Bela Gil vai integrar equipe do Ministério do Desenvolvimento Agrário; “Reforma agrária é combater o mal pela raiz”, diz Bela Gil em ato com Lula no MST
Nutricionista, chef de cozinha natural e vice-presidente do Instituto Brasil Orgânico (IBO), Bela Gil vai integrar a equipe do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA). O anúncio será feito na próxima segunda-feira (9) pelo ministro Paulo Teixeira (PT). O cargo ainda não foi informado.
*Atualização (07/01) às 17h: Bela Gil recusou o convite, em suas redes sociais declarou – “Infelizmente, por uma questão de incompatibilidade de agenda profissional e pessoal, informei ao ministro Teixeira que não seria possível assumir o cargo neste momento. No entanto, sigo colaborando de forma voluntária como consultora neste início de governo”.
Filha do cantor Gilberto Gil, a apresentadora e ativista integrou a equipe de transição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no grupo que relatou a área de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. A apresentadora de TV e chef de cozinha foi nomeada pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) e irá compor a mesma equipe da senadora e candidata a presidente na última eleição Simone Tebet (MDB).
A filha do cantor e compositor Gilberto Gil é uma defensora assídua da agroecologia, da economia solidária e do cooperativismo como métodos alternativos para vencer a insegurança alimentar. Entre as pautas que defende, está a oferta de comida saudável para a população dentro de um modelo econômico mais sustentável.
Bela Gil é da turma de celebridades que adoram propagar desinformação sobre o Agronegócio brasileiro. Em setembro de 2019, no programa Papo de Segunda, do canal a cabo GNT, apresentado por Fabio Porchat, Emicida, Chico Bosco e João Vicente, e com a participação de Bela Gil, provocou a indignação de todos os que atuam no Agronegócio nacional. Sem qualquer conhecimento técnico, os apresentadores e sua convidada falaram dados irreais e conceitos inexistentes, inventados por eles, levando o público à compreensão equivocada do que são as atividades realizadas no Agro.
Porchat, por exemplo, acusa o “peido do boi” de prejudicar a camada de ozônio. “A gente esquece que estes 170 milhões de bois do Brasil defecam diariamente muito, pra onde vai esse esterco? Uma parte é reutilizada, mas 80% dessas fezes vai sendo levado pela chuva, e mata os rios, desagua no mar e mata em volta toda a vida marinha” disse Porchat.
A chef de cozinha e nutricionista Bela Gil, que participou da discussão junto a Porchat, dispara contra a produção de soja: ela afirma que as plantas têm raízes mais “rasas”, o que não deixaria a água chegar aos lençóis freáticos e aquíferos. Em certo momento do programa, Bela destaca que passou por lavouras de soja que são “desertos verdes”.
À época, a ABMRA (Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio), tomou a iniciativa de pleitear por todos os meios legais o direito de ter espaço para esclarecer e corrigir as informações equivocadas apresentadas no programa.
Também precisamos recordar o currículo da chef de cozinha, que vai de churrasco de melancia a lavouras de soja que são “desertos verdes”. A Chef de Cozinha é uma defensora da Agroecologia. “Agroecologia é a única forma de comida sem veneno no prato de todo mundo”. Perguntada pela Revista Exame sobre quais seriam as saídas possíveis para que toda população pudesse comer comida saudável, ela disse:
“Eu acho que é mudando a forma como o campo produz. Eu acho que se a gente começar a transformar as monoculturas em cultivos agroecológicos, agroflorestais, diminuindo as propriedades, distribuindo melhor os espaços de terra, fazendo com que o campo produza de uma maneira mais justa, mais limpa, a gente consegue sim levar comida para a mesa de todos os brasileiros.””
“O Brasil hoje é um grande produtor de alimentos, mas que não vai parar no prato de quem precisa. Muitas vezes vai parar em outros países para alimentar animais ou pra virar base de produtos ultraprocessados, mas não necessariamente para virar comida na mesa do povo. Então eu vejo que o caminho é agroecologia. É a forma mais harmônica e sustentável de se produzir comida e vejo muito a agroecologia como essa resistência, como eu até falei no post, da alimentação saudável e da comida de verdade. Porque é a única forma que a gente tem pra colocar comida sem veneno no prato de todo mundo.” – finalizou Bela.
“Reforma agrária é combater o mal pela raiz”, diz Bela Gil em ato com Lula no MST
Em 2022, a ativista participou de um encontro com Lula no assentamento e agroindústria Eli Vive, em Londrina (PR), iniciativa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Bela Gil ressaltou a necessidade de se implantar políticas públicas que viabilizem a reforma agrária no país, como forma de democratizar a alimentação saudável. “Reforma agrária é combater o mal pela raiz. Hoje, 47% da terra no país pertencem a 1% da população fundiária. É um absurdo. Por isso a importância de distribuir e democratizar a terra”, disse Bela.
Ela ressaltou o papel da agroecologia e da mulher no campo. “O MST produz 100% de comida saudável. A comida é uma ferramenta poderosa de transformação. Comer é um ato político. A gente faz política com a comida, para o bem e para o mal”, afirmou.
A ativista lembrou, ainda, que “o agronegócio detém 70% das terras do país, mas produz somente 30% daquilo que a gente come; 70% daquilo que a gente come vêm da agricultura familiar e a gente sabe que essa comida é saudável. O agro produz commodities, que são base dos produtos ultraprocessados. Que adoecem a população”.
Posições contrárias ao modelo atual
Recentemente o Eng. Agrônomo Xico Graziano escreveu um artigo onde critica a onda de celebridades propagando desinformação. “Bela Gil é uma dessas celebridades que adoram denegrir o agronegócio. Defensora da alimentação saudável, a apresentadora não se contenta em enaltecer sua “culinária holística”. Não. Para promover seu naturalismo, ela xinga a agronomia.“
À época, Bela Gil condenou o cultivo de milho transgênico. Segundo a artista-especialista, essa situação é intolerável, pois o cultivo do milho alterado geneticamente: empobrece o solo, desmata o Cerrado e estimula a fome mundo afora.
Xico salientava que nunca tinha visto um ataque tão esdrúxulo, e mentiroso, contra uma prática tecnológica no agro – “Afirmar que o moderno cultivo do milho “empobrece” o solo beira a insanidade. Fiquei pensando: de onde ela retirou essa (des)informação agronômica?”
Sim, é esse tipo de “especialista” que estará à frente da pasta do Ministério do Desenvolvimento Agrário.
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