Embora a perspectiva de crescimento seja moderada, as variações nos principais países produtores geram importantes reflexões, entre os maiores rebanhos, o Brasil, que ocupa o segundo lugar no ranking global com 193,9 milhões de cabeças
O estoque mundial de bovinos desempenha um papel fundamental na dinâmica da pecuária global, influenciando desde a produção de carne até a cadeia de leite e subprodutos. Com a previsão de que o estoque mundial de bovinos atinja 944,14 milhões de cabeças em 2024, o setor se mantém relativamente estável, com um crescimento acumulado de 1,70% desde 2019.
Embora a perspectiva de crescimento seja moderada, as variações nos principais países produtores geram importantes reflexões. Entre os maiores rebanhos, o Brasil, que ocupa o segundo lugar no ranking global com 193,9 milhões de cabeças, enfrenta uma leve queda de 0,24% em comparação com 2023. O mesmo ocorre com os Estados Unidos, o maior produtor mundial de carne bovina, onde o rebanho deve recuar 1,88% em 2024, atingindo 87,6 milhões de cabeças. Esses declínios são contrabalançados pelo crescimento contínuo da China, que prevê um aumento de seu rebanho para 105,5 milhões de cabeças, marcando um novo recorde.
Projeção Global para 2025
O rebanho mundial de bovinos de corte deverá iniciar 2025 com um estoque estimado de 922,69 milhões de cabeças, representando uma redução em relação aos 932,34 milhões de 2024 e aos 943,77 milhões de 2023.
Projeções por países
- Brasil: O rebanho brasileiro de bovinos de corte deve iniciar 2025 com 186,66 milhões de cabeças, marcando o segundo ano consecutivo de queda e o menor patamar desde 2020.
- Estados Unidos: O rebanho de bovinos de corte dos EUA deverá acumular o sexto ano consecutivo de queda em 2025, ficando abaixo de 90 milhões de cabeças, o que ocorre desde 2023.
- China: A China deve continuar aumentando seu rebanho de bovinos, com previsão de alcançar 105,5 milhões de cabeças em 2024.
Análise dos Maiores Rebanhos de Bovinos no Mundo
Índia
A Índia continua na liderança global do estoque de bovinos, com uma projeção de 307,5 milhões de cabeças para 2024. Embora o país se destaque pela grande quantidade de bovinos, é importante notar que a maior parte da produção está voltada para o leite, com ênfase em derivados lácteos. A produção de carne bovina no país é relativamente menor, devido a questões culturais e religiosas que limitam o abate de bovinos, particularmente as vacas.
Brasil
O rebanho brasileiro deverá atingir 193,9 milhões de cabeças em 2024, o que representa uma queda de 0,24% em relação ao ano anterior. Apesar dessa redução, o Brasil continua sendo o maior produtor e exportador mundial de carne bovina. No entanto, o país enfrenta desafios climáticos e sazonais, como secas e variações nos preços dos insumos, o que pode impactar a produtividade e a sustentabilidade do setor. Mesmo assim, o Brasil mantém uma forte posição no mercado internacional, com grande participação nas exportações, especialmente para países da Ásia.
China
A China apresenta uma projeção de crescimento para o seu rebanho, com expectativa de alcançar 105,5 milhões de cabeças em 2024. O país não apenas cresce como produtor, mas também como consumidor, sendo um dos maiores mercados de carne bovina do mundo. Esse crescimento está relacionado a uma maior demanda interna, impulsionada pela urbanização, aumento da classe média e a diversificação da dieta da população chinesa, que está incorporando mais proteínas animais, incluindo carne bovina, à sua alimentação.
Estados Unidos
O rebanho bovino dos Estados Unidos deve diminuir para 87,6 milhões de cabeças em 2024, uma queda de 1,88% em relação ao ano anterior. Essa redução faz parte de uma tendência mais ampla de declínio, com uma projeção de diminuição de 7,6% desde 2019. O motivo para essa queda é a adaptação dos produtores a mudanças nos sistemas de produção, como a transição para modelos mais intensivos e a redução de incentivos fiscais ao setor, além de fatores econômicos que impactam a viabilidade de longo prazo da pecuária extensiva. O país continua sendo um grande produtor de carne bovina, mas a diminuição do rebanho pode afetar suas exportações.
Outros Países do Top 10:
Argentina
A projeção para a Argentina é de uma queda de 1,4% no estoque de bovinos em 2024, com um total estimado de 52,5 milhões de cabeças. A Argentina enfrenta desafios climáticos, políticas de restrição à exportação e questões internas que afetam sua produção de carne.
União Europeia
Com rebanhos mais estáveis, a União Europeia continua sendo um dos maiores produtores de carne bovina, com uma produção diversificada e mercados de exportação importantes. O setor enfrenta pressões regulatórias relacionadas a bem-estar animal e sustentabilidade ambiental.
Austrália
O rebanho australiano continua a se recuperar após anos de seca severa, com uma expectativa de crescimento moderado. A Austrália é um importante exportador de carne bovina, especialmente para mercados asiáticos.
México
O México mantém um rebanho de bovinos estável, com crescimento moderado na produção de carne. O país também se destaca como um exportador significativo para os Estados Unidos e outros mercados.
Rússia
A Rússia tem investido no aumento de sua produção interna de carne bovina, com projeções de crescimento, mas ainda enfrenta desafios relacionados à infraestrutura e sanções econômicas internacionais.
Turquia
A Turquia é um país de crescente importância no mercado de carne bovina, com aumentos no consumo interno e na produção, especialmente na parte asiática do país.
Razões para a estabilidade e queda nos maiores rebanhos
- Brasil: O Brasil continua sendo um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina do mundo. A estabilidade do rebanho em 2024, com uma leve queda de 0,24%, está ligada a um aumento na produtividade, impulsionado por inovações tecnológicas e pela expansão das áreas de pastagem. No entanto, o setor enfrenta desafios climáticos e sazonais, como secas e variações na chuva, que afetam diretamente a produção de forragem e, consequentemente, o crescimento do rebanho. A variabilidade nas condições climáticas pode prejudicar a eficiência da produção, afetando a taxa de crescimento do rebanho, embora o Brasil continue a dominar no comércio global de carne bovina.
- Estados Unidos: Nos Estados Unidos, a transição para modelos de produção mais intensivos e eficientes tem impactado diretamente o estoque de bovinos. O país tem adotado sistemas de produção que priorizam o uso de tecnologias avançadas, como alimentação balanceada e otimização de processos. No entanto, a diminuição da oferta de pastagem, aliada ao aumento dos custos de produção e a necessidade de reduzir a dependência de recursos naturais, resultou na queda do rebanho, projetada para ser 7,6% inferior em 2024 em comparação com 2019. O modelo de produção intensiva tem gerado efeitos de curto e longo prazo no rebanho, com impacto direto na quantidade de bovinos disponíveis para abate.
- Argentina: A Argentina, tradicionalmente uma grande produtora de carne bovina, está enfrentando desafios significativos. O mercado interno tem se mostrado volátil, e a combinação de dificuldades climáticas com uma política de restrição de exportações tem enfraquecido a competitividade do setor. Além disso, o Brasil, que tem um custo de produção mais competitivo e políticas mais flexíveis, tem conquistado fatias maiores do mercado internacional, resultando em uma redução no estoque de bovinos na Argentina. A previsão de queda de 1,4% no rebanho em 2024 reflete esses desafios, com uma projeção de enfraquecimento no longo prazo.
O impacto da china no mercado global
A China está emergindo como uma potência crescente no mercado global de carne bovina. O rebanho de bovinos do país tem apresentado um crescimento constante, projetado para alcançar 105,5 milhões de cabeças em 2024. Esse crescimento reflete não apenas a recuperação do rebanho local, mas também uma demanda crescente por carne bovina devido ao aumento da classe média e à diversificação da dieta da população. Para lidar com as limitações de espaço e os desafios ambientais, como poluição e doenças animais, a China tem adotado estratégias de modernização do setor, incluindo investimentos em genética de rebanhos, melhores práticas de manejo e a intensificação da produção. Além disso, o país tem se tornado um grande importador de carne bovina, especialmente de países como o Brasil e a Austrália, para atender à crescente demanda interna.
As previsões para o estoque de bovinos em 2024 indicam um cenário de relativa estabilidade no mercado global, com o rebanho mundial atingindo 944,14 milhões de cabeças. Embora a Índia e a China apresentem crescimento, a queda nos rebanhos de países como o Brasil, os Estados Unidos e a Argentina reflete uma combinação de fatores como mudanças nos modelos de produção, desafios climáticos e políticas econômicas. A estabilidade e os ajustes nos maiores rebanhos de bovinos têm implicações significativas para o comércio global de carne bovina, com a China desempenhando um papel cada vez mais central tanto como produtor quanto importador. O impacto dessas mudanças será determinante para o mercado de carne nos próximos anos, moldando as perspectivas de oferta e demanda global.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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