativas do projeto e seu planejamento, como a possibilidade de expansão do rebanho.

Se a lida será de 500 cabeças com planos de aumentar para 1 mil, o dimensionamento é um. Se a expectativa é chegar a 2 mil, ela será outra. Essa decisão também impacta diretamente a escolha do tronco de contenção.

Cada tronco é projetado para atender um número específico de animais. Os modelos mais modernos, onde podemos destacar os eletrohidráulicos, dependendo do que a empresa oferece, atendem 120 animais por hora.

A regra considerada a todos currais e equipamentos é que promovam o bem-estar animal e garantam a segurança dos vaqueiros. O curral deve estar localizado em uma posição central da propriedade, em terreno firme, seco, plano e bem apontado em relação à sede da propriedade e às invernadas.

A Embrapa Gado de Corte, de Campo Grande (MS), recomenda revestir o terreno do local com uma camada de cascalho compactada e nunca esqueça: um piso adequado considera o tempo de permanência dos animais e a preservação dos cascos.

O modelo desejado deve possuir uma planta baixa e detalhada para facilitar a demarcação e a construção do curral. Recomenda-se dar preferência para a forma circular ou elíptica, pois estão mais em conformidade com o temperamento dos bovinos.

Também deve estar posicionado com orientação Leste/Oeste, em seu maior eixo, pelo mesmo motivo. A construção básica de um curral de manejo contém, no mínimo, os seguintes componentes:

Curral de espera (mangueira); seringa; brete, tronco de contenção; balança, preferencialmente eletrônica; galpão de cobertura; apartadouro; porteiras e embarcadouro.

É recomendável a instalação de um brete carrapaticida, especialmente para manejo de animais com “sangue europeu”. Curral, brete e tronco têm de ser bem arejados e com boa drenagem de dejetos e higienização, assim como piso antiderrapante na área interna.

É importante ser funcional, resistente e oferecer segurança ao homem e aos animais. Portanto, garanta que, após a construção, lascas, pontas de parafusos e demais ferragens não fiquem salientes.

Escolha as cores corretamente para não desorientar os animais e o embarcadouro construído busca facilitar a entrada e saída dos bovinos, considerando, inclusive, dias chuvosos.

Edemas e lesões mais graves nas carcaças por manejo e instalação inapropriadas geram grandes prejuízos, conforme informado no início deste post. Manter o curral sempre limpo é uma obrigação básica de qualquer pecuarista.

Gado sendo manejado no curral
Foto: Juliano FG. Fazenda Figueira – Bandeirantes, MS

Componentes de um curral de manejo

Independente do tamanho ou formato, sempre se considera 1,9 m² por animal, uma vez que a propriedade trabalhe com várias categorias. Mesmo que se privilegie agilidade do manejo, fatores antiestresse ou tradição, não podem faltar:

Curraletes

São locais onde os animais permanecem em espera. Comunicam-se entre si e possuem um corredor de circulação (ou diretamente com a seringa) e um apartadouro.

Corredor de circulação

Facilita o encaminhamento dos animais ao pasto ou curraletes para a seringa e também de um curralete a outro.

Seringa

Encaminha os animais ao tronco de contenção ou ao embarcadouro. É recomendável que área tenha formato de trapézio retângulo (um lado com âgulo reto – 90º), semicircular ou ¾ de círculo.

A forma de retângulo ou trapézio com ambos os lados angulados, dificultam o manejo, pois os animais podem se comprimir para entrar no tronco, causando lesões e acidentes.

A seringa em curva, com porteira e cerca de réguas justapostas (sem espaçamento), é a mais efetiva, pois leva os animais a enxergar o tronco como única rota de fuga.

A porteira da seringa não pode ser utilizada para empurrar. Se um animal se virar, ele precisa de espaço para retornar à posição de entrada. Logo, ele precisa, no mínimo, de ¾ de área de seringa.

Embarcadouro

Geralmente em rampa e com saliências no chão – para impedir escorregões – são utilizados para embarcar os animais em veículos ou mesmo desembarcá-los.

Dê preferência a modelos com cercas sem espaçamento entre as réguas, de modo a impedir a visualização da área externa pelos animais e prefira modelos que possuam uma passarela lateral. Ela facilita a atuação do manejador.

A localização pode ser diretamente na área de serviço ou na entrada do tronco, conforme a disposição do curral.

Tronco coletivo (opcional)

Pode ser em curva ou reto, destina-se a encaminhar os animais ao tronco de contenção individual ou balança. É utilizado para serviços como vacinação ou vermifugação injetável.

Recomenda-se a construção de uma passarela do lado de dentro da área de serviço, desde o início da seringa até o tronco coletivo, de forma que o vaqueiro possa ver a movimentação e ter acesso ao gado.

O ideal é trabalhar com no máximo dez animais. Troncos coletivos em curvas com paredes sólidas facilitam e agilizam o trabalho.

A curva faz os bovinos imaginarem que estão retornando de onde vieram, estimulando seu avanço contínuo, e impede que vejam o tronco de contenção. Quando se trata de categorias de animais mais jovens, uma estrutura menor também é bem-vinda.

Tronco de contenção individual

Com braços de imobilização e portões de acesso ao animal, ele fica localizado logo após o tronco coletivo. Permite tratamento individual como castração, diagnósticos de gestação, IATF, marcação a fogo e identificação convencional ou eletrônica.

Existem modelos que são os de “balança-tronco” (integrando balança eletrônica e tronco), que são os melhores para realizar pesagens, agilizar o manejo, reduzir a área de serviço e dar mais espaço a outros setores do curral, quando bem planejado.

Indicador de pesagem (balança eletrônica)

Destina-se à pesagem em grupo ou individual do rebanho. Sua localização varia conforme o modelo de curral.

A pesagem individual e eletrônica é sempre mais adequada, principalmente em modelos de exploração onde é preciso acompanhar com frequência o desenvolvimento ponderal dos animais.

Apartadouro

Direciona os animais para diversos curraletes depois da passagem pela área de serviço.

Porteiras

De ferro ou de madeira, com 1,8m de altura, é desejável que abram para os dois lados, assim adequam-se a qualquer modelo de curral. Precisam ser resistentes, com feches e dobradiças reforçadas.

Área de serviço

É formada pela combinação de diferentes componentes. Precisa permitir um bom fluxo do gado e fácil acesso dos colaboradores. Sua disposição leva em conta direção de entrada e saídas dos animais; tamanho e tipo da seringa, tronco coletivo, tronco de contenção, balança e localização do embarcadouro.

É fundamental que seja coberta, para ser utilizada em qualquer condição de clima. Um curral bem planejado é fundamental para a maximização de resultados dentro da fazenda.

Foto: VFLBrasil

Tronco de Inseminação Artificial

Utilizado para IATF (inseminação artificial em tempo fixo), diagnóstico de gestação e avaliação de carcaça. Objetiva conter as fêmeas individualmente. Fechado na frente, por cima e nas laterais, facilita o serviço e reduz consideravelmente o estresse da matriz.

Aliás, estresse e excitação em demasia são os principais vilões da taxa de prenhez. O tronco pode ser um (em linha) ou para mais animais (paralelos), em geral com uma saída, quando da existência de tronco coletivo.

Conclusão

Não existe uma planta de curral de manejo única que sirva para toda e qualquer propriedade, mas com esse post, agora você já sabe o que não pode faltar. Mãos à obra!

Adaptado de Troncos e Balanças Açores

Compre Rural com informações da Açores

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