Conheça quais são os peixes mais cultivados no Brasil

O Brasil é um dos maiores produtores de peixe do mundo, e as projeções indicam que o setor continuará crescendo nos próximos anos.

A aquicultura brasileira tem se consolidado como um pilar estratégico na produção de alimentos e na geração de renda. Em 2024, o setor registrou um crescimento de 8,8%, alcançando uma produção de 1,76 milhão de toneladas de rações destinadas à aquicultura, conforme dados do Sindirações. Conheça quais são os peixes mais cultivados no Brasil, seus impactos e projeções.

No cenário global, a produção aquícola ultrapassou pela primeira vez a pesca de captura, representando 51% da produção total de animais aquáticos, segundo relatório da FAO. Esse marco ressalta a importância da aquicultura para a segurança alimentar mundial, e o Brasil desempenha um papel de destaque nesse contexto. Diante desse panorama, é fundamental conhecer quais são as espécies de peixes mais cultivadas no país, entendendo suas características e relevância para o mercado nacional e internacional.

Panorama da piscicultura brasileira

A piscicultura brasileira tem apresentado um crescimento notável nos últimos anos, consolidando-se como uma atividade econômica de grande relevância. Em 2023, a produção nacional de peixes de cultivo atingiu 887.029 toneladas, representando um aumento de 3,1% em relação ao ano anterior, quando foram produzidas 860.355 toneladas.

A produção aquícola no Brasil está distribuída de forma heterogênea, com destaque para alguns estados que lideram o setor. O Paraná se destaca como o maior produtor nacional, impulsionado principalmente pela criação de tilápia. Outros estados de relevância incluem São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais, que juntos contribuem significativamente para o volume total de produção. As condições climáticas favoráveis e a crescente demanda por peixes de cultivo são fatores que estimulam esse crescimento, especialmente na região Sul do país.

A piscicultura movimenta aproximadamente R$ 9 bilhões por ano no Brasil, gerando cerca de 1 milhão de empregos diretos e 2 milhões de indiretos. Além do mercado interno, o país tem ampliado sua presença no cenário internacional. Em 2023, foram exportadas 6.815 toneladas de peixes de cultivo, resultando em uma receita de US$ 24,7 milhões. A tilápia foi responsável por 94% desse volume exportado, consolidando-se como a principal espécie destinada ao mercado externo.

O Brasil é o maior produtor de tilápia da América Latina e ocupa a quarta posição mundial nesse mercado. Isso coloca o país em uma posição estratégica para aumentar suas exportações, especialmente para mercados da Ásia e da Europa, onde a demanda por pescado de qualidade continua em ascensão.

Os peixes mais cultivados no Brasil: quais são eles?
Foto: Divulgação

Os peixes mais cultivados no Brasil

A seguir, apresentamos as principais espécies produzidas no país:

Tilápia

Introduzida no Brasil na década de 1950, a tilápia rapidamente se adaptou às condições climáticas e aos sistemas de cultivo locais. Sua popularidade deve-se ao rápido crescimento, resistência a doenças e alta aceitação no mercado consumidor. Em 2023, a produção de tilápia alcançou 579.080 toneladas, representando aproximadamente 65% da produção nacional de peixes de cultivo. Este crescimento está diretamente relacionado à melhora nas práticas de manejo, uso de rações de melhor qualidade e sistemas de produção sustentáveis.

Tambaqui

Nativo das bacias amazônica e do Orinoco, o tambaqui é especialmente importante nas regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil. Conhecido por seu sabor característico e rusticidade, adapta-se bem à piscicultura comercial. Em 2023, a produção de tambaqui representou 17,3% do total de peixes produzidos no país, alcançando 153.000 toneladas. Essa espécie é especialmente valorizada pela sua carne de alta qualidade e sabor, além de sua resistência a variações de temperatura e qualidade da água.

Pacu

O pacu é valorizado por sua capacidade de integração em sistemas de produção consorciados, contribuindo para a diversificação e sustentabilidade da piscicultura. Estados como Mato Grosso, Rondônia e Pará destacam-se na criação dessa espécie. Em 2023, a produção de pacu e seus híbridos, como o tambacu, alcançou 65.000 toneladas, representando 7,3% da produção nacional. O pacu é uma espécie de fácil manejo e tem grande aceitação no mercado interno devido ao seu sabor suave e versatilidade no preparo.

Carpa

Originária da Ásia, a carpa foi introduzida no Brasil há várias décadas e tornou-se uma espécie tradicional na piscicultura nacional. Em 2023, a produção de carpa foi de aproximadamente 20.000 toneladas, correspondendo a 2,3% da produção total de peixes de cultivo no país. A carpa é uma das principais espécies cultivadas no Brasil, sendo apreciada especialmente em feiras e mercados especializados em peixe ornamental.

Pintado e outros peixes nativos

A criação de peixes nativos, como o pintado e o pirarucu, tem ganhado destaque devido à demanda por produtos regionais e de alto valor agregado. O pintado, por exemplo, é apreciado por sua carne de qualidade e tem sido cultivado em sistemas de tanques-rede e viveiros escavados. Em 2023, a produção de pintado e outras espécies nativas alcançou 70.000 toneladas, representando 7,9% da produção nacional. Esses peixes nativos são altamente valorizados em mercados locais e no ecoturismo, onde a pesca esportiva e a oferta de carne fresca são atrativos para turistas.

Os peixes mais cultivados no Brasil: quais são eles?
Foto: Divulgação

Desafios e tendências da piscicultura no Brasil

A piscicultura no Brasil enfrenta desafios estruturais e técnicos que limitam o pleno potencial do setor. Entre os principais entraves, destacam-se:

  • Alimentação: Cerca de 60% dos custos de produção na piscicultura estão relacionados à alimentação dos peixes. A busca por fontes alternativas e mais sustentáveis de ração tem se intensificado nos últimos anos.
  • Sanidade: Investir em controle sanitário eficiente, como o uso de probióticos e vacinas, é fundamental para a manutenção da saúde do rebanho e a redução de doenças.
  • Logística: Infraestrutura deficiente e custos elevados de transporte afetam a competitividade do setor. O escoamento da produção para mercados internacionais exige um sistema logístico eficiente e que possa reduzir o impacto da distância entre as áreas de produção e os portos de exportação.

Adoção de tecnologias e manejo sustentável

A modernização do setor tem sido um diferencial para aumentar a produtividade e a sustentabilidade. Tecnologias como:

  • Sistemas de bioflocos (BFT): Melhoram a qualidade da água e reduzem custos operacionais. Esses sistemas têm sido amplamente adotados por piscicultores em diversas regiões do país.
  • Manejo automatizado: Uso de sensores e inteligência artificial para otimizar os sistemas de cultivo, monitorando a qualidade da água, a alimentação dos peixes e outros fatores críticos.

Expansão do mercado interno e oportunidades de exportação

O mercado interno continua crescendo, com o aumento do consumo per capita de peixes pelos brasileiros. Em 2023, a média nacional foi de 12 kg por habitante. No mercado externo, a exportação de tilápia gerou US$ 23 milhões, representando um crescimento de 38% em relação ao ano anterior.

Sustentabilidade como prioridade

A sustentabilidade é um dos pilares da piscicultura moderna. Algumas tendências incluem:

  • Certificações ambientais: Produtos com selos de sustentabilidade têm maior aceitação no mercado internacional. A certificação de práticas responsáveis de cultivo tem se tornado um diferencial competitivo.
  • Uso consciente da água: Sistemas de recirculação ajudam a reduzir o consumo hídrico em até 80%, tornando a produção mais eficiente e menos dependente de fontes externas de água.
Os peixes mais cultivados no Brasil: quais são eles?
Foto: Divulgação

O crescimento da piscicultura brasileira demonstra sua importância estratégica para o agronegócio. Espécies como tilápia, tambaqui e pintado sustentam a demanda alimentar do mercado interno e consolidam o Brasil como um player relevante no comércio internacional. O setor apresenta grande potencial de expansão, não apenas no abastecimento local, mas também no aumento das exportações, especialmente para países da Ásia, Europa e América do Norte.

Com desafios, mas também com grandes oportunidades, a piscicultura tem o poder de impulsionar o agronegócio brasileiro para um futuro sustentável e de crescimento contínuo.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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