Confira as principais culturas e atividades agrícolas do Rio Grande do Sul.
Desde o dia 29 de abril, uma série de chuvas intensas vem afetando o Rio Grande do Sul, atingindo 364 dos 497 municípios do estado. De acordo com o último relatório divulgado pela Defesa Civil estadual, as tempestades resultaram na morte de 83 pessoas e deixaram outras 111 desaparecidas. Os danos se estendem além da perda de vidas, afetando severamente os setores agrícola e pecuário.
Embora ainda não existam estimativas oficiais sobre o valor total dos prejuízos, é evidente o impacto nas lavouras, com perdas significativas nas colheitas, além da morte de animais e a interrupção das operações em diversos frigoríficos.
A agricultura é um pilar crucial para a economia do Rio Grande do Sul, que registrou um Produto Interno Bruto de R$ 594 bilhões em 2022. Deste total, a agropecuária contribuiu com R$ 98,6 bilhões, apesar de uma queda em relação ao ano anterior, principalmente devido à redução nas safras de soja e milho, que foram gravemente afetadas pela seca. Ainda assim, a agropecuária continua sendo essencial para o sustento econômico da região.
A distribuição do Valor Bruto de Produção (VBP) agrícola inclui uma variedade de produtos, entre os quais se destacam:
- Soja, representando 28% do VBP;
- Arroz e frango, ambos com 11%;
- Trigo, com 10%;
- Leite, contribuindo com 8%;
- Bovinos, com 7%;
- Suínos, com 6%;
- Tabaco, com 5%;
- Milho e fruticultura, cada um representando 4%;
- Outros produtos agrícolas, somando 6%.
Esses dados sublinham a diversidade e a importância da agropecuária para a economia local, mesmo em face de desafios climáticos significativos.
Produção de Soja
O Rio Grande do Sul tem sua produção de soja distribuída por 435 municípios, atingindo 12,71 milhões de toneladas na safra 2022/23. Em 2024, a preocupação é com as chuvas, pois a umidade excessiva pode aumentar a acidez do óleo de soja, impactando negativamente a disponibilidade do produto, segundo análises do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
A Emater, em março, anunciou uma previsão otimista, esperando a maior colheita de soja desde 1970, com uma produção estimada em 22,24 milhões de toneladas e uma área cultivada de 6,68 milhões de hectares. No entanto, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até a chegada das chuvas, somente 60% dessa produção havia sido efetivamente colhida.
Produção de Arroz
O Rio Grande do Sul se destaca como o principal produtor de arroz do Brasil. Dados recentes mostram uma produção de 7,24 milhões de toneladas, o que representa 68,15% do total nacional. Ainda é prematuro prever as perdas, mas o Cepea indica que o calendário de colheita já estava atrasado e agora enfrenta mais desafios. As chuvas causaram inundações em muitas das lavouras nos 176 municípios produtores, dificultando a colheita. Além disso, várias estradas foram interditadas, complicando ainda mais a situação dos agricultores.
Setor Avícola
No Rio Grande do Sul, a produção e exportação de frango também são destaques econômicos. Em 2022, o estado conseguiu exportar carne de frango para 131 países. Contudo, as severas condições climáticas recentes podem reduzir esses números. As chuvas intensas levaram à interdição de várias rodovias, complicando o transporte das aves e dos insumos necessários para sua alimentação. Adicionalmente, vários aviários foram destruídos pelas tempestades.
Produção de Trigo
Referente à produção de trigo, o estado gaúcho registrou uma produção de 5,29 milhões de toneladas em 2022, representando 52,6% da produção nacional. As expectativas para a safra 2023/24, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são de cerca de 4,80 milhões de toneladas. O trigo é acompanhado por outros grãos de inverno como a aveia branca, canola, cevada e centeio.
Produção Leiteira
A indústria leiteira do Rio Grande do Sul produz mais de 4 bilhões de litros de leite, com mercados de exportação que incluem Argélia, Uruguai, Chile, Argentina e Cuba. Em contrapartida, os principais países de onde o estado importa produtos lácteos são Uruguai, Argentina, Itália e Estados Unidos.
Criação de Bovinos
O rebanho bovino do estado é composto por 10,08 milhões de cabeças, com exportações de carne para quase 100 países em 2022, enquanto couros e peles foram exportados para 59 países. Os municípios de Alegrete, Santana do Livramento, Uruguaiana, Dom Pedrito, Rosário do Sul, São Gabriel, Bagé, Quaraí, Santiago e São Francisco de Assis lideram em quantidade de rebanhos. De acordo com o Cepea, a destruição de pontes e estradas também tem impactado negativamente o transporte de animais até os frigoríficos para abate.
Produção de Carne Suína
Em 2022, o Rio Grande do Sul produziu 1,05 milhão de toneladas de carne suína, de acordo com a Secretaria da Agricultura. Essa produção resultou em uma receita de exportação de US$ 622 milhões, posicionando o estado como o segundo maior exportador nacional, atrás apenas de Santa Catarina. Os principais mercados internacionais para a carne suína gaúcha incluem China, Hong Kong, Cingapura, Vietnã e Tailândia. Similarmente a outros setores agropecuários, a suinocultura enfrenta desafios devido às chuvas que danificaram estradas essenciais para o transporte de animais e ração.
Produção de Tabaco
O estado também se destacou como o maior exportador de tabaco do Brasil em 2022, com uma produção de 290 mil toneladas. O tabaco gaúcho alcançou 89 países, incluindo Bélgica, China, Estados Unidos, Indonésia e Turquia.
Produção de Milho
A produção de milho no Rio Grande do Sul totalizou 3,95 milhões de toneladas na safra 2022/23, um número que ficou 35% abaixo do esperado devido à estiagem. No ano seguinte, o cenário se inverteu com as chuvas causando prejuízos significativos. Segundo dados da Emater reportados ao Cepea, até o dia 2 de maio, 83% da colheita foi realizada, em comparação com os números mais elevados de Paraná (98%) e Santa Catarina (93%).
Fruticultura
O Rio Grande do Sul é um importante produtor de frutas, destacando-se na produção de uva, que representa 53% do total nacional com 907 mil toneladas colhidas em 2022. Outras frutas significativas incluem:
- Maçã: 556 mil toneladas
- Laranja: 320 mil toneladas
- Bergamota/Tangerina: 169 mil toneladas
- Banana: 142 mil toneladas
- Pêssego: 130 mil toneladas
- Melancia: 166 mil toneladas
A produção de frutas menores (em mil toneladas) inclui:
- Abacate: 4,47
- Abacaxi: 4,50
- Ameixa: 30,40
- Amora: 3,38
- Caqui: 46,78
- Figo: 7,65
- Goiaba: 4,63
- Kiwi: 2,50
- Limão: 18,31
- Maracujá: 5,03
- Melão: 10,97
- Morango: 23,55
- Pera: 7,45
Hortaliças
No âmbito das hortaliças, o estado também registrou produções significativas em 2023, embora os volumes específicos não tenham sido detalhados neste resumo.
Produção de Hortaliças no Rio Grande do Sul
A agricultura no Rio Grande do Sul é diversificada, incluindo uma variedade de hortaliças. Em 2023, as produções foram as seguintes (em mil toneladas):
- Aipim: 125
- Alface: 93,46
- Alho: 11,58
- Batata: 468
- Batata-doce: 154,38
- Beterraba: 29,54
- Brócolis: 172,24
- Cebola: 156,72
- Cenoura: 46,50
- Couve-flor: 29,66
- Pimentão: 7,79
- Rabanete: 6,26
- Repolho: 84,88
- Rúcula: 7,93
- Tomate: 100
O Cepea destaca que a cenoura foi a hortaliça mais afetada pelas chuvas intensas que atingiram o estado, antecipando uma redução na oferta e dificuldades para retomar a produção nas áreas danificadas. Caxias do Sul foi particularmente impactada, enfrentando perdas significativas na produção de cenoura.
Outras culturas, como batata e tomate, também estão enfrentando desafios. Aproximando-se do final da colheita, a presença de água excessiva está prejudicando o desenvolvimento dessas culturas.
Quanto à cebola, a região já havia esgotado seus estoques locais, o que normalmente não seria um problema. No entanto, as importações que normalmente entram no Brasil através de Porto Xavier, no Rio Grande do Sul, estão comprometidas. Renata Bezerra Meneses, pesquisadora do Cepea, informou que a qualidade dos bulbos de cebola importados foi afetada pela umidade excessiva e pelo tempo prolongado de transporte, exacerbados pelas chuvas recentes.
Origens da Enchente no Rio Grande do Sul
A enchente que assolou o Rio Grande do Sul teve início com chuvas intensas que começaram no dia 29 de abril, desencadeando o mais grave desastre climático já registrado no estado. Conforme informações do último relatório emitido, a calamidade afetou 364 municípios, resultando em um cenário devastador: cerca de 20 mil pessoas foram forçadas a buscar refúgio em abrigos, enquanto aproximadamente 130 mil foram desalojadas.
Além disso, o desastre deixou 291 pessoas feridas e 111 desaparecidas, com o número de mortos chegando a 83. A infraestrutura também sofreu impactos severos, com pontes que foram derrubadas, calçamentos destruídos, além de ruas, residências e estabelecimentos comerciais inundados. Ademais, 19 barragens no estado foram colocadas em estado de atenção devido às consequências das tempestades.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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