Crise sem precedentes marca Pecuária Leiteira em 2023

O ano passado será lembrado para sempre pelo setor da pecuária leiteira brasileira, principalmente pelos milhares de produtores que deixaram a atividade em 2023

Por Claiton André Zotti* – O ano de 2023 será lembrado como uma das maiores crises para a Pecuária Leiteira do Brasil. O cenário de entrada histórica de leite externo impôs uma condição de muita dificuldade, desestimulando produtores e deixando muitos negócios das indústrias no vermelho.

A crise no setor leiteiro é um problema crescente que vem assolando a indústria há anos. Com o passar do tempo, vemos um cenário alarmante no qual o número de produtores de leite no país tem diminuído significativamente. A atual situação do setor está intrinsecamente ligada a diversos fatores, incluindo a importação de laticínios de países do Mercosul, como a Argentina, que aplicam subsídios diretos à produção leiteira.

Inicialmente, o primeiro semestre foi marcado pela baixa demanda e alta oferta em razão dos elevados preços ao consumidor. O período resultou na importação de 1 bilhão de litros de leite. Um aumento de 300% comparado ao mesmo período de 2022, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Para os produtores, um grande abalo. A atividade, mesmo na região Sul (principal produtora nacional), tem grande disparidade de gestão entre as propriedades. Isto implica em maior exposição ao risco daqueles que não têm um gerenciamento adequado e planejamento bem definido.

A disparidade entre os preços de venda e os custos de produção gerou, no melhor cenário, resultado com margens espremidas. Apesar dos esforços, alguns produtores de leite abandonaram a atividade. Conforme a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), até junho de 2023 o estado teria perdido cerca de 10 mil produtores por conta da crise, passando de 30.000 em 2022 para apenas 20.000.

Este novo ano se projeta como conservador. Um momento de incertezas com baixa capacidade de investimento pelo produtor. É necessário maior frequência de análise de resultados da atividade. Sindicatos e entidades vêm alertando o Poder Público sobre os riscos da crise e propondo medidas vistas como cruciais para a defesa deste setor primordial para o agronegócio e a economia brasileira.

Enquanto isso não se concretiza, resta aos produtores e técnicos melhorarem processos e refinarem a gestão da propriedade como forma de rentabilizar a atividade.

Claiton André Zotti é Presidente da comissão científica do Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite (SBSBL), Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet)

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias

Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM