Genômica é a grande aliada na seleção do rebanho do criatório, que também investe na linhagem da raça com pelagem preta.
Avaliações genéticas periódicas e assessoria de profissionais da Associação Internacional de Criadores de Montana (AIC-MTN) estão entre as ferramentas de gestão que contribuem para a evolução zootécnica do rebanho da JP Agronegócios, que hoje soma cerca de 600 matrizes. Sediada em Três Lagoas (MS), a propriedade está completando 11 anos de sucesso com a raça Montana e produz 100 touros melhoradores por ano.
José Pavan Neto, presidente da AIC-MTN e proprietário da JP Agronegócios, destaca a importância do trabalho da entidade, especialmente em relação ao apoio aos criadores de Montana. “A associação coopera muito para termos resultados produtivos e reprodutivos tão bons. Contribui para o objetivo comum de melhorar o Montana safra após safra. Nesse trabalho, é essencial o suporte da Universidade de São Paulo, que avalia nosso rebanho e ajuda no direcionamento do melhoramento genético.”
“Os resultados das avaliações periódicas nos dão a certeza de que estamos tomando as decisões mais acertadas possíveis”, complementa Pavan Neto. Prova disso é que a propriedade tem atingido ótimos índices de desempenho. “Alguns dados chamam a atenção. Nossa taxa de prenhez aos 14 meses gira em torno de 80%, com inseminação artificial em tempo fixo (IATF) e repasse de touros. Nossas fêmeas conseguem emprenhar novamente aos 2 anos. A idade de abate também foi reduzida para 2 anos, com peso médio de 21 arrobas.”
Todas as informações colhidas nas propriedades de Montana associadas à AIC-MTN são processadas pelos geneticistas Joanir Eler e José Bento Ferraz, professores do campus de Pirassununga (SP) da Universidade de São Paulo (USP). Com os dados gerados, a fazenda direciona o trabalho para melhorar o rebanho priorizando as características desejadas. “Há 30 anos, a USP faz este trabalho com muita competência. Todo esse conhecimento nos passa muita confiança”, declara Pavan.
Buscando aumentar ainda mais a confiabilidade do seu programa de melhoramento genético, a JP Agronegócios iniciou a avaliação genômica de seu rebanho em 2021. “A genômica é uma espécie de auditoria de todas as informações processadas. Trata-se de um serviço orientado pela AIC-MTN para aumentar ainda mais a confiabilidade dos dados zootécnicos”, conta o presidente da entidade.
Superintendente técnica da AIC-MTN, a zootecnista Gabriela Giacomini explica que os resultados obtidos pela JP Agronegócios representam exemplo de sucesso de um trabalho competente em prol do Montana. “A pecuária precisa utilizar a melhor tecnologia disponível para alcançar maior produtividade, sem esquecer da qualidade da carne. A associação, com o apoio científico da USP, caminha nessa direção”.
Montana Black
Linhagem da raça com pelagem preta, o Montana Black teve muitos avanços nos últimos anos. Entre contratações por grandes centrais de inseminação artificial e comercialização de animais em leilões, o “Montana Preto” vai ganhando seu espaço na pecuária nacional. A JP Agronegócios é um dos criatórios a comercializar essa genética.
Em 2022, a JP, ao lado da Estância da Gruta e do Montana da Barra – outros associados à AIC-MTN –, foi um dos criatórios que mais investiu no Montana Black, inclusive comercializando com sucesso animais da linhagem em seu leilão, além da oferta de touros Montana tradicional. Outra conquista da raça em 2022 foi a contratação de Wyne da Gruta, da JP, pela Genex – central de genética bovina referência mundial em melhoramento genético.
“Esse reprodutor expressa todas as qualidades que fazem do Montana uma opção para ganhos de produtividade, peso, fertilidade, precocidade e adaptação às condições brasileiras. Ele foi o primeiro Montana Black da história a ser contratado por uma central de genética. Dessa forma, entendemos que ele certamente vai incrementar a produção de animais com pelagem preta, proporcionando mais uma importante opção de seleção e produtividade”, comenta a superintendente técnica, Gabriela Giacomini.
Wyne da Gruta é um reprodutor que tem como pai o número 3 (ou número 1, levando em conta touros em atividade) do sumário Montana 2023, carregando consigo toda a herança genética do líder para acabamento, MTN Espeso. Assim como seu pai, Wyne se destaca em características importantes como precocidade sexual, área de olho de lombo, acabamento e marmoreio.
Gabriela explica que o último ano foi muito bom em termos de procura por touros Montana Black, o que demonstra que o mercado está se interessando por animais da raça com pelagem escura. “Foi um ano desafiador tanto para o Montana Black quanto para o tradicional, mas os produtores conseguiram comercializar todos os animais”.
Embora não haja diferenças na avaliação das duas linhagens da raça, o Montana Black é procurado por alguns produtores para aumentar a oferta de bezerros com pelagem preta para determinados mercados, destacando-se pela fácil adaptação ao clima tropical em comparação à outras raças com pelagem preta. O produtor que adquire o animal pode usar sêmen ou usar touros para o repasse da inseminação. “O interesse por animais pretos é crescente. Alguns criadores mantêm o rebanho 100% vermelho, mas 60% deles já estão trabalhando com as duas pelagens na fazenda”, informa Gabriela.
A Associação Internacional de Criadores de Montana reúne pecuaristas no Brasil e no Uruguai e oferece diversos serviços, como assessoria de geneticistas para produção e comercialização de touros Montana, seleção do rebanho comercial, acasalamento dirigido e seleção de animais com CEIP, além da possibilidade de fazer parte de um grupo de pecuaristas efetivamente interessados em melhorar seus rebanhos.
São mais de 30 anos de seleção buscando o aumento contínuo da produtividade e a geração de heterose, apoiados no maior banco de dados de animais compostos do mundo, com uso de tecnologias de última geração nas análises. O programa de melhoramento genético do Montana é realizado pela entidade e os criadores, em parceria com a USP, campus de Pirassununga, responsável pela avaliação de dados.
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