Controle de percevejos na lavoura: Estratégias para proteger sua colheita

Nos últimos anos, práticas como o plantio direto e o cultivo sucessivo de plantas hospedeiras, como soja após milho ou trigo, têm favorecido a alimentação desses percevejos.

A importância de um manejo eficaz no combate às percepções cresce a cada safra , tornando-se essencial para os produtores agrícolas que enfrentam desafios constantes na proteção de culturas como soja, milho e trigo . Esses itens representam uma ameaça significativa tanto no aspecto econômico quanto agronômico: dados apontam que infestações de percepções podem reduzir em até 30% a produtividade das atividades de soja, gerando perdas estimadas em cerca de 2 bilhões de dólares ao ano para o setor agrícola brasileiro. No caso do milho e do trigo, os prejuízos também são elevados , com efeitos diretos na qualidade dos grãos .

Nos últimos anos, práticas como o plantio direto e o cultivo sucessivo de plantas hospedeiras , como soja após milho ou trigo, têm favorecido a alimentação desses insetos. Com o aumento de áreas em sistema de cultivo direto , que já cobre cerca de 33 milhões de hectares no Brasil , as populações de percepções encontram um ambiente ainda mais propício para sua reprodução e transmissão . Diante desse cenário, os agricultores precisam redobrar os esforços em monitoramento e estratégias de controle para minimizar os prejuízos e garantir a sustentabilidade de seus trabalhos.

Principais espécies de percevejos e características

Percevejo-Marrom da Soja (Euschistus heros)

O percevejo-marrom da soja, Euschistus heros , é um dos maiores desafios para os produtores de soja , especialmente no Brasil, onde essa praga pode gerar perdas significativas . Com um ciclo de vida entre 30 e 40 dias , o percevejo-marrom completa várias gerações em uma única safra, dependendo das condições climáticas e da oferta de alimentos . Estudos demonstram que infestações elevadas durante as fases reprodutivas R4 e R5 da soja podem reduzir a produtividade entre 15% e 30% , dependendo do nível de controle aplicado. Em áreas sem manejo adequado, as perdas podem ultrapassar 40 kg/hectare.

Durante a fase de enchimento dos grãos , o percevejo se alimenta diretamente das vaagens e dos grãos, usando suas peças bucais para perfurar e açucarar o conteúdo . Isso resulta em grãos de baixa qualidade , muitas vezes inviáveis ​​para o plantio, com perdas econômicas que chegam a R$ 500 por hectare . Em grandes áreas de cultivo, esses prejuízos podem representar milhões de reais em uma única safra , além de aumentar o custo de produção para os agricultores.

Controle de percevejos na lavoura: Estratégias para proteger sua colheita
Foto: Divulgação

Percevejo-Barriga-Verde (Dichelops melacanthus)

O percevejo-barriga-verde, Dichelops melacanthus , é amplamente distribuído no Brasil e adaptado às condições tropicais , afetando culturas como trigo, milho e até sorgo . Esta praga é particularmente prejudicial nas fases iniciais de desenvolvimento do milho e trigo , pois se alimenta das plântulas recém-emergidas . Em plantações de milho, infestações de D. melacanthus podem resultar em perdas de até 25% na densidade das plantas por hectare , impactando diretamente o potencial produtivo.

Estudos em áreas com alta infestação mostram que os danos nas plantas podem reduzir em até 30% o rendimento da cultura , com perdas variando entre 200 kg e 300 kg por hectare de milho . Além disso, cada hectare infestado por D. melacanthus pode gerar custos extras de até R$ 250 para o produtor devido à necessidade de aplicações repetidas de inseticidas e ao replantio . Em plantações de trigo, os danos podem levar a perdas de até 20% no rendimento final , especialmente quando o controle químico não é aplicado de maneira eficaz.

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Foto: Divulgação

Ciclo de vida e comportamento dos percevejos

O ciclo de vida dos percevejos que afetam as lavouras, como o percevejo-marrom da soja ( Euschistus heros ) e o percevejo-barriga-verde ( Dichelops melacanthus ), passa por três etapas principais : ovos, ninfas e adultos . Esse ciclo é especialmente importante para entender os danos potenciais em cada fase e elaborar estratégias de manejo eficientes .

Etapas do ciclo de vida

  • Ovos :
    • As fêmeas de percevejos depositam de 200 a 400 ovos ao longo de sua vida, geralmente em folhas, caules e vagens . Em condições ideais de temperatura e umidade, esses ovos eclodem em cerca de 4 a 8 dias .
    • O número elevado de ovos por fêmea representa um risco significativo , pois permite uma rápida multiplicação da população no campo. Em média, uma infestação pode aumentar de forma exponencial dentro de uma safra, especialmente em climas quentes e úmidos .
  • Ninfas :
    • Após o encerramento, os percevejos passam por 5 a 6 instares (fases) de ninfa, um processo que pode durar de 20 a 30 dias , dependendo das condições ambientais. Durante esta fase, as ninfas se alimentam de tecidos vegetais e são responsáveis ​​pelos primeiros sinais de danos nas culturas.
    • O impacto das ninfas é especialmente visível nas plantas jovens, que apresentam folhas mortas, caules danificados e, muitas vezes, redução na produtividade final . Em grandes infestações, o custo do controle pode aumentar significativamente, visto que as ninfas representam uma fase de alto potencial de danos .
  • Adultos :
    • Os percevejos adultos têm uma expectativa de vida entre 30 e 60 dias e são os principais responsáveis ​​pelos danos diretos aos grãos e vagens. Em períodos críticos de crescimento, como as fases R4 e R5 na soja, a presença de adultos pode comprometer até 40% da produção em áreas com alta infestação.
    • Além disso, os adultos podem se dispersar rapidamente pelas áreas vizinhas, aumentando a extensão dos danos e exigindo monitoramento constante .

Padrões de alimentação e dormência

Durante as estações de outono e inverno , as percepções entram em um período de dormência parcial , especialmente em regiões de clima mais ameno. Essa fase permite que as percepções sobrevivam até a primavera , aguardando condições mais desenvolvidas para se reproduzirem novamente. No Brasil, a adoção do planejamento direto cria um ambiente favorável para esses insetos, pois o solo não é revolvido, mantendo restos de cultura que servem para sua alimentação.

Condições ideais para reprodução

Os percevejos se beneficiam diretamente dos sistemas de plantio direto e do plantio sucessivo de culturas hospedeiras . Em temperaturas entre 25°C e 30°C e umidade alta , os perceptos podem completar o ciclo em apenas 30 dias , gerando até cinco gerações em um único ano , dependendo da disponibilidade de alimento. Isso intensifica a pressão sobre o manejo e pode aumentar os custos de produção em até 15% em regiões com altas infestações.

Danos causados ​​por percevejos nas culturas de grãos

As percepções impactaram severamente a produtividade e a qualidade das culturas de grãos , como soja, milho e trigo . Essas instruções atacam principalmente os grãos e vagens , sugando a seiva das plantas e causando uma série de danos fisiológicos que comprometem tanto a qualidade quanto a quantidade da produção final.

Impacto na produtividade e qualidade dos grãos

Danos Físicos : Os percevejos perfuram os tecidos vegetais e os grãos para se alimentar, provocando lesões nas plantas que resultam em deformidades , grãos vazios ou “chochos” e queda de folhas . Na soja, por exemplo, a presença de percepções nas fases críticas de enchimento de grãos (R4 e R5) pode causar perdas de produtividade de até 30% .

Redução da Qualidade dos Grãos : Os danos financeiros aumentam a incidência de fungos e patógenos que afetam a qualidade dos grãos. Estudos mostram que em áreas com infestações altas, os danos podem reduzir o valor comercial em até 20% , devido a características como diminuição do peso , aparência alterada e menor conteúdo de óleo e proteína.

Impacto econômico nos diferentes estádios das culturas

A presença de percepções é especialmente prejudicial em etapas específicas de desenvolvimento, variando conforme a cultura:

  • Soja : No estágio R4 (enchimento de grãos) , os danos podem gerar perdas de até 25% . Estima-se que cada percepção presente por metro quadrado pode reduzir em 1,5% o rendimento da soja.
  • Milho : Os ataques são mais frequentes em estágios iniciais ( V4 a V6 ) e durante a fase de enchimento de grãos , causando o abortamento das espigas e comprometendo o desenvolvimento do grão. Em áreas severamente infestadas, a produtividade pode cair até 18% , aumentando os custos de controle em até 10% .
  • Trigo : Em cultivos de trigo, os percevejos atacam a planta nas fases iniciais , afetando a formação de grãos e favorecendo doenças. Infestações graves podem causar perdas de até 15% , além de impactar diretamente na qualidade do grão para moagem .

Comparação entre espécies e potencial de destruição

  • Percevejo-Marrom da Soja (Euschistus heros) : É uma das principais ameaças à soja, com alta capacidade de reprodução e preferência por opções mais avançadas da cultura. Pode reduzir em até 30% a produtividade em infestações graves, especialmente em áreas não tratadas.
  • Percevejo-Barriga-Verde (Dichelops melacanthus) : Com ampla distribuição e adaptabilidade, causa danos significativos em culturas como milho e trigo. Sua alimentação em tecidos tenros e em crescimento provoca aborto de grãos e formação irregular de espigas . O potencial de danos é semelhante ao percebido pelo mar, embora sua ação seja mais devastadora nos objetivos iniciais, podendo reduzir em até 18% a produtividade de milho.

Monitoramento e estratégias de controle

Uma gestão eficaz de percepções em culturas de grãos depende de um monitoramento rigoroso e da implementação de estratégias de controle . Essas práticas visam minimizar os danos e preservar a produtividade das culturas.

Monitoramento

O monitoramento da população percebida é crucial para determinar a necessidade de intervenções. A importância de monitorar os níveis populacionais antes da implementação das culturas inclui:

  • Identificação precoce : Estudos mostram que a detecção de percepções em níveis iniciais, como 2 a 5 percepções por metro quadrado , permite uma resposta rápida, evitando que a infestação se espalhe e cause danos significativos. Infestações acima de 10 percepções por metro quadrado podem resultar em perdas de produtividade superiores a 20% .
  • Estabelecimento de limites : Definição de limites de ação, como 15% de danos visíveis nas folhas ou 5 percepções por planta , ajuda os produtores a decidir quando aplicar controle químico. Isso reduz o uso de inseticidas, que, segundo estimativas, pode diminuir os custos de controle em até 30% .
  • Acompanhamento de ciclos de vida : O monitoramento contínuo durante todo o ciclo da cultura ajuda a identificar as fases mais vulneráveis. Dados mostram que as fases R4 e R5 da soja são especialmente críticas, com potencial de perdas de até 50% se não forem geridas especificamente.

Dessecação

A dessecação, ou o uso de herbicidas antes da colheita, desempenha um papel importante no controle de percepções. Estratégias incluem:

  • Uso de inseticidas específicos : A aplicação de inseticidas durante a dessecação pode reduzir a população percebida antes que novas culturas sejam implantadas. O uso de produtos específicos pode resultar na redução de 70% da população em até 15 dias após a aplicação.
  • Sincronização com o ciclo da cultura : A dessecagem deve ser realizada no momento adequado, garantindo que a maior parte da população percebida seja eliminada antes do plantio, reduzindo a pressão inicial nas novas plantações.

Tratamento de sementes

O tratamento de sementes é uma estratégia preventiva que pode proteger as plantas em seus estágios iniciais. O papel dos neonicotinóides e organofosforados inclui:

  • Proteção inicial : O uso de neonicotinóides pode fornecer uma proteção sistemática que dura entre 30 a 60 dias , defendendo as plântulas contra percepções e outras pragas. Estudos mostram que as sementes tratadas com esses produtos podem aumentar a emergência das plântulas em até 25% .
  • Aumento da sobrevivência : O tratamento de sementes com organofosforados demonstrou aumentar a sobrevivência das plantas em condições de alta infestação, com aumento de até 40% na taxa de sobrevivência em comparação com sementes não tratadas.

Controle em lavoura estabelecida

Quando os trabalhos já estão implantados, as estratégias de controle químico tornam-se essenciais para evitar danos no meristema e nas folhas . As abordagens incluem:

  • Aplicação de inseticidas : O uso de inseticidas seletivos é vital para controlar percepções em estágios críticos de desenvolvimento. A aplicação deve ser feita assim que os níveis populacionais ultrapassem 5 percepções por planta , utilizando produtos que demonstraram eficácia de controle superior a 80% em testes de campo.
  • Monitoramento Pós-Aplicação : Após o controle químico, o monitoramento contínuo é necessário para avaliar a eficácia do tratamento e a possível reinfestação. A reinfestação pode ocorrer em até 30 dias após a aplicação , dependendo das condições climáticas e da presença de plantas hospedeiras nas proximidades.
  • Rotação de Inseticidas : A rotação de diferentes classes de inseticidas é uma estratégia recomendada para prevenir a resistência das pragas. Dados mostram que a rotação pode reduzir a probabilidade de resistência em até 60% , aumentando a eficácia do controle.
Controle de percevejos na lavoura: Estratégias para proteger sua colheita
Foto: Divulgação

A compreensão das principais espécies de percepções, seus ciclos de vida e os danos que podem causar é fundamental para que os produtores adotem medidas proativas e reativas em tempo hábil. Dados mostram que, quando não geridos adequadamente, as percepções podem causar perdas significativas, que podem variar de 20% a 50% da produtividade.

Portanto, a implementação de práticas como o monitoramento rigoroso , o uso de inseticidas eficazes e o tratamento de sementes se tornam indispensáveis ​​para minimizar os riscos econômicos e agronômicos associados às infestações. Com uma abordagem integrada, que considera não apenas os aspectos químicos, mas também os fatores agronômicos e ambientais, os produtores podem não apenas proteger suas atividades, mas também promover a sustentabilidade a longo prazo em suas atividades.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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