Em julho, terrenos da Embrapa foram ocupados, pela segunda vez, por integrantes do movimento em Pernambuco.
Em depoimento à CPI do MST, um dos líderes nacional do movimento, João Pedro Stédile, avaliou nesta terça-feira (15) que foi um “erro” a invasão a terras da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Pernambuco.
Stédile afirmou, no entanto, que cada acampamento do MST tem autonomia para decidir como agir.
“Eu posso até fazer uma autocritica porque os jornalistas me perguntam. Está bom, foi um erro, um equívoco entrar na Embrapa. Mas eles decidiram porque era a área pública mais próxima e entraram na Embrapa não para reivindicar a área da Embrapa, entraram na Embrapa para chamar a atenção da opinião pública e conseguiram”, declarou.
O líder do movimento disse, ainda, que existe um “problema” na região. Segundo ele, de um lado há 40 mil hectares de terras públicas e, do outro, 8 mil famílias acampadas.
“Quem vai lá dizer para as famílias acampadas: ‘Espere, espere, espere que o governo Lula vai resolver’? Eles têm autonomia, que é o que tenho procurado esclarecer aqui a todo tempo. Cada acampamento tem autonomia do que faz”, afirmou.
“Ah, muitas vezes eles exageram ou erram? Concordo. Às vezes, eles exageram e erram, mas eles têm o direito de decidir. Nenhuma instância nacional decidiu que eles deviam ir”, concluiu.
A ocupação de áreas da Embrapa pelo MST ocorreu no fim de julho, no Sertão de Pernambuco. Foi a segunda vez que integrantes do movimento ocuparam os locais em Petrolina.
Na ocasião, o MST argumentou que o governo federal não cumpriu acordo de assentar 900 famílias.
A área ocupada é conhecida como “Embrapa Semente Básica” e funcionava como uma área mercadológica de sementes e mudas básicas até 2019.
De acordo com a chefe-geral da Embrapa, Maria Auxiliadora Coelho de Lima, a área ainda segue produtiva e serve à realização de pesquisas sobre as espécies forrageiras e nativas da caatinga.
O terreno, que já foi liberado, foi ocupado por cerca de 100 famílias de Pernambuco e da Bahia, às vésperas do “Semiárido Show”, evento que reuniu cerca de 20 mil pessoas, entre elas, pesquisadores e estudantes.
Perda de força
O depoimento de Stédile deve ser um dos últimos feitos à CPI do MST.
Na semana passada, o relator da comissão, Ricardo Salles (PL-SP), disse que o grupo não deve prorrogar os trabalhos. O término oficial dos trabalhos está previsto para 14 de setembro.
Salles sinalizou que a decisão foi tomada após manobras para esvaziar a influência da oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na CPI.
O relator apontou como manobras a troca de integrantes do Centrão no colegiado e a anulação de convocação do ministro da Casa Civil, Rui Costa.
Além de indicar o fim dos trabalhos, Salles já precificou uma eventual derrota do relatório final do colegiado.
“Essa é a última medida. A entrega do relatório e submissão ao voto. Com essa configuração da comissão agora temos sérias dúvidas se aprovariam um relatório. Não estamos nem contando com essa hipótese de aprovar o relatório”, disse Salles na última semana.
Fonte: G1
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