CUIDADO: MST ameaça invadir fazendas com apoio de Lula

Grupo ameaça invadir propriedades privadas com o apoio de Lula; MST fala pela primeira vez em “ocupar latifúndios”; Numa carta ao povo brasileiro, o documento critica o agronegócio e o uso do agrotóxico nas plantações.

No seu primeiro encontro desde a posse de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência da República, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) definiu suas diretrizes para 2023. Segundo informações, o MST anunciou que vai retomar a invasão de propriedades em 2023. A ameaça foi revelada num texto batizado de “Carta de Luziânia”, em referência à cidade de Goiás. Confira as informações!

O encontro realizado pelo MST, chegou a reunir cerca de 400 integrantes do movimento, que completou 39 anos de existência. Os invasores atacaram o agronegócio — “que concentra terras, destrói a natureza, promove o desmatamento e nos envenena com agrotóxicos”.

O MST anunciou que vai retomar a invasão de propriedades em 2023.  Segundo afirmaram os líderes, a ideia é montar grupos para tomar terras pelo país, como ocorreu no começo do primeiro governo Lula, em 2003, sem punições. A informação é do site Metrópoles.

O MST diz que contribuiu para a vitória de Lula, “arrancada” nas ruas e nas urnas e que sua eleição derrotou o avanço da extrema direita, a tutela militar e o projeto fascista. Durante a campanha eleitoral, o principal líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), João Pedro Stedile prevê o retorno de “mobilizações de massa” caso o ex-presidente Lula ganhasse as eleições de outubro.

Num texto ao povo brasileiro, publicado recentemente, o movimento critica o agronegócio, que precisa ser enfrentado, e que “concentra terras, destrói a natureza, promove o desmatamento e nos envenena com agrotóxicos”. E diz ainda que esse modelo não paga impostos e produz apenas ‘commodities’ e não alimenta o povo.

O texto tem 57 linhas e, no seu final, o MST volta a defender a ocupação de terras como uma saída para a reforma agrária. (CONFIRA A ÍNTEGRA DA CARTA COM OS DÍZERES DO MOVIMENTO). “Viva a luta por Reforma Agrária Popular! Viva o direito legítimo dos povos em ocupar os latifúndios e romper as cercas da destruição. Seguiremos pisando ligeiro, rumo aos 40 anos do MST” – diz

O MST anuncia na carta que irá acumular forças no próximo período, através da articulação entre as organizações populares do campo e da cidade, “entendendo que sem organização, formação e mobilização não haverá nenhuma mudança verdadeira no país”.

“No Brasil, a crise se aprofundou nos últimos anos, assumindo um caráter ainda mais violento, de feição fascista e orientação econômica ultraliberal. As consequências são trágicas e impactam de forma decisiva no conjunto da sociedade, ampliando as desigualdades, a partir da retirada de direitos sociais e da destruição ambiental”, diz trecho da carta.

MST
Reunião Coordenação do MST de 2023, em Luziânia (GO) – Matheus Alves

Confira a íntegra

Carta de Luziânia

Mensagem ao Povo Brasileiro

Arrancamos nas ruas e nas urnas uma importante vitória para o povo brasileiro ao elegermos Lula presidente. Derrotamos os golpistas de 2016, o avanço da extrema direita, a tutela militar e o projeto fascista, que hegemonizou o Estado brasileiro nos últimos anos. Vencemos uma importante batalha, mas sabemos que a luta continua.

Os desafios são grandes, pois vivemos uma grave crise do capitalismo, de dimensão econômica, política, social e ecológica, que coloca em risco toda a humanidade. Estamos diante de um cenário altamente destrutivo, derivado de um sistema de dominação e opressão múltipla: patriarcal, racista, capitalista e colonial, que concentra cada vez mais a riqueza e aprofunda a desigualdade social.

No Brasil, a crise se aprofundou nos últimos anos, assumindo um caráter ainda mais violento, de feição fascista e orientação econômica ultraliberal. As consequências são trágicas e impactam de forma decisiva no conjunto da sociedade, ampliando as desigualdades, a partir da retirada de direitos sociais e da destruição ambiental.

As forças populares, que deram a vitória a Lula – mulheres, negros, juventude, sujeitos LGBTI+, povos originários, trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade – defendem um projeto popular de país, que enfrente a exploração, a opressão, a exclusão, a fome, a negação de direitos, a concentração de terra, a destruição ambiental e o envenenamento da natureza, dos alimentos, das águas e das pessoas.

Superar essas violências no conjunto da classe trabalhadora será o ponto de partida para construção de um Brasil do tamanho dos nossos sonhos, como afirmou o presidente Lula em seu discurso de posse. Precisamos derrotar as práticas do discurso de ódio, das fake news, o fundamentalismo, a intolerância religiosa e a manipulação das mentes.

Diante destes desafios, Coordenação Nacional do MST, reunida em Luziânia – GO, com seus mais de 450 delegados e delegadas, de todos os estados do Brasil, reafirma seus compromissos:

  • Impulsionar a participação popular na condução dos rumos do país, através da mobilização permanente e da continuidade da luta contra o fascismo no Brasil e no mundo;
  • Defender a Reforma Agrária Popular como indispensável para a produção de alimentos saudáveis e superação da fome;
  • Enfrentar o modelo do agronegócio, que concentra terras, destrói a natureza, promove o desmatamento e nos envenena com agrotóxicos. Esse modelo não paga impostos, produz apenas commodities e não alimenta o povo;
  • Combater a crise climática, garantindo os direitos dos povos e da natureza, com medidas reais contra o desmatamento, a degradação e o aumento das emissões. Não à economia verde e suas falsas promessas!
  • Denunciar e se mobilizar permanentemente contra todas as formas de violência, discriminação, racismo, misoginia, LGBTIfobia e intolerância religiosa, fomentadas pelo agrogolpismo e o bolsonarismo fascista;
  • Acumular forças no próximo período, através da articulação entre as organizações populares do campo e da cidade, exercitando a solidariedade de classe e a unidade na luta, entendendo que sem organização, formação e mobilização popular não haverá nenhuma mudança verdadeira no país;
  • Nos comprometemos a cultivar a solidariedade e a construir a necessária organização de nosso povo;
  • Seguiremos no nosso Plano Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis;
  • Priorizaremos a luta pela educação do povo, nas campanhas de alfabetização e nos processos de formação política e de batalhas das ideias;
  • Defendemos a soberania de todos os povos e condenamos os bloqueios econômicos, as bases militares, as guerras e as agressões imperialistas em todo mundo, que apenas garantem mercado para a indústria armamentista e provoca mortes;
  • Nos juntaremos a todos que defendem os povos originários e exigimos a demarcação das terras quilombolas e indígenas, para que a tragédia que o povo Yanomami enfrenta, não se repita;
  • A luta é nossa força! A organização é nosso chão e a sociedade justa, solidária e socialista é nosso caminho;
  • Viva a luta por Reforma Agrária Popular! Viva o direito legítimo dos povos em ocupar os latifúndios e romper as cercas da destruição. Seguiremos pisando ligeiro, rumo aos 40 anos do MST!

Lutar, Construir Reforma Agrária Popular!

23 a 27 de janeiro de 2023

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