Ao longo de duas semanas, o espaço do Brasil na conferência das Nações Unidas realizou mais de cem painéis com transmissão ao vivo para o mundo com autoridades e lideranças de diferentes setores.
atuação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Embrapa durante a COP26 foi fundamental para a manutenção das atividades do Grupo de Trabalho Conjunto em Agricultura Koronivia no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). O grupo tem por objetivo promover os modelos de agricultura sustentável a serem disseminados pelo mundo para reduzir os efeitos das mudanças climáticas no setor.
“Após dias de negociações, houve consenso entre os diversos países membros em manter o grupo de Trabalho intitulado Koronivia, com o objetivo de promover os modelos de agricultura sustentável como solução para mitigar os impactos das mudanças climáticas no setor agrícola. Foi uma importante conquista do time de negociação brasileiro na COP26”, comemorou o diretor de Regularização Ambiental do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), João Adrien, que participou das negociações.
O consenso em seguir com os trabalhos do Koronivia Joint Work on Agriculture (KJWA) é uma decisão histórica no âmbito da UNFCCC, que aborda questões relacionadas ao uso sustentável dos recursos naturais pela agricultura e visa disseminar tais modelos com foco em garantir que as mudanças climáticas não gerem impactos negativos na segurança alimentar global. O Grupo encerraria seus trabalhos na COP26, mas o Brasil, com apoio dos países em desenvolvimento, trabalhou para garantir a sua continuidade.
Em relatório publicado em abril deste ano, no âmbito da reunião de Koronivia para a agricultura, o UNFCCC reconheceu a agricultura brasileira como modelo de desenvolvimento sustentável. No documento que faz referência ao Brasil, são citados o sistema integração Lavoura-Pecuária-Floresta, a agricultura de precisão e a tecnologia baseada em ciência.
Metas para reduzir emissões
Durante as duas semanas da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26), o Ministério da Agricultura apresentou a segunda etapa do Plano ABC+, com tecnologias de baixa emissão de carbono praticadas pela agropecuária brasileira e as metas para a próxima década. Representante do Mapa na COP26, o secretário de Desenvolvimento Sustentável e Irrigação, Fernando Camargo, participou de debates com líderes de diversos países, mostrando que o Brasil pode compartilhar suas experiências com países semelhantes, ajudando a promover resiliência, adaptação e mitigação de emissões de gases do efeito estufa.
“Nosso objetivo principal da delegação do Mapa foi trazer para os eventos de promoção o Plano ABC+, e acreditamos que nossa missão foi absolutamente cumprida. O ABC+ é certamente o grande projeto que a agricultura e a pecuária brasileira vão fazer até 2030 para mitigar os efeitos da emissão dos gases de efeito estufa. Acreditamos que isso já está colocado e a compreensão é totalmente disseminada aqui na COP e já por todo o Brasil”, destacou o secretário.
Por meio da disseminação de técnicas de produção sustentáveis, o objetivo do ABC+ é disseminar as tecnologias de baixa emissão de carbono a mais 72 milhões de hectares de terras agricultáveis, promovendo ganhos de produtividade em terras agrícolas já consolidadas, sem a necessidade de converter novas áreas à atividade produtiva.
O presidente da COP26, Alok Sharma, que esteve no Brasil em agosto conhecendo o Plano ABC e outros sistemas produtivos sustentáveis, citou o Brasil como um exemplo de diálogo construtivo. “Visitei o Brasil há algumas semanas, tive um diálogo construtivo como membros do governo e espero que os diálogos construtivos que tive em todo o mundo alimentem as discussões nesta e na próxima semana”, disse, em entrevista coletiva em Glasgow.
Durante a COP26, o Brasil foi uma das nações que aderiram ao compromisso global para redução das emissões de metano e a declaração de florestas e uso da terra. Mas o país Brasil já vem trabalhando com estratégias para reduzir a emissão de metano na pecuária do país, como o melhoramento genético de pastagens para desenvolver alimentos mais digestíveis para os animais e o melhoramento genético dos animais, que permite o abate precoce. Também está em estudo a utilização de aditivos que podem ser agregados na alimentação animal, com substâncias como taninos e óleos essenciais.
Pesquisas
O Mapa lançou, durante a COP, as versões em inglês de três livros que reúnem pesquisas sobre os fatores de emissão e remoção de gases de efeito estufa na pecuária e na agricultura, além das estratégias de adaptação à mudança do clima na agropecuária. As publicações trazem informações sobre a emissão e remoção de GEE para culturas como cana-de-açúcar, grãos, sistemas integrados de produção e florestas plantadas e também abordam estratégias remoção de metano na pecuária.
O Mapa também apresentou na COP o Programa Nacional de Levantamento e Interpretação de Solos do Brasil (PronaSolos) e os novos mapas de estoque de carbono orgânico dos solos brasileiros. O material é uma importante ferramenta para subsidiar políticas públicas relacionadas às mudanças climáticas e à diminuição da emissão dos Gases de Efeito Estufa (GEEs), com gestão eficiente dos recursos naturais.
“Temos acompanhando temas como transparência e ambição, sempre no intuito de garantir, no que diz respeito ao Mapa, as condições para que a agricultura brasileira sustentável possa continuar se desenvolvendo e mantendo a vanguarda e a condição de potência agroambiental do Brasil”, avaliou o assessor especial do Mapa, Fernando Zelner, que também participou ativamente das discussões na COP26.
No Pavilhão Brasileiro em Glasgow, o Mapa participou de debates sobre temas como agropecuária sustentável, como a sustentabilidade na pecuária e na agricultura, energia alternativa, efeito poupa-terra e rastreabilidade nas cadeias produtivas.
A ministra Tereza Cristina participou da abertura do Brasil na COP26, na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília, destacando que a agropecuária, realizada de maneira sustentável, é parte da solução para um duplo desafio: mudança do clima e segurança alimentar.
Também estiveram em Glasgow a diretora do Departamento de Produção Sustentável e Irrigação, Mariane Crespolini, a coordenadora-geral de Mudanças Climáticas, Florestas Plantadas e Agropecuária Conservacionista do Mapa, Fabiana Villa Alves, e o presidente da Embrapa, Celso Moretti.
A 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), em Glasgow, na Escócia, reuniu mais de 190 países para discutir medidas contra o aquecimento global. O Brasil anunciou o aumento da meta de redução de emissão de gases de efeito estufa pelo Brasil de 43% para 50% até 2030 e manutenção da meta de neutralidade climática até 2050, além da antecipação de 2030 para 2028 a meta de eliminar o desmatamento ilegal no país.
- Como identificar os sinais de uma crise financeira na atividade rural?
- Semana com previsão de temporais em diversas regiões; veja os detalhes do clima
- Indústria europeia terá benefícios com acordo, e protecionismo da França é desproporcional, diz Fávaro
- Terminal de Grãos do Maranhão recebe investimento de R$ 1,16 bilhão para expansão
- Existe um fertilizante ideal?
Código Florestal
Em Glasgow, a equipe do Mapa apresentou ao mundo os meios de implementação do Código Florestal no Brasil como instrumento importante para a preservação ambiental no país. O funcionamento do Cadastro Ambiental Rural como instrumento de transparência nas cadeias produtivas também foi abordado, além do Programa de Regularização Ambiental e incentivos econômicos para a recuperação florestal. A política do Código Florestal, implementada desde 2012, tem sido uma importante contribuição do Brasil para solucionar o desafio de garantir a preservação aliada à produção agropecuária.
A previsão de recuperação em propriedades rurais por meio do Programa de Regularização Ambiental é de 34,4 milhões de hectares de reserva legal nos próximos 20 anos.