Os pré-emergentes são herbicidas utilizados antes ou logo após o plantio da soja e sua aplicação deve anteceder a emergência das ervas daninhas
O uso de herbicidas pré-emergentes para evitar o crescimento de plantas daninhas havia deixado de ser uma prática comum entre os produtores, com a adoção do plantio direto na maior parte das lavouras de soja do país. No entanto, o produto voltou a fazer parte da rotina de alguns agricultores. Exemplo disso é uma propriedade de 600 hectares em Rio Verde, em Goiás, que utilizou o insumo em 100% da área. “Tínhamos muitas áreas com problemas sérios de capoeraba e amargoso, principalmente, assim como um pouco de [capim] custódio também. Mas temos notado que depois que começamos a usar a sequencia de dois pré-emergentes, diminuiu demais [as plantas daninhas], ou seja, vai diminuindo o banco de sementes no solo”, conta o produtor rural Fabiano Ferrari.
De acordo com ele, outro benefício é a diminuição dos custos de produção. “O que está acontecendo também é a redução de nosso uso de glifosato. Neste ano utilizamos bem menos glifosato do que nos últimos anos. Isso é uma coisa boa porque com essa disparada do preço do glifosato e a redução de oferta do produto no mercado, vimos que o pré-emergente fez sua parte”, conta.
Os pré-emergentes são herbicidas utilizados antes ou logo após o plantio da soja e sua aplicação deve anteceder a emergência das ervas daninhas. É importante se atentar que o solo precisa oferecer umidade para a absorção do produto. Já para lavouras que utilizam o plantio direto, deve-se ter atenção à palhada. De acordo com o pesquisador da Embrapa Soja, Dionísio Gazziero, esse é, inclusive, um fator que o produtor e o técnico agrônomo devem estar alertas: quanto maior a palha, maior a dificuldade de o produto chegar ao solo.
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“O ideal é que de 80% a 100% do produto possa passar por essa palha com uma chuva de 20mm, 30mm”, explica. Assim, o pré-emergente auxilia no controle efetivo de plantas mais resistentes. “Algumas espécies têm capacidade de ter uma germinação escalonada, ou seja, não vem de uma vez, como o caruru, o amendoim-bravo […]. Assim, quando se aplica o herbicida pós-emergente, ele não tem o efeito residual e vai funcionar naquele momento. Já o herbicida pré-emergente vai ficar com o resíduo que vai eliminando essas plantas que vão nascendo”, explica Gazziero. Assim, a combinação de pré e pós-emergentes são ações efetivas ao produtor rural.
A disputa da planta daninha com a soja por luz, água e espaço gera prejuízos para a lavoura. Em áreas comerciais, as perdas variam entre 15% e 30%. Já em áreas experimentais, a falta de controle pode gerar danos de até 100%. Para o engenheiro agrônomo e professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), André da Rosa Ulguim, estimativas dão conta que cerca de 50% das lavouras de soja no Brasil fazem uso de herbicidas pré-emergentes. “Diria que praticamente todas as áreas de produção de soja do país são aptas a receber aplicação de herbicidas pré-emergentes. Destaco três fatores para isso. O primeiro é o histórico da lavoura, como vem sendo realizado o manejo nos últimos anos e como se dá o histórico de infestação de plantas daninhas”, contextualiza.
Desta forma, Ulguim ressalta que o segundo fator é o histórico e o controle dos problemas de plantas daninhas resistentes. “Temos visto cada vez mais aumentar o número de plantas daninhas resistentes a herbicidas, sobretudo aqueles aplicados na pós-emergência. Nesse contexto, o pré-emergente é uma ferramenta obrigatória para que se atinja controles e produtividades que primam a excelência. O terceiro fator são as questões do solo e do clima de determinada região ou mesmo de talhões da lavoura que vão permitir ou não o uso desses produtos”.
Segundo ele, o produtor pode adotar o manejo com pré-emergente no sistema aplique-plante, ou seja, semear logo após a aplicação do herbicida. “Mas existe também uma alternativa que é o uso desses produtos logo após a semeadura da soja que, no ponto de vista prático, chamamos de plante-aplique, ou seja, o produtor faz a semeadura da cultura e logo depois faz a aplicação desses herbicidas. Em qualquer dessas situações, o importante é que haja coexistência do período residual do herbicida no solo que deve coincidir com os períodos iniciais de emergência da cultura”.