Acordo prevê a contratação de uma empresa para a execução dos trabalhos técnicos e a revisão terá início imediato
O anúncio do acordo firmado entre a Organização das Associações de Produtores de Cana do Brasil (ORPLANA) e a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA) é sinal de que o bom senso prevaleceu. “A medida vem ao encontro do que vínhamos, de forma insistente, apregoando quanto à necessidade premente de se promover a revisão do Consecana-SP (Conselho de Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Etanol do Estado de São Paulo)”, afirma Almir Torcato, gestor da Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo).
Os últimos meses foram marcados por intensas negociações, onde as lideranças da ORPLANA, em conjunto com demais representantes dos produtores, atuaram como protagonistas, na defesa dos produtores em busca da revisão necessária, para corrigir as distorções que provocam desequilíbrio na cadeia produtiva no momento da remuneração.
O gestor da Canaoeste destaca recente estudo realizado pela ORPLANA e divulgado na primeira quinzena de outubro, que identificou um desequilíbrio econômico e prejuízo dos produtores de cana no custo de produção, provocados pela falta de revisão no Consecana. O relatório anual da entidade, de 2023/24, da região Centro-Sul, evidencia que o prejuízo dos agricultores acontece independentemente de seu estado de atuação ou tamanho.
Para os dirigentes da Canaoeste, o documento contribuiu de forma significativa para acelerar o ritmo das negociações. “Nós como Canaoeste, eu como membro do Consecana, inclusive com a participação
do Fernando (dos Reis Filho), nosso presidente, estivemos presente em diversos encontros e reuniões de negociações, procuramos discutir o tema em nossos veículos de informação, revista e podcast para trazer
em tela a importância desse movimento, buscando sempre o diálogo justo, para que pudéssemos buscar o entendimento nas negociações”, informou Torcato.
Para Torcato, os bônus que, eventualmente, vêm sendo oferecidos no decorrer das negociações, estão longe de serem a solução definitiva para o problema. “Entendemos, que eventuais bônus que estejam sendo aplicados nas negociações, não interferem na necessidade de atualização do Consecana. Por não terem percentuais devidamente fixados, estabelecidos e previamente acordados, os bônus se transformam em uma opção e premissa de negociação, que, em via de regra, funciona estrategicamente para o comprador e nunca para o vendedor da cana, já que o material biológico é suscetível”, avalia o gestor da Associação.
A revisão sempre defendida pela Canaoeste e demais entidades que representam os produtores, segundo Torcato, deve atualizar as premissas e garantir que o razoável mínimo seja aplicado de alguma maneira a todos da cadeia, refletindo as transformações vivenciadas pelo setor.
No acordo, anunciado no último dia 27, ficou estabelecido que a revisão terá início imediato e será conduzida por um grupo composto por quatro representantes dos produtores rurais e quatro representantes das indústrias, que devem conduzir a contratação de uma empresa para a realização do trabalho técnico, garantindo os contratos vigentes, a avaliação da condição econômica do fornecedor do Estado de São Paulo e a proposta de ajustes aplicados exclusivamente aos fornecedores de cana-de-açúcar do Consecana-SP.
As conclusões dos trabalhos e sua deliberação serão publicadas até 30 de junho de 2024, com a aplicação de ajustes, se necessário, ainda na safra 2024/25.
“Enxergamos no Consecana, um fórum que foi concebido para estimular o diálogo, e com base na equidade, construir soluções, em que todos os participantes da cadeia, se sintam contemplados, de forma que possamos prosseguir, trilhando nossa jornada de desafios rumo à verdadeira sustentabilidade. O acordo firmado é a vitória do bom senso e a prova de que as lideranças envolvidas em sua elaboração, se encontram à altura dos seus representados” afirma Torcato.
ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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