Em comemoração aos 70 anos da raça Canchim e as avaliações da 13ª PCAD / TEA, pesquisadores, criadores e técnicos falam sobre o progresso da raça
Em comemoração aos 70 anos da raça Canchim e as avaliações da 13ª PCAD / TEA Nacional da Raça Canchim – Edição 2023 – Prova Canchim de Avaliação de Desempenho, pesquisadores, criadores e técnicos falam especialmente para o portal Compre Rural sobre a raça. A 13ª PCAD é uma parceria entre a Associação de Criadores de Canchim (ABCCAN), Embrapa Pecuária Sudeste e IZ de Sertãozinho.
Para a pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste e responsável pela prova, Dra. Cintia Righetti Marcondes, este é um trabalho muito importante no qual vão sair os ‘raçadores’ para o Canchim.
“Estamos aqui em mais um encerramento de prova Canchim de avaliação de desempenho, o quarto ano aqui no IZ. Mais um evento comemorativo dos 70 anos da raça, tudo isso nessa grande parceria entre criadores, pesquisa, técnicos, todo mundo participando dessa construção, buscando os animais superiores para os rebanhos de seleção”, destacou.
O presidente do ABCCAN / Canchim, Marujo Sobral, conta que o Canchim foi desenvolvido pela Embrapa com fins de ter uma raça que desse mais carne, mais peso, e, adaptado a todas as regiões do Brasil.
“E hoje coroamos a comemoração dos 70 anos da raça, estamos aqui em Sertãozinho escolhendo o grande campeão dos animais que estão participando da prova PCAD, e eu gostaria de frisar e agradecer todos aqueles que trabalharam por esses 70 anos da raça Canchim”, falou.
Contribuição da Canchim para a pecuária de corte
Para a analista da Embrapa Pecuária Sudeste, Viviane Martha Villalba, a estimativa do benefício econômico do uso do touro Canchim em rebanhos comerciais em monta natural é na ordem de mais de R$19 milhões para o produtor, além do grande impacto na questão da segurança alimentar tanto na geração de renda para as famílias que produzem como também para o abastecimento do mercado.
“Nesse trabalho de avaliação de impacto, a gente tem um referencial que é o rendimento de uma tecnologia anterior que geralmente é usado a do touro Nelore e a gente compara com o uso do touro Canchim em monta natural em rebanhos comerciais e nessa comparação a gente observa um resultado de peso a desmama um incremento de 15% a mais desse peso em rebanhos comerciais em que a gente tem uma média de 180 quilos para Nelore comercial e o F1 Canchim nelore de 207 quilos”, contou.
Segundo a analista, o Canchim é uma das raças mais pesquisadas e foi também pioneiro para muitas pesquisas e isso permitiu extrapolar para diversas outras raças.
“O que a gente percebe é que os resultados são muito positivos, os produtores observam os resultados de peso a desmama, muitos que fazem o ciclo completo percebem um incremento muito grande na questão do peso, da qualidade, da precocidade desses animais e principalmente a eficiência que eles têm no campo de cobrir e acompanhar a vacada, a habilidade materna com a alta produção de leite e também a questão de docilidade que geralmente os produtores comentam que traz uma maior facilidade de manejo”, destacou Viviane.
Avaliação do Progresso Genético do Canchim pelo Instituto de Zootecnia
Para a Dra. Sarah Bonilha, doCentro Avançado de Pesquisa e Desenvolvimento de Bovinos de Corte (CAPD) do IZ de Sertãozinho (SP), é um prazer realizar esse trabalho no IZ, o qual vem sendo realizado desde o ano de 2020.
“Estamos construindo de degrau a degrau, um trabalho de importância para a raça, e colhendo os resultados desse trabalho, para o IZ é uma grande satisfação nós que temos essa expertise em testar animais, desde 1951 quando foi realizada a primeira prova de ganho de peso aqui em Sertãozinho e, posteriormente, no começo dos anos 2000 a mensuração de consumo individual de bovinos que trouxe mais um potencial nesses testes de avaliação de animais e nisso tudo a raça Canchim com a visão de futuro, dos criadores e da associação, vieram buscar aqui no IZ, toda essa expertise na mensuração dessas características e na condução de testes de desempenho individual de bovinos de corte”, disse.
Criadores celebram os 70 anos da raça
“Imaginando o que os pesquisadores pensaram na época em criar uma raça Canchim com a intenção de agregar produtividade para a pecuária e ver o resultado que o Canchim traz hoje na prática aos pecuaristas eu fico pensando o quão bom seria se eles que desenvolveram na época pudesse ver o resultado hoje, agregando peso, precocidade, trazendo verdadeiros ganhos de produtividade para quem utiliza o cruzamento industrial com a raça Canchim. Hoje é como um marco especial para a gente, raça Canchim sendo avaliada dentro de um centro de pesquisa com suporte da pesquisa da Embrapa e com esse olhar de mercado que o Zadra nos trouxe hoje vejo que a gente galgou muita coisa e tem muito a evoluir ainda como em todo setor, a raça está no caminho, tem o que evoluir, tem muito que contribuir com a pecuária nacional. E finalizando, essa prova que nos dá um norte de seleção para a raça, é uma das maiores provas de taurinos que acontece no Brasil onde nós destacamos diversos pontos importantes no programa de seleção, avaliação de ultrassonografia de carcaça, desempenho do animal, o Coeficiente Alimentar Residual (CAR), então eu vejo que o Canchim tem um futuro brilhante pela frente e que nós estamos trilhando um caminho certo”, destacou o criador Adriano Lopes, da Canchim ILMA.
Já para o criador Júlio Silvestre de Lima, daFazenda São Joaquim, localizada em Carvalhos, no estado de Minas Gerais, este é um resultado de grande parceria nestes 70 anos.
“Nosso estado atual, genético, o gado em si da morfologia e tudo mais, a nossa parceria é profunda com a Embrapa, com o IZ fazendo a prova da PCAD, então nós temos uma relação muito íntima, a raça Canchim com a pesquisa e é isso que nós somos, o resultado de 70 anos de grande parceria entre os criadores, a associação e a Embrapa”, afirmou.
Para o produtor Valentin Suchek, daCanchim Canta Galo, o Canchim éuma raça muito estudada e muito avaliada. E, esse éum momento histórico em comemoração aos 70 anos da criação da raça que foi criada para melhorar a pecuária a nível Brasil.
“Lá atrás, 70 anos atrás, um boi ia para o abate entre 4 anos e meio até 5 anos, na época procurou a precocidade e encontrou o Canchim que – hoje tem esse tempo para abate encurtado para até menos de 2 anos de idade. Então o sucesso é a demonstração da pesquisa aplicada e aí temos que parabenizar o trabalho dos pesquisadores que tanto se dedicam a essa raça que é o nosso Canchim”, pontuou.
Indicação do uso do Canchim no Cruzamento Industrial
Segundo o consultor de cruzamento entre raças, Alexandre Zadra este é um animal bimestiço eficiente para o trópico, os touros cobrem muito bem, e fazem um trabalho muito interessante de produção de bezerros usando, por exemplo, as meio sangue Angus, as meio sangue Senepol, Nelore e outras matrizes meio sangue, como também o cruzamento do Canchim no campo com as nelores.
“Então o que nós temos para destacar no Canchim é essa eficiência de cobertura a campo. Quanto a inseminação o Canchim com sêmen nas matrizes meio sangue Angus, o que faz um tricôs de alta performance e com uma suplementação a gente consegue explorar ao máximo o seu potencial genético. E, por fim, destaco a possibilidade de uso racional da inseminação com o Canchim no final da Estação de Monta como repasse a gente tem bezerros mais pesados em relação a Nelore com Nelore, logicamente a gente já fez um Nelore na cabeceira do plantel para fazer reposição das matrizes Nelore, cada coisa no seu lugar, e aí no final da Estação de utilizar o Canchim como repasse”, explicou.
Para finalizar, a pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste, Dra. Cintia Righetti Marcondes parabenizatodos os criadores – “Neste ano que foi um ano de muito desafio para o mercado, os criadores trouxeram aqui para o IZ 46 animais. Eu sou suspeita de dizer, mas é uma das maiores provas de avaliação de tourinhos jovens do país então mais uma vez um grande esforço para que a prova fosse conduzida este ano então parabéns a todos e ao Canchim pelos 70 anos”, encerrou.
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