Cruzamento: Diferenças entre heterose e heterozigose

A demanda por carne de melhor qualidade proveniente de animais mais produtivos impulsionou o melhoramento genético e o uso de sistemas de cruzamentos mais eficientes.

A produção de carne bovina cresceu e se aperfeiçoou nos últimos anos. A demanda por carne de melhor qualidade proveniente de animais mais produtivos impulsionou o melhoramento genético e o uso de sistemas de cruzamentos mais eficientes. Desta forma, o acasalamento ou combinação de raças de diferentes tipos biológicos, também conhecido como cruzamento industrial, é uma prática muito utilizada em produções comerciais.

Este tema é um dos enfoques do curso “F1 Nelore/Angus: é viável investir em um animal geneticamente melhor?”, do EducaPoint, plataforma de ensino à distância especializada em agronegócios da AgriPoint.

“O cruzamento industrial permite: aproveitar os efeitos da heterose; utilizar as diferenças genéticas existentes entre raças puras; aproveitar os efeitos favoráveis da combinação de características nos animais cruzados; além de dar flexibilidade aos sistemas de produção, como no manejo e comercialização”, destacam os especialistas do EducaPoint.

É importante ter em mente que o tipo de estratégia de cruzamento a ser adotado vai depender, principalmente, dos “objetivos” do sistema de produção, além, é claro, do tipo de produto requerido pelo mercado.

Os cruzamentos podem ser de três tipos: Rotacionado (usando apenas duas raças, segurando as fêmeas para reprodução, acasalando-as com animais da raça da mãe ou do pai, chamado de retrocruzamento); Terminal (cruzamento entre duas raças, no qual todos os produtos são destinados ao abate); e Rotacionado-terminal (usando duas raças para produzir o F1, cruzando as fêmeas F1 com uma terceira raça, onde os produtos são destinados ao abate).

Existem também cruzamentos feitos para formação de uma nova raça, também conhecido como “boi composto”. Dessa forma, são utilizadas diferentes raças com as características desejáveis para determinado “nicho de mercado” (adaptabilidade, precocidade, peso adulto, resistência a parasitas, etc.).

De qualquer forma, um dos grandes benefícios de se utilizar o cruzamento industrial é, justamente, explorar a heterose. Mas o que é heterose? É a mesma coisa que heterozigose?

Heterose e heterozigose: entendendo as diferenças

O vigor híbrido ou heterose representa a superioridade média de um animal cruzado em relação à média dos desempenhos dos pais, independente da causa. A heterose terá mais benefícios sobre características com baixa herdabilidade, como as características reprodutivas e as de adaptabilidade. Isso quer dizer que as características do animal dependem muito mais do ambiente do que da própria genética.

A heterose também depende das diferenças genéticas entre as raças que estão sendo utilizadas. Assim, quanto maior a distância genética entre as raças, maiores serão os benefícios da heterose.

Já a heterozigose é a quantidade de genes vindos de raças diferentes. Assim, ao se cruzar animais da raça Nelore com animais da raça Angus, a heterozigose é de 100%, pois 100% dos genes estão vindo de raças puras diferentes. O mesmo se pode dizer ao cruzar animais da raça Nelore com animais da raça Tabapuã. Já a heterose desses dois cruzamentos é muito diferente.

Por exemplo, considerando o peso ao desmame, o Nelore tem um peso médio de 180 quilos e o Angus, 250 quilos. Fazendo uma média das duas raças, chega-se a 215 quilos de peso ao desmame. No entanto, os animais F1 desse cruzamento têm um peso ao desmame de 250 quilos, devido á heterose. Assim, fazendo a diferença entre o peso dos animais F1 em relação à média dos animais parentais, temos: 250 – 215 = 35 quilos. Ao dividir esse valor pela média dos pais, chega-se ao valor da heterose em porcentagem: 250 – 215 = 35/215 * 100 = 16% de heterose

Lembrando que, sendo a raça Nelore, zebuína e a Angus, uma raça britânica, seu cruzamento gerará uma prole geneticamente mais distante do que no caso do cruzamento de Nelore com Tabapuã, ambas raças zebuínas.

Assim, considerando o peso ao desmame de 180 quilos para o Nelore e de 210 quilos para os animais da raça Tabapuã, temos uma média de 195 quilos. Considerando que os animais F1 tenham um peso médio ao desmame de 220 quilos, temos: 220 – 195 = 25/195 * 100 = 12,8% de heterose.

Assim, mesmo nos dois casos havendo 100% de heterozigose, a diferença na heterose é determinada pela maior distância genética entre as raças parentais. Vale destacar que é a heterose que vai gerar ganhos aos criadores que fazem cruzamento industrial.

“Se você quer aprender ainda mais sobre cruzamento industrial, confira o conteúdo completo do curso on-line F1 Nelore/Angus: é viável investir em um animal geneticamente melhor?, do EducaPoint. No curso, o Dr. Andre Valente, Professor da Universidade de Goiás, mostra as vantagens do cruzamento entre as raças Nelore e Angus, considerando as características da progênie F1. O instrutor explica, ainda, porque esses animais apresentam maior ganho de peso, possibilitando o abate precoce; alta fertilidade e precocidade sexual; maior habilidade materna, além de outros ganhos em função da heterose.

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