Produtores de café em diversas regiões de Minas Gerais enfrentam uma crise financeira em decorrência dos problemas enfrentados pela Manga Coffee Corporation (MCC). Estima-se que mais de 500 milhões de reais deixaram de ser pagos desde 2023; confira
Desde o ano passado, produtores de café em diversas regiões de Minas Gerais enfrentam uma crise financeira em decorrência dos problemas enfrentados pela Manga Coffee Corporation (MCC), exportadora sediada em Varginha/MG. Estima-se que mais de 500 milhões de reais deixaram de ser pagos aos produtores desde que a empresa começou a enfrentar dificuldades financeiras em 2023.
A MCC, com mais de uma década de atuação no sul de Minas Gerais, operava no mercado futuro, oferecendo aos produtores contratos que garantiam o diferencial de preço da saca de café com base nas flutuações da Bolsa de Nova York (ICE Futures US). Entretanto, com a quebra das safras 2021 e 2022 devido a condições climáticas adversas, a empresa enfrentou dificuldades para honrar seus compromissos financeiros com os produtores.
Os problemas começaram a surgir em julho de 2023, quando os produtores começaram a enfrentar atrasos nos pagamentos pelos cafés entregues à MCC. Além disso, muitos produtores reclamam que não conseguiram recuperar o café entregue à exportadora. Com a alta nos preços do grão, muitos produtores acabaram travando vendas para as safras de 2024 e 2025, o que gerou ainda mais complicações, pois agora estão sendo cobrados para entregar os cafés contratados.
A situação afeta produtores em todo o parque cafeeiro de Minas Gerais, com relatos de dificuldades vindos especialmente das regiões da Zona da Mata de Minas e Mantiqueira. Centenas de produtores já entraram com processos legais contra a MCC, enquanto outros enfrentam dificuldades para cumprir obrigações financeiras e custear a próxima safra.
“Aqui na região são em média umas 20 pessoas que têm café com a exportadora, entre produtores e comercializantes. O impacto é grande na vida de cada um de nós. Muitos tiveram que fazer financiamento para manter a vida ou para dar continuidade em negócios já firmados antes”, afirma uma produtora da região da Mantiqueira ao portal Notícias Agrícolas, que pediu para não ser identificada.
A Polícia Civil instaurou um inquérito para investigar o caso, após o registro de boletins de ocorrência por parte dos produtores. Apenas três produtores relataram um prejuízo de cerca de R$ 73 milhões, e estima-se que o prejuízo total possa chegar a R$ 300 milhões.
“Atualmente, os credores citados na primeira lista constante no Edital publicado em 31 de janeiro de 2024 no saguão do fórum de Varginha, estão aguardando a fluência do prazo de 45 dias corridos para o Administrador Judicial publicar um anúncio contendo local, prazo comum e as pessoas/credores para terem acesso aos documentos que fundamentam a elaboração dos que receberam primeiramente os pagamentos“, explicou a advogada Edna Bianchini, que representa produtores de café, ao Notícias Agrícolas.
Enquanto isso, representantes da MCC afirmam estar trabalhando em um plano de ação para regularizar as pendências com os produtores. A empresa entrou com um pedido de recuperação judicial e tem até o próximo dia 21 para apresentar um plano de pagamento aos produtores afetados. Caso não cumpra com as datas e pagamentos estabelecidos, a empresa corre o risco de falência.
Apesar dos esforços da MCC para resolver a crise, muitos produtores estão desconfiados e já acionaram a justiça em busca de soluções. O futuro da exportadora e dos produtores de café em Minas Gerais permanece incerto, enquanto aguardam as próximas decisões judiciais e ações da empresa para resolver a crise que assola o setor cafeeiro da região.
Escrito por Compre Rural.
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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