Nos Estados Unidos, o anúncio de uma alta de 0,75 ponto porcentual é vista como o desfecho mais provável pelo mercado financeiro.
A “super quarta” para o mercado financeiro nacional e internacional ocorre neste 21 de setembro. Ao longo do dia, o Federal Reserve (Fed) e o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) vão anunciar decisões referentes à taxa de juros a ser praticada pelos Estados Unidos e pelo Brasil, respectivamente.
Expectativa para o Fed
O Fed, banco central norte-americano, anunciará às 15h (de Brasília) a nova decisão de política monetária, acompanhada de projeções atualizadas. Analistas e investidores ponderavam se a alta poderia ser de 0,5 ou 0,75 ponto porcentual até a semana passada, quando o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de agosto dos Estados Unidos reforçou apostas de trajetória mais hawkish (tendência de alta do juro) na política monetária. Agora, uma alta de 0,75 ponto porcentual é vista como o desfecho mais provável nesta semana, mas há também analistas que não descartam uma elevação de 1 ponto porcentual.
A Oxford Economics afirma em relatório que o Fed irá repetir a dose de suas duas reuniões mais recentes e elevar os juros em 0,75 ponto. A consultoria diz estar especialmente atenta às projeções e à entrevista coletiva do presidente da instituição, Jerome Powell, após a decisão. Para a Oxford, os Estados Unidos devem enfrentar uma “recessão leve” no primeiro semestre de 2023, mas não está claro se o Fed projetará isso agora. Após a decisão de hoje, a Oxford diz ainda que outra elevação do mesmo nível pode ocorrer em novembro.
O Deutsche Bank coincide na aposta para hoje, embora mencione uma alta de 1 ponto porcentual como “possível”. O banco alemão lembra que Powell já disse que uma alta de 0,75 ponto é substancial e “não usual” e que vários dirigentes da ala hawkish têm mencionado essa faixa. O Deutsche acredita que manter o ritmo dará ao BC margem para apertar a política “substancialmente mais no curto prazo, sem necessariamente levar o Fed a um incremento maior de patamar de que seria difícil escapar”. Ele menciona ainda o desejo do banco central americano de não reagir demais a um único dado e resgata declarações de dirigentes destacando que a política monetária leva um tempo até mostrar todos os efeitos do aperto.
A super quarta no Brasil
Iniciada na manhã de terça-feira (20), a análise de conjuntura do Copom continua nesta quarta-feira (21). Na sequência, à tarde, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e os oito diretores da instituição têm mais uma rodada de discussões antes de indicarem o novo patamar da Selic.
Para a super quarta no Brasil, a expectativa majoritária do mercado financeiro é de manutenção da Selic (a taxa básica de juros) no patamar atual de 13,75%, conforme 41 das 50 instituições consultadas pelo “Projeções Broadcast”. Outras nove projetam alta de 0,25 ponto porcentual, a 14,00%, o que representaria o primeiro aperto monetário em período eleitoral desde 2002.
No Copom de agosto, o BC indicou que o plano de voo era manutenção dos juros em patamar significativamente contracionista após o aumento da Selic em agosto, mas que iria avaliar a necessidade de um ajuste residual, de 0,25pp este mês.
Os juros básicos já estão no mesmo nível da taxa que vigorou de dezembro de 2016 a janeiro de 2017 e o atual ciclo de aperto monetário entrou para história como o mais longo desde a criação do Copom. Já foram 12 aumentos consecutivos desde a mínima histórica de 2%, atingida em meio aos efeitos drásticos da pandemia de covid-19.