“Ando assustado com animais vistos nas centrais, em exposições e nas fazendas; a linha dorso-lombar parecendo um escorregador da garupa até a base do cupim”
Na literatura é possível encontrar que animais Nelore devem apresentam estado geral sadio e vigoroso. A ossatura é leve, robusta e forte, com musculatura compacta e bem distribuída. A masculinidade e a feminilidade são acentuadas. A região dorso-lombar é larga e reta, levemente inclinada, tendendo para a horizontal, harmoniosamente ligada à garupa com boa cobertura muscular.
Segundo Fausto Pereira Lima e Maria Lúcia Pereira Lima, em seu livro “Nelore e outros zebuínos” o bovino de corte deve apresentar a conformação de corpo equilibrada, com o tronco proporcional aos membros. Também deve apresentar bom comprimento de dorso, e a largura da garupa deve ser ampla.
E ainda salienta – “Devido à alta variabilidade entre os bovinos, incluindo a raça Nelore, não basta que o números das DEPs sejam bons para ganho de peso e peso final, ou mesmo que o rendimento de carcaça seja bom também. É importante avaliar a conformação do corpo como um todo, incluindo a proporção do corpo e dos membros. Os machos da raça Holandesa têm excelente desempenho em ganho de peso, mas o rendimento de carcaça é péssimo devido à pouca musculatura da carcaça.”
Em texto publicado nas redes sociais o zootecnista José Otávio Lemos, produtor rural e professor de pós-graduação em marketing do agronegócio se diz assustado e até mesmo apavorado com alguns animais da raça Nelore.
Confira o material na íntegra:
Ando assustado com animais vistos nas centrais, em exposições e nas fazendas. Até Grandes Campeões. Esses com a linha dorso-lombar parecendo um escorregador da garupa até a base do cupim.
Vamos relembrar o que diz o Padrão Racial para o ideal nessa região corporal: “Larga e reta. Levemente inclinada, tendendo para a horizontal. Harmoniosamente ligada à garupa, apresentando boa cobertura muscular.” Nada de permissibilidade. E como DESCLASSIFICANTE: “Fortemente inclinada. Presença de lordose, cifose ou escoliose.”
Alguns animas com a linha de dorso apresentando sérios problemas.
As ondas de crescimento não acontecem de forma homogênea pelo corpo. Não só dos animais. Nos dos seres humanos também. Tanto que alguns jovens parecem desproporcionais e, depois, adultos, homens e mulheres, de muita harmonia entre as partes dos corpos desses.
Porém, aqui, texto voltado somente aos animais. Especialmente, bovinos Bos indicus. Tem momentos muitos que campeões ou até animais tendo genética comercializada com louvor me assustam.
Como assim?
São grandes, até maiores que a média. Posteriores, muito volumosos. Mas, especialmente quando vistos de lado, sem harmonia. Nem dá para acreditar que é um mesmo animal. E esses, tantas vezes, engrossam de frente para trás ou afinam de trás para frente.
Harmonia, fundamental em todos os seres. E bastante necessária para uma vida mais duradoura e com muita reprodução.
Observem que esses, e acontece muito mais em machos, vão ficando com a quartela com ângulo de 90 graus do centro da mesma com o chão. O jarrete ou curvilhão sem angulação. Até a garupa mais plana (não levemente inclinada como preconizado para funcionalidade), ísquios e íleos praticamente no mesmo alinhamento.
Muitos desses encantam a tantos, até juízes de pistas, pelo tamanho e peso. Palco e holofotes, capas de revistas e curtidos em redes sociais. Recordes de preços em leilões. Porém, vão implantando coisas diminuidoras da produtividade nos rebanhos.
Uma carcaça precisa dar rendimento pelo seu todo, e não somente pelo traseiro, mesmo nesse estando a maior parte dos cortes considerados mais nobres. Verificando-se a parte superior (linha dorso-lombar) desses animais, vê-se claramente comprometimento.
Alguns podem dizer que importante é somente o rendimento de carcaça. Sim. Mas qual carcaça e em que idade de abate? Fundamental ter uma resposta para isso. E existe uma diferença entre o boi para frigorífico e o touro para reprodução. Um faz o outro, mas continua no trabalho de cobertura. O outro para a faca e no prato nosso. E usando touros com esse problema tema desta escrita, é encurtar o período de uso em acasalamentos. Retorno financeiro bem menor.
As continhas são complexas para tudo isso.
Palavra-chave: HARMONIA. Objetivo da seleção e, também, da produção: HARMONIA. Então, vamos abrir os olhos e raciocinar muito para a escolha de reprodutores ao vivo ou por sêmen nas fazendas. E meus colegas jurados/juízes, para apontarmos campeões.
A cada dia, o mercado tem exigido mais sobre os ditos Campeões e Grandes Campeões, e até dispensando-os da lista de compras por material genético ou eles próprios.
Muito cuidado!
O excelente fotógrafo Rubens Ferreira colheu mais uma bela foto. Sem enfeite. Natural mesmo. Nela, um touro Nelore com uma linha dorso-lombar para se tirar o chapéu. Bem paralela ao chão reto. Realmente dentro do Oficial Padrão Racial, e no que deve ser a busca incessante para quem deseja produzir um ótimo zebuíno.