O cruzamento industrial está em alta no Brasil, mesmo a tecnologia de inseminação artificial em tempo fixo estar em alta, há pecuaristas que preferem o uso de touros para a monta natural; qual raça utilizar
O cruzamento industrial está em alta no Brasil, muitas raças estão sendo usadas para cruzar com 80% do rebanho total brasileiro que é Nelore. A maioria dos cruzamentos – acasalamento entre animais de raças ou linhagens diferentes – são com animais de sangue taurino em busca da tão afamada heterose, genética de raças como: Angus, Brangus, Braford, Santa Gertrudis, Canchim, Bonsmara, Montana entre outras estão sendo usadas em larga escala de norte a sul do país.
A técnica garante a tão desejada heterose entre animais zebus (indianos) e taurinos (europeus) produzindo animais adaptados, com alto desempenho de ganho de peso, rendimento de carcaça e carne de melhor qualidade. A heterose, também chamada de vigor híbrido, é o fenômeno pelo qual os filhos provenientes de cruzamentos apresentam melhor desempenho (mais vigor ou maior produção) do que a média de seus pais.
Muitos pecuaristas ainda não aderiram a tecnologias como a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), por isso ainda preferem usar na estação de monta o touro reprodutor. Para quem produz bezerros através da inseminação, o Angus é disparada a raça mais usada. Entretanto para quem busca um touro para cobrir a vacada, talvez não seja o mais indicado, haja visto ao calor intenso das regiões Sudeste, Centro Oeste, Norte e Nordeste.
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É preciso destacar que os animais da raça Angus fazem monta natural com tranquilidade em regiões como o sul do país, que tem temperaturas moderadas. Em outras regiões com altas temperatura e umidade esses animais podem apresentar baixa produtividade e eficiência.
Nós selecionamos algumas raças sintéticas, que tem na sua composição, sangue zebuíno de origem indiana. Sabendo que touros puros de origem europeia podem não suportar o calor brasileiro, principalmente no Centro Oeste. Importante salientar que as raças foram selecionadas imaginando que as fêmeas que serão cobertas pelos touros serão de origem zebuína os azebuadas.
Confira nossa lista:
Touro Canchim
A raça Canchim, criada há 68 anos pela Embrapa/São Carlos, composta 3/8 zebu e 5/8 Charolês, para melhorar a pecuária de corte Brasil a fora. Canchim, aguenta o calor como o Nelore, vai onde a vaca vai, ideal para o cruzamento industrial e monta a campo, levando a rusticidade do Nelore e precocidade do Charolês.
Canchim tem alto libido, bruto na monta, bezerro nasce pequeno (bom até para novilhas), bezerros cruzado Canchim é precoce e ganhador de peso, com 10 a 15% mais peso à desmama quando comparado com seu congênere Nelore, e como ganhador de peso atinge ponte de abate 6 a 8 meses antes que seu congênere Nelore. Canchim é bom para o cruzamento industrial, ideal para repasse, e especial para aproveitamento de novilhas F1 para produzir bezerro superprecoce.
Touro Brangus
A raça Brangus é o resultado de um experimento entre o cruzamento do Angus e do Brahman realizado por norte-americanos. O nome Brangus veio portanto da junção destas duas raças. Aqui no Brasil o cruzamento mais comum é com o zebuíno Nelore, mas nos EUA o cruzamento iniciou com o zebuíno Brahman, e por conta do “BR” do Brahman foi dado o nome de Brangus.
Há diferentes graus sangues na formação da raça sintética Brangus, porém sempre se busca o produto final Brangus 38 (três partes de oito partes, portanto em percentuais temos 37,5% Zebu e 62,5% Angus).
Touro Santa Gertrudis
A raça Santa Gertrudis surgiu a partir de um desafio: produzir um gado de corte rústico, perfeitamente adaptado às duras condições climáticas do sul dos Estados Unidos. Assim, os proprietários das Fazendas King Ranch iniciaram, em 1910, os primeiros cruzamentos entre seus melhores rebanhos de origem zebuína e européia. O cruzamento entre o Shorthorn e o Brahman foi escolhido para aproveitar as melhores qualidades de ambos os tipos.
O objetivo era criar uma raça que fosse resistente ao calor e parasitas (graças à herança do Brahman) e ao mesmo tempo produzisse carne de qualidade (graças ao Shorthorn).
O Santa Gertrudis é considerado a primeira raça sintética formada no hemisfério Ocidental, com base no cruzamento Zebu x Europeu, sendo utilizado o cruzamento de 3/8 Brahman e 5/8 Shorthorn. A raça foi oficialmente reconhecida e registrada em 1940, e desde então tem se espalhado para outras regiões dos Estados Unidos e também para vários outros países, incluindo o Brasil e outros países da América Latina.
Algumas características dessa raça é sua excelente adaptação a condições adversas, como clima quente e seco, sua constituição física geralmente é grande e robusta, com pelagem vermelha e pele resistente, sendo valorizada pela produção de carne de alta qualidade, com boa quantidade de músculos e marmoreio, eles também possuem uma boa capacidade de reprodução e resistência a doenças, além disso são conhecidos por seu temperamento dócil e de fácil manejo.
Touro Composto Montana
O Montana é um animal composto, desenvolvido e selecionado no Brasil para incremento da pecuária nacional. A iniciativa surgiu em 1994 em resposta à necessidade de produção de animais ganhadores de peso, com carne de qualidade, fertilidade e precocidade sexual em ambiente tropical.
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Um grupo de pecuaristas brasileiros se uniu a geneticistas e pesquisadores brasileiros e estrangeiros para formatar as bases de um projeto que se utilizasse das três principais ferramentas do melhoramento genético bovino, a heterose, a complementaridade entre raças e a genética aditiva para produzir um rebanho produtivo e bem adaptado aos desafios do clima tropical. Nascia o Programa Montana.
Desde o início, todos os cruzamentos foram cientificamente delineados, monitorados e geneticamente avaliados. Já desde a primeira safra produzida, todos os animais foram controlados e seus valores genéticos, através do calculo das DEPs (Diferenças Esperadas na Progênie), conhecidos.
Touro Bonsmara
A raça Bonsmara é originária da África do Sul, criada na África em 1937, tem a adaptabilidade ao clima tropical brasileiro como uma característica básica. Isso porquê o governo sul-africano reconheceu que as raças de corte trazidas – à época – da Europa não suportavam o tropical/subtropical daquele país. Além disso, a principal raça nativa, Afrikaner, que eles dispunham, apesar de resistente ao calor e boa carne, tinha baixa produtividade.
Na época um jovem zootecnista, Jan Bonsma, tinha o desafio de criar uma raça de gado de corte que fosse resistente às condições próprias do clima tropical e, ao mesmo tempo, com alta produtividade. Esse desafio deu início a uma série de cruzamentos do Afrikaner com várias raças européias locais.
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Ao longo de vários anos de pesquisas e cruzamentos com várias raças resultou em um animal 5/8 Afrikaner (Sanga) e 3/16 Hereford e 3/16 Shorthorn (Taurinos Britânicos), o qual tinha excelente “eficiência funcional”. É a única raça de gado de corte produzida pela ciência, cuja base é: Fertilidade, musculatura, adaptação, docilidade e excelente qualidade de carne.
Touro Braford
A raça Braford no Brasil é resultado de intenso trabalho de criadores, pesquisadores, técnicos e de diretores desta Associação. Em 1993, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a reconheceu como raça em formação. A cruza de Hereford com zebuíno adveio da necessidade de desenvolver um animal mais adaptado, capaz de produzir carne de qualidade em diversos climas.
No final da década de 60 nasceram os primeiros animais, fruto de cruzamento de Hereford com Tabapuã, na Fazenda Santa Clara, do criador Rubem Silveira Vasconcelos, localizada em Rosário do Sul (RS). Outros criatórios gaúchos também iniciaram os cruzamentos para a produção do futuro Braford.
Em Uruguaiana (RS), alguns criadores estavam realizando inseminação de vacas Hereford com Nelore. Ambas iniciativas culminaram com a nova raça que foi chamada de Pampiana, totalmente adaptada aos campos de basalto da fronteira oeste gaúcha, resistente ao forte calor e sol inclemente do verão.
No início da década de 80, a ABHB juntamente com a Embrapa Pecuária Sul, iniciou-se o trabalho de orientação aos criadores, com objetivo de unificar o processo de formação da raça. Neste contexto, passou a chamar-se Braford acompanhando o nome já utilizado em âmbito internacional.
O Braford moderno está presente em todas as regiões brasileiras, e é bastante utilizado no cruzamento industrial. A pelagem chamada “camiseta”: corpo vermelho, cara branca e pigmentação ocular, associado ao grau de sangue final (3/8 Zebu e 5/8 Hereford) é o denominado “padrão Mercosul”, o mais procurado pelos produtores. Entretanto, a grande variabilidade de biótipos conferida pelos diferentes graus de sangue pode ser explorada de acordo com cada ambiente.
Do zebuíno herdou a rusticidade e alta resistência aos ectoparasitas. Do Hereford, a habilidade materna, alta fertilidade, bom temperamento e a produção de carne de alta qualidade. As carcaças apresentam boa cobertura de gordura e marmoreio, que confere maciez a sua carne. Dependendo do tipo de alimentação, os novilhos podem ser abatidos entre 14 e 18 meses de idade, com peso entre 380 e 480 kg.
Qual touro sintético escolher para a monta natural?
Importante salientar que você deve procurar técnicos e profissionais que possam ajudar na escolha da raça ideal para fazer o cruzamento industrial via monta natural, dada as dimensões continentais do nosso país, cada raça pode se comportar de forma diferente, especialmente nas regiões mais quentes do país.
De forma resumida a pecuária brasileira deu grandes saltos de produtividade nos últimos 20 anos, muito em virtude do maior investimento do pecuarista em nutrição, sanidade, manejo e genética. O Brasil deve ser o campeão mundial de número de raças bovinas com atividade comercial no mundo, seu tamanho continental lhe garante que todas as raças se desenvolvam e todos saiam satisfeitos de alguma forma.
Todas as raças que se estabeleceram por aqui ganharam destaque em algum momento, entretanto somente as mais capacitadas vão continuar obtendo relevância no Brasil.
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