Cruzamento industrial segue crescendo no país, única unanimidade mesmo é o uso da vaca Nelore como matriz para gerar o bezerro desejado no mercado interno e externo
Por Marcio Peruchi* – A pecuária brasileira deu grandes saltos de produtividade nos últimos 20 anos, muito em virtude do maior investimento do pecuarista em nutrição, sanidade, manejo e genética. O Brasil deve ser o campeão mundial de número de raças bovinas com atividade comercial no mundo, seu tamanho continental lhe garante que todas as raças se desenvolvam e todos saiam satisfeitos de alguma forma. Uma prática que tem crescido nas últimas décadas é o cruzamento industrial, técnica que garante a tão desejada heterose entre animais Zebus (indianos) e Taurinos (europeus) produzindo animais adaptados, com alto desempenho de ganho de peso, rendimento de carcaça e carne de melhor qualidade.
Importante ressaltar que esse crescimento exponencial só foi atingido através da difusão em massa da Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF). Aqui agradecemos em especial ao técnicos, médicos veterinários e zootecnistas que convenceram o pecuarista na adoção da tecnologia. Os números são tão impressionantes e constatados pela comercialização de sêmen pelas centrais de inseminação, dados da ASBIA mostram que o mercado cresce 2 dígitos por ano, em 2021 o mercado cresceu 25%, batendo recorde de mais de 26 milhões de procedimentos de IATF em todo o Brasil.
Nelore: Pedra Angular
No Cristianismo, a Pedra Angular é simbolicamente representada por Jesus Cristo, o filho de Deus. Portanto, uma pedra angular na construção de um edifício é a base sólida que ele necessita para conseguir chegar à altura programada, sem cair. Usando essa analogia, para você obter sucesso na pecuária de corte brasileira, de modo geral, necessariamente você precisa passar pelo Nelore. Não é atoa que mais de 80% do nosso rebanho é composto por animais da raça Nelore. Durante as lives que a Compre Rural produziu nos últimos anos, é possível ver uma tendência dos criadores de raças taurinas, sintéticas e compostas produzirem touros para cobrir a campo, seu público alvo é o pecuarista que faz cria e tem como base de rebanho, vacas Nelore.
“A vaca Nelore é basal, o alicerce do “negócio” pecuária de corte. Base forte e sólida leva o negócio em frente, base frágil fica mais difícil resistir às intempéries. Quem tem uma vacada raçuda, homogênea, produtiva, tem muito mais possibilidade de obter êxito no atividade. É base para produzir o boi Nelore, produzir também o boi mestiço ou de cruzamento industrial, potencializando a produção em quantidade e qualidade. É base também pra produzir a vaca Nelore de qualidade, sem elas não teríamos o que temos, não seriamos o que somos.” – João Bonifácio Gonçalves, consultor pecuário.
Nesse contexto, a vaca Nelore consolidou-se como a grande “forma” da pecuária brasileira. Por isso é muito importante não descuidar-se da reposição, caso contrário em cinco anos não há mais vaca para parir, muito menos progenitoras capazes de imprimir características econômicas relevantes. Priorize seleções com boa consistência genética e que sejam potencialmente produtivas no ambiente de produção desejado. A vaca também precisa ser fértil, capaz de reduzir a idade entre os partos na propriedade – se possível deixando uma cria ao ano – e ser boa mãe, prevenindo problemas de parto e rendendo ótimas desmamas.
Onde queremos chegar com esse papo?
Simples, na hora de inseminar a vacada não fique somente preocupado em encontrar e utilizar os melhores touros das raças para fazer o cruzamento. Procure também reprodutores Nelore (seja touros para cobrir a campo ou sêmen para inseminação) que possam produzir uma reposição de qualidade. Atente-se às características essenciais para que essa fêmea Nelore seja uma boa mãe e produza um bezerro por ano, tornando a atividade pecuária da sua propriedade o mais longeva possível.
Esse mercado é gigante e crescente, temos praticamente 60 milhões de fêmeas em idade reprodutiva, maior parte delas são vacas Nelore, esperando seu par perfeito, seja ele zebu ou taurino, polivalente que é, faz seu trabalho bem feito sem distinguir raça ou cor.