Na última segunda-feira, o sócio-diretor da Carlos Cogo Consultoria respondeu a 10 perguntas sobre o mercado de milho, mercado de soja e mercado de câmbio. Confira as respostas do consultor de mercado Carlos Cogo.
1.O preço do milho vai parar de cair? E quando vai começar a subir?
O preço do milho já parou de cair, o fundo do poço já passou e as cotações já voltaram a subir em algumas regiões acumulando em algumas localidades alta de 5% nos últimos 7 dias. Foi-se o fundo do poço e a tendência é de retomada de alta nos próximos dias.
2. Quais os motivos que vão puxar a alta?
Basicamente por conta dos baixos estoques de passagem. Ainda que venhamos a exportar menos esse ano, realmente havia muito da segunda safra comprometida pelos produtores de Mato Grosso, e evidentemente pela quebra de 20% da segunda safra brasileira, o que acabou reduzindo e enxugando a oferta interna. Então os preços voltam a ter tendência de alta.
3.Vem aí uma nova crise de abastecimento de milho no Brasil?
É possível, principalmente no final do ano. A transição entre dezembro e janeiro, imaginando que a primeira safra brasileira continua curta e com estoques de passagem muito baixos, poderá ter repique de alta com os preços bem puxados para cima no final do ano.
4. O preço do milho vai voltar a ficar acima de R$60 em algumas regiões?
Essa pergunta eu ouvi muito e não é impossível que isso ocorra. Pode ocorrer novamente.
5. Como vai ser o preço do milho para o próximo ano?
Tudo indica que o preço vai continuar em patamares elevados. Não os patamares recordes vistos no primeiro semestre. Mas como os negócios antecipados já estão sendo feitos pelos produtores tanto para a safra de verão quando para a segunda safra de Mato Grosso, a preços muito acima do que a gente viu nos últimos anos e muito similares aos vistos no ano passado, significa que os preços do milho seguirão firmes em 2017.
6. Estamos falando em garantia de boa remuneração para quem apostar no milho?
Estamos falando, por exemplo, de pagamento em janeiro para safra de verão em R$ 42 no sul do Brasil e R$ 23 a 24 em Mato Grosso para entrega em junho a agosto. Ou seja, uma boa remuneração para os produtores até porque compraram os insumos no primeiro semestre a valores mais baixos do que no ano passado.
7. O preço da soja vai voltar a subir no segundo semestre?
A tendência é essa, embora tenhamos uma queda do dólar. Há uma compensação através dos prêmios nos portos. Para embarque em setembro o prêmio de hoje já se aproxima de US$ 2 por bushel sobre Chicago. Então temos uma entressafra no Brasil bem definida. Por mais que as exportações percam ritmo, vai ficar escassa a oferta interna e os preços domésticos voltarão a subir. E ainda, evidentemente em algum momento, mesmo sabendo de uma chance de uma safra grande dos Estados Unidos, o mercado deverá sofrer algum estresse em relação ao clima e poderá surgir boa oportunidade de venda ligada a alta na bolsa de Chicago.
8. A saca da soja volta para R$100 por saca?
Não é impossível, mas é cada vez mais difícil a medida que está havendo uma confiança maior na política econômica do país e entende-se que o câmbio vai ser um impeditivo de retomada de patamares como os vistos de R$ 100 por saca.
9. Se a safra dos Estados Unidos for recorde, você mantém a tendência de alta para soja e milho no segundo semestre?
Um safra recorde de milho e soja nos Estados Unidos é bastante baixista para os preços internacionais e isso pode pressionar os preços no Brasil também. Porém, no ano que vem, o Brasil deve exportar volumes maiores e isso deve dar mais consistência aos preços internos. No caso da soja, uma grande safra dos Estados Unidos já está precificada pelo mercado e não teria mais grande capacidade para pressionar os preços globais. O mercado climático ainda não terminou e é muito cedo para dizer que está garantida uma safra cheia nos Estados Unidos. Por enquanto, o clima está favorável e está indicando que os Estados Unidos vão colher uma grande safra em 2016.
10. Qual é a previsão para o dólar ao fim do ano?
Essa é uma das previsões mais difíceis. O câmbio nesse momento tem pressão de baixa, mesmo com as intervenções do Banco Central. Isso está ligado a um maior otimismo do mercado financeiro e há grande chance do câmbio voltar a se aproximar de R$ 3 ao fim do segundo semestre.
Por KELLEN SEVERO do Canal Rural