A pecuária bovina no Brasil continua a mostrar sua força e importância econômica, com o rebanho bovino brasileiro atingindo um novo recorde de 234,4 milhões de animais. Nesse cenário, alguns estados nacionais apresentam uma relação entre pessoas e gado que chega a quase dez vezes mais animais do que habitantes; conheça
O Brasil, país reconhecido por sua vasta extensão territorial e sua diversidade cultural, apresenta uma peculiaridade demográfica surpreendente: há mais cabeças de gado do que habitantes. Segundo os dados do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto o país conta com uma população de 203.062.512 de pessoas, o rebanho bovino atinge a marca de 234.400.112 cabeças.
Essa discrepância entre a população humana e bovina traz à tona reflexões sobre a dinâmica econômica e social do país. A pecuária, sendo uma atividade predominantemente rural e distante dos grandes centros urbanos, é responsável por essa disparidade impressionante. Alguns estados brasileiros apresentam uma relação entre pessoas e gado que chega a quase dez vezes mais animais do que habitantes.
Números impressionantes na pecuária bovina
A pecuária bovina no Brasil continua a mostrar sua força e importância econômica, com o rebanho bovino brasileiro atingindo um novo recorde de 234,4 milhões de animais em 2022, representando um aumento significativo de 4,3% em relação ao ano anterior. Esses dados, provenientes da Pesquisa Produção da Pecuária Municipal 2022 divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), refletem a resiliência e o potencial do setor pecuário brasileiro.
Entre os estados, Mato Grosso se destaca como líder no rebanho bovino, com 34,2 milhões de cabeças, correspondendo a 14,6% do total nacional. Em seguida, o Pará ultrapassou Goiás, assumindo a segunda posição com 10,6% do efetivo bovino do país. No âmbito municipal, São Félix do Xingu (PA) mantém sua posição de liderança, com um impressionante total de 2,5 milhões de cabeças de gado, destacando-se como um dos principais polos da pecuária bovina no Brasil.
A criação da pecuária bovina de corte é predominante nacionalmente, representando uma parte significativa da economia nacional. Entre 2019 e 2020, o país experimentou um salto em sua participação no Produto Interno Bruto (PIB), passando de 8,4% para 10%.
Além do crescimento no número de cabeças de gado, as exportações brasileiras de carne bovina (in natura e processada) também registraram um aumento significativo, totalizando 2,536 milhões de toneladas em 2023, um aumento de 8,15% em comparação ao ano anterior. Esse desempenho robusto nas exportações reforça a posição do Brasil como um dos principais players do mercado global de carne bovina, contribuindo para a balança comercial do país e impulsionando a economia nacional.
Estados com mais gado que pessoas
Além do Brasil como um todo, alguns estados brasileiros apresentam uma notável disparidade entre o número de cabeças de gado e a população humana. Um exemplo é Rondônia, localizado na região norte do país. Com uma população de aproximadamente 1,6 milhão de habitantes, Rondônia abriga um impressionante rebanho bovino de mais de 15 milhões de cabeças, estabelecendo uma relação de gado por pessoa de quase 10 para 1.
Outro estado com essa característica é o Mato Grosso, situado na região centro-oeste do Brasil. Com uma população de cerca de 2,8 milhões de pessoas, o Mato Grosso possui um rebanho bovino que ultrapassa os 18 milhões de cabeças. Essa relação entre o número de cabeças de gado e a população humana destaca a importância da pecuária para a economia e o modo de vida desses estados.
Esses exemplos evidenciam como a pecuária desempenha um papel significativo em certas regiões do Brasil, não apenas como uma atividade econômica vital, mas também como parte integrante da cultura e da identidade desses estados. A presença de um número tão expressivo de cabeças de gado em relação à população humana reflete as condições geográficas e econômicas únicas dessas regiões, bem como o impacto da indústria pecuária em sua dinâmica socioeconômica.
Confira a seguir o ranking completo dos 11 estados com mais gado do que gente:
Veja em detalhes a razão entre o rebanho e a população dos estados no gráfico abaixo:
São Félix do Xingu, maior rebanho bovino municipal do Brasil
São Félix do Xingu, no Pará, mantém-se como um dos principais protagonistas da pecuária brasileira, liderando o efetivo de rebanho bovino no país pelo 13º ano consecutivo. O município registrou um total de 2,52 milhões de cabeças de gado, se destacando por abrigar o maior rebanho bovino municipal do Brasil.
Além de liderar o ranking nacional do setor, o município se destaca também por sua extensão territorial impressionante. Com 84,2 mil quilômetros quadrados, ocupa uma área que é o dobro de alguns países europeus, como a Holanda e a Suíça, cada um com 41 mil quilômetros quadrados. Essa vasta extensão territorial proporciona condições favoráveis para a expansão da atividade pecuária, contribuindo para a consolidação de São Félix do Xingu como um dos principais polos pecuaristas do país.
Apesar de seu papel fundamental na pecuária brasileira, enfrenta desafios relacionados ao desmatamento, sendo um dos 15 municípios do Pará responsáveis por 75% do desmatamento no estado no período de 2019 a 2022, de acordo com o governo estadual. Essa questão ressalta a necessidade de políticas e práticas sustentáveis para conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental, garantindo um futuro próspero para a região e suas atividades pecuárias.
Importância do Censo na pecuária
Do ponto de vista da pecuária, o Censo desempenha um papel crucial ao fornecer dados precisos e atualizados sobre o rebanho bovino e sua distribuição pelo território nacional. Essas informações são fundamentais para entender a dinâmica da atividade pecuária, incluindo aspectos como tamanho do rebanho, áreas de concentração, tendências de crescimento e perfil dos produtores. Com base nos dados, é possível identificar regiões com potencial para expansão da pecuária, áreas com problemas específicos, como desmatamento ou degradação ambiental, e direcionar políticas e investimentos para promover um desenvolvimento sustentável do setor.
Além disso, o relatório permite uma análise detalhada das características do rebanho bovino, como raças predominantes, idade dos animais, sistemas de criação e produtividade. Essas informações são essenciais para o planejamento e implementação de medidas voltadas para o aumento da produtividade e qualidade da pecuária brasileira. Por exemplo, com base nos dados do Censo, é possível identificar áreas com baixa produtividade e implementar programas de assistência técnica e extensão rural para melhorar as práticas de manejo, nutrição e reprodução do gado.
Além disso, também desempenha um papel importante na promoção da transparência e governança na pecuária. Ao disponibilizar informações detalhadas sobre o setor, contribui para a criação de políticas públicas mais eficientes e para o monitoramento do cumprimento de legislações ambientais e sanitárias. Isso é especialmente relevante em um contexto em que a pecuária enfrenta desafios relacionados à sustentabilidade ambiental, como o desmatamento ilegal e a degradação de ecossistemas, e à saúde pública, como o controle de doenças transmitidas pelos animais. Em resumo, esses dados são uma ferramenta fundamental para o planejamento, monitoramento e promoção do desenvolvimento sustentável da pecuária brasileira.
A discrepância entre o número de cabeças de gado e a população humana em determinadas regiões destaca a importância e o impacto significativo da pecuária nessas áreas. Essa característica reflete não apenas a importância econômica da pecuária, mas também sua influência na cultura, na identidade e na dinâmica socioeconômica dessas regiões. É crucial reconhecer e compreender essa realidade para garantir o desenvolvimento sustentável do setor pecuário, promovendo práticas responsáveis, transparência e equidade, além de buscar soluções para os desafios ambientais e sociais associados à atividade.
Escrito por Compre Rural.
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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