Cruzamento Senangus traz o melhor de duas raças

O cruzamento desenvolvido através do Senepol e Red Angus produz animais produtivos e com alta rusticidade para aguentar os trópicos; conheça o Senangus

Este cruzamento, definida como raça composta, foi iniciada nos Estados Unidos, inclusive usado por um dos berços de Senepol naquele país, a Sacramento Farms Senepol. É uma raça que alia tolerância ao calor e produção, é o Senangus, produto obtido pelo cruzamento do Senepol (trazendo rusticidade) e Red Angus (produtividade), mantendo as características de conformação britânica para uso na vaca Nelore no Brasil tropical. Normalmente produz animais de pêlo zero, com produção extremamente uniforme e tem alto potencial de ganho de peso.

A raça composta Senangus foi formada com o propósito de aliar adaptabilidade e produtividade em um só animal. Raça bastante utilizada em cruzamentos no Texas, proporcionando alto potencial em ganho de peso, tamanho moderado, caracter mocho e tolerância ao calor. Os indivíduos tem ótima conformação e funcionalidade, extraordinária convexidade e cobertura muscular.

Tanto o Angus como o Senepol são homozigóticos quanto à ausência de chifres, portanto assim serão os produtos do cruzamento. Por um lado, essa característica facilita o manejo das crias e, por outro, representa menores custos de produção e maior possibilidade de convivência intensa desses animais.

Tourinhos Senangus / Foto: Ivo Reich (MS)

Pode-se afirmar que esse cruzamento permite a geração bem-sucedida de animais 100% bos taurus, bem como de excelentes produtos finais, nos trópicos. Graças à tolerância ao calor do Senepol, o produto do cruzamento de um Angus é um animal capaz de sobreviver às condições da região e manifestar suas qualidades de bos taurus. Sem o cruzamento, o Angus puro não conseguiria adaptar-se ao trópicos, em razão das limitações das raças bovinas britânicas. Vejamos por quê.

A grande vantagem do senangus é a sua capacidade de manter o equilíbrio entre produtividade e adaptação aos trópicos. Isso significa que não são necessários grandes investimentos em termos de ambiente para que ele manifeste seu potencial de produção. Em um cruzamento, o Senepol substitui em parte o zebu, garantindo vigor híbrido e excelente adaptação da população ao trópico baixo, o que, em termos econômicos, é fundamental para a produção no Brasil.

Conseqüentemente, a sua adaptação ao calor, e principalmente à umidade, ocorre sem dificuldades, bem como não há qualquer problema em relação ao ganho de peso, como já se observa nos cruzamentos com bos taurus continentais em regiões tropicais.

Como ambas as raças que compõem o Senangus possuem porte médio, suas necessidades nutricionais não só são menores, como também, pelo fato de se sentirem satisfeitos mais facilmente, suportam melhor as condições dos períodos de baixa oferta forrageira, comuns em nosso país durante a seca.

Os animais destinados ao abate chegam à fase de terminação com menos peso, dada a sua altura, o que torna sua exploração comercial mais eficiente, pois a cota de animais por área é maior. Considerando que o tempo necessário para a finalização do processo é menor, a produção anual é otimizada em função da maior rotatividade do capital investido.

ALTA FERTILIDADE

A raça Senepol foi selecionada por sua boa fertilidade, qualidade essa confirmada por uma das suas raças componentes, a red poll, que junto com a angus formam um grupo de vacas que apresentam menos exigências alimentares para prenhar e por essa mesma razão são simples de manter, em comparação com outras raças bovinas, especialmente as continentais, inclusive as zebuínas, que colocam em risco a produção e a reprodução por problemas de adaptabilidade. Observa-se que esse cruzamento é muito mais precoce sexualmente que o das vacas zebu e que os animais desmamados são mais pesados.

É possível afirmar também que as mães Senepol são muito mais eficientes, pois o peso dos animais que desmamam em 205 dias corresponde, em média, a 46% do peso da mãe adulta.

DOCILIDADE

A docilidade dos bovinos é fundamental para melhorar sua conversão e facilitar seu manejo, seja para duplo propósito, seja para atender à necessidade de produção de carne extensiva ou intensiva, já que a docilidade implica menos recursos físicos e humanos para o manejo dos animais. Além disso, o melhor temperamento dos animais minimiza as perdas no transporte. Ambas as raças são semelhantes quanto a este atributo, o que nos leva a deduzir que o seu cruzamento é garantia de facilidade no manejo dos animais.

Atenção aos ectoparasitas

Evidentemente há questões que requerem a atenção especial do produtor de senangus. O fato de ser um genótipo totalmente bos taurus o torna mais exigente que o zebu tradicional. Isso significa que é necessário intensificar as práticas de manejo, como um maior controle do carrapato, o estabelecimento de procedimentos internos de desparasitação rotineira, especialmente até os 18 meses de vida, e pastos de boa qualidade que garantam o seu potencial genético.

Em todo cruzamento, a complementaridade é uma característica chave. No caso específico dos animais aqui tratados, essa característica se observa em vários aspectos: são animais de portes semelhantes, portanto o resultado não é absolutamente distinto das matrizes, enfatiza-se a habilidade materna com a genética bos taurus, e a seleção de uma das raças componentes, cujo comprimento da pelagem é diferente, é melhorada com o cruzamento, dada a dominância do gene curto.

Oferta de genética

O material genético da raça, fruto de cruzamento, já foi ofertado pelas centrais de inseminação que trabalham no mercado brasileiro, mas não houve demanda. “Teoricamente, um animal Senangus pode transmitir aos seus filhos a qualidade da carne de angus e a adaptação do Senepol ao clima quente”, diz Cristiano Leal, da ST Repro. “Além disso, pode garantir um touro de genética europeia que trabalhe a campo no Centro-Oeste”.

touro senangus
Foto: Divulgação

Cruzamentos F1 (Angus x Nelore) e com touro Senepol

touro senepol em f1 angus x nelore
Foto: Grupo Paraíso
touro senepol em f1 angus x nelore
Foto: Grupo Paraíso
touro senepol em f1 angus x nelore
Foto: Grupo Paraíso

Inclusive o cruzamento tem criadores famosos, Almir Sater, planeja investir em um projeto de melhoramento genético para formar um rebanho de gado Senangus. “Quero ter um rebanho desse tipo de animal porque acredito que eles vão se adaptar bem ao Pantanal”, diz. Sater começou a se interessar pelo Senangus há cerca de sete anos, a partir de conversas com produtores da região. Pela internet, iniciou sua busca por criatórios, descobrindo alguns na Flórida, nos Estados Unidos. “Vi também que há criadores de Senangus na Austrália e na Argentina. Isso me fez interessar mais pelo gado”, diz Sater.

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A característica do topo de ambas as raças é reforçado, e a rapidez de crescimento de uma é complementada pela facilidade de adaptação aos trópicos da outra. O resultado final proporciona uma boa rentabilidade e apresenta características de qualidade extremamente apreciadas: produto jovem, muito tenro e boa marmorização. Tudo isso é possível quando também se atende a uma das exigências dos animais compostos – a otimização das práticas de manejo.

Outra raça composta: Sobre a raça Hotlander

Foto: R.A. BROWN

Com o intuito de manter heterose e qualidade de carne em cruzamentos diversos, formou-se a raça Hotlander, a qual possui em sua primeira geração raças adaptadas e de alto potencial metabólico para produção de carne. O composto Hotlander é formado pelo cruzamento entre Senangus ( ½ Senepol ½ Angus) e Simbrah (1/2 Simental ½ Brahman/Nelore).

O composto Hotlander foi desenvolvido no final dos anos 80, com a ajuda dos especialistas Dr. Keith Gregory do U.S. Meat Anima lResearch Center e o professor em melhoramento genético bovino Dr. Ronnie Green. Eles avaliaram todas as condições entre climas quentes e difíceis, e o gado Hotlander é produtivo como qualquer outro rebanho em ambientes adversos. Eles estão sendo usados ​​em toda a metade sul dos EUA, da Flórida à Califórnia, além do México, América do Sul e Austrália.

Material adaptado e contou com ajuda da Revista AG

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