O Projeto “Sucuriú” terá capacidade de 2,5 milhões de toneladas por ano e deve entrar em operação no primeiro trimestre de 2028; investimento de R$ 15 bilhões
A Arauco anunciou esta semana a instalação de uma megafábrica no município de Inocência (MS), a 337 quilômetros de Campo Grande. O investimento é estimado em R$ 15 bilhões e marca a chegada do grupo chileno à indústria de celulose no Brasil – a Arauco já estava presente no país com operações florestais e quatro plantas de painéis de madeira.
O Projeto “Sucuriú” terá capacidade de 2,5 milhões de toneladas por ano de celulose de eucalipto e deve entrar em operação no primeiro trimestre de 2028. Além disso, elevará a capacidade de produção da Arauco em cerca de 50%, de 5,2 milhões de toneladas por ano incluindo o Projeto Mapa – a expansão em curso no Chile –, para 7,7 milhões de toneladas anuais.
O acordo foi oficializado durante evento de lançamento do Plano Estadual de Florestas Plantadas (Profloresta), da Secretaria de Estado da Produção, Meio Ambiente Desenvolvimento Econômico e Agricultura Familiar (Semagro), que contou com a presença do governador Reinaldo Azambuja Silva, do CEO da Arauco, Matias Domeyko Cassel, entre outras autoridades e executivos do grupo.
A partir de agora, a companhia dará início ao licenciamento ambiental do projeto, uma das condições que devem ser atingidas para que o investimento seja executado. O projeto deve ser submetido à aprovação do conselho de administração no segundo semestre de 2024, com início das obras em janeiro de 2025.
De acordo com o presidente da Arauco no Brasil, Carlos Altimiras, serão necessários cerca de 380 mil hectares em área bruta para desenvolver a fábrica. O grupo já possui 60 mil hectares, entre os quais 40 mil plantados com eucalipto, e já negocia para garantir madeira suficiente para o início de operação em 2028. Em 2024, pretende alcançar de 70% a 80% da área total necessária.
A unidade será a mais competitiva do grupo chileno, com distância média de 150 quilômetros entre fábrica e florestas. Instalada na margem esquerda do Rio Sucuriú, poderá contar com acesso rápido a canais de escoamento da celulose, incluindo a Rodovia MS 377, o Rio Paraná e malha ferroviária.
Usando fonte renovável, a futura fábrica será autossuficiente em energia, com capacidade de geração de 400 megawatts (MW) a partir do reaproveitamento de biomassa. A energia excedente (200 MW) será comercializada no mercado livre.
Com o Projeto Mapa, que deve entrar em operação no segundo semestre deste ano, a Arauco se tornará a segunda maior produtora de celulose de mercado no mundo, atrás apenas da Suzano. O grupo tem fábricas da fibra no Chile, na Argentina e no Uruguai, onde é sócio da Stora Enso na joint venture Montes del Plata.
“O Brasil é um polo importante para a estratégia global do Grupo Arauco. Atuamos no país desde 2002, com as divisões de madeira e operação florestal, e agora estamos avaliando aumentar os investimentos realizados no Brasil, trazendo o setor de celulose para cá. Estamos muito animados com esta possível grande ampliação das atividades da Arauco ao Mato Grosso do Sul, uma região muito importante para a indústria, com grande potencial para o plantio de eucaliptos e excelentes opções logísticas para o escoamento da produção, além de agregar muitos benefícios econômicos e sociais para a região, e com uma, produção de energia limpa e crédito de carbono positivo”, disse o CEO do grupo chileno.
De acordo com o governo estadual, o empreendimento deverá gerar mais de 12 mil empregos no pico da construção. Em operação, a unidade empregará 2,35 mil pessoas, das quais 550 na fábrica, entre diretos e indiretos, e 1,8 mil na área florestal.
“Vamos receber no estado uma das maiores fábricas de celulose do mundo. Será uma unidade moderna, que vai gerar empregos, oportunidades, renda e desenvolvimento social em uma região que também integra a Costa Leste Florestal, mas que não tinha nenhum empreendimento deste tipo. A vinda desta fábrica mostra a confiança dos investidores em Mato Grosso do Sul, na nossa política de incentivos fiscais, na segurança jurídica de quem investe e na estrutura logística que estamos criando para quem precisa escoar a produção”, disse o governador Reinaldo Azambuja.
Para o secretário Jaime Verruck (Semagro), a partir de agora, o grande desafio do estado é a logística. “Esta indústria que está sendo instalada em Ribas do Rio Pardo (Suzano) e a que estamos anunciando hoje, elas geram a capacidade para que Mato Grosso do Sul mantenha seu ritmo de crescimento nos próximos 4 a 5 anos a taxas superiores a 5%”, afirmou, destacando que o governo também deve investir na capacitação da mão de obra.
A Celulosa Arauco y Constitución é uma empresa chilena do ramo madeireiro, especializada na fabricação de celulose e painéis. A empresa pertence ao Grupo AntarChile, fundado por Anacleto Angelini, e possui cinco fábricas de celulose no Chile e uma na Argentina, além de quatro fábricas para a fabricação de madeira reconstituída, sendo duas na Argentina e duas no Brasil.
No Brasil, o grupo mantém a Arauco do Brasil, com unidades em Piên e em Jaguariaíva (850 mil m³/ano), ambas no Paraná, e uma planta química industrial em Araucária. No Mato Grosso do Sul, a Arauco já tem a empresa florestal Mahal, com mais de 60 mil hectares de florestas cultivadas em seis cidades (Aparecida do Taboado, Selvíria, Água Clara, Chapadão do Sul e Três Lagoas).