Embaixadora avalia potenciais parcerias; segundo ela a Coreia do Sul vive um processo acelerado de crescimento nas últimas décadas, o que chamou de “milagre econômico”
A embaixadora Márcia Donner Abreu, secretária de Ásia, Pacífico e Rússia do Ministério das Relações Exteriores, que vai assumir nas próximas semanas o comando da Representação Diplomática do Brasil em Seul, capital da Coreia do Sul, participou, nesta sexta-feira (20/5), de reunião virtual, com secretários de Estado e autoridades gaúchas. A diplomata vem fazendo um levantamento dos segmentos de interesse de cada estado brasileiro para trabalhar possibilidades de parceria com os sul-coreanos, principalmente nas áreas da indústria, tecnologia, inovação e agronegócio. A reunião foi conduzida pela secretária de Relações Federativas e Internacionais (Serfi/RS), Patrícia Kotlinski.
Durante sua fala, a embaixadora Márcia ressaltou que grande parte do planeta, sobretudo a Europa, vem perdendo vitalidade econômica e que a Ásia é o futuro. Mencionou que a Coreia do Sul vive um processo acelerado de crescimento nas últimas décadas, o que chamou de “milagre econômico”. Pontuou ainda três elementos estratégicos no país: valorização da educação e formação de recursos humanos; internacionalização dos seus setores produtivos e inovação tecnológica.
Nos últimos anos um acordo comercial vem sendo negociado entre Brasil e Coreia do Sul. Segundo a diplomata, o setor do agronegócio vê como muito positiva esta construção. “A Coreia é nosso terceiro maior parceiro comercial na Ásia, depois de China e Índia, que são imensamente mais populosos. Apesar disso, temos menos de 1% do comércio total da Coreia. É evidente que este acordo vai fazer diferença”, afirmou.
O secretário da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), Domingos Velho Lopes, ressaltou que a Coreia do Sul é grande vitrine para a entrada de produtos brasileiros no leste asiático, assim como os Emirados Árabes Unidos deram visibilidade ao ingresso e consolidação do mercado brasileiro e gaúcho na região geopolítica do Oriente Médio. “No acordo comercial, temos focado muito nas proteínas animais, mas podemos chegar a um portfólio de mais de 250 produtos. E aí entra o Rio Grande do Sul, que é um Estado com uma diversidade gigantesca de produtos e que atinge todos os mercados”, pontuou o titular da Seapdr.
Lopes informou que, em março, o embaixador coreano no Brasil, Lim Ki-Mo, esteve no Brasil Central e pode conhecer in loco lavouras, pecuária e silvicultura. “Ele tem consciência de como é o setor agro brasileiro e isto nos dá competitividade na conquista e consolidação”, avaliou o secretário, ao alertar que as autoridades sul-coreanas estão atentas se o setor agropecuário brasileiro respeita a legislação vigente no país, oferece segurança alimentar e atende os requisitos sanitários. “Observamos que a questão sanitária tem que andar em paralelo com as questões tarifárias e de portfólio de produtos na construção do acordo comercial”, disse. “O Rio Grande do Sul está apto a atender muito fortemente a Coreia. Temos o melhor status sanitário e selos internacionais para consolidar estes mercados”, acrescentou Lopes.
O secretário de Parcerias, Leonardo Busatto, falou sobre o programa de desestatização de empresas (saneamento e energia) e parcerias público/privadas que podem vir a despertar o interesse internacional, principalmente de rodovias, aeroportos, parques ambientais, construção de presídios e revitalização do Cais Mauá. Já o secretário de Inovação, Ciência e Tecnologia, Alsones Balestrin, informou que o Rio Grande do Sul está investindo na área de semicondutores e que essa cadeia produtiva pode interessar a grandes grupos empresariais da Coreia do Sul. Balestrin também manifestou interesse de que startups do país asiático participem da próxima South Summit, em 2023, e de que sejam retomados o Fórum RS-Coreia do Sul de Ciência, Tecnologia e Inovação e o intercâmbio universitário.
A secretária de Meio Ambiente e Infraestrutura, Marjorie Kauffmann, e o secretário-chefe adjunto para Assuntos Administrativos e Subchefe-Geral da Casa Civil, Paulo Roberto Pereira, focaram no desenvolvimento da tecnologia do hidrogênio verde e na descarbonização do Estado. Marjorie acredita que o RS e a Coreia do Sul também podem firmar parcerias nas áreas de saneamento e de transição energética, na exploração do grande potencial que o Estado tem de produção de energia limpa, especialmente eólica e solar. O secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico, Joel Maraschin, reforçou que o RS retomou o poder de investimento e que o Governo vem apresentando as oportunidades e os potenciais do Estado no exterior, inclusive em feiras internacionais.
Patrícia Kotlinski enfatizou a relevância dessa aproximação entre RS e Coreia do Sul, por intermédio do Itamaraty, e colocou a SERFI à disposição para a articulação de eventuais parcerias. “Na reunião de hoje falamos sobre pautas importantes para nosso Estado e descobrimos que existem muitas portas que podem ser abertas na Coréia do Sul para nós, gaúchos”, disse.