A raça não é apenas resiliente diante das adversidades climáticas, mas também oferece um benefício notável: a presença de caseína A2 no leite, que pode diminuir o risco de alergias alimentares.
No vasto território brasileiro, onde as condições climáticas podem variar muito, a busca por raças de gado adaptadas à seca e ao calor intenso tem ganhado destaque. Nesse cenário, os “bovinos do deserto“, conhecidos como Sindi, vêm se destacando como uma opção valiosa para pecuaristas que enfrentam desafios relacionados à escassez de recursos hídricos e pastagens áridas.
Os bovinos Sindi não são apenas resilientes diante das adversidades climáticas, mas também oferecem um benefício notável: a presença de caseína A2 no leite, que pode diminuir o risco de alergias alimentares. Ao longo deste artigo, examinaremos mais de perto a origem e como a resiliência, adaptabilidade e características únicas do Sindi desempenham um papel crucial no cenário da pecuária brasileira, consolidando sua posição como uma raça de gado eficiente para enfrentar os desafios das condições climáticas adversas e satisfazer as demandas do mercado.
Origem da raça e chegada ao BR
A origem da raça remonta a uma longa jornada que se inicia no deserto de Sind, localizado na Índia. Essa região é conhecida por suas condições climáticas extremas, com altas temperaturas e escassez de recursos hídricos. Nessas condições, os bovinos sofreram adaptações ao longo de cerca de 7.000 anos de evolução natural. Durante esse período, esses animais desenvolveram características notáveis de resistência, adaptabilidade e eficiência, tornando-se extremamente adequados para sobreviver e prosperar em climas quentes e áridos.
A história do Sindi no Brasil começa com a importação dos primeiros exemplares da raça no início do século XX. Os primeiros rebanhos foram estabelecidos nas regiões Nordeste e Sudeste do país, onde o clima e a disponibilidade de recursos apresentavam desafios para a criação de gado de grande porte. Os bovinos Sindi são notáveis por seu porte mais compacto, tornando-os menos exigentes em termos de alimentação e adequados para regiões com recursos limitados.
Uma das vantagens notáveis do Sindi é a sua capacidade de atender às demandas tanto da produção de carne quanto da produção de leite. Essa descoberta se tornou particularmente popular nas regiões do Nordeste brasileiro, onde a raça é apreciada por sua eficiência em fornecer leite e carne de qualidade para os habitantes locais.
Embora o Sindi tenha tido um período de relativo esquecimento, sua popularidade ressurgiu a partir de 2005, quando a raça retornou à pista de julgamento da ExpoZebu, um dos eventos pecuários mais importantes do Brasil. A partir desse ponto, os bovinos ganharam visibilidade e interesse entre os criadores, levando a um crescimento constante no número de registros e na realização de leilões.
Principais vantagens da raça
As principais vantagens da raça Sindi incluem:
Adaptação ao clima tropical e seco: Originários do deserto do Sind, no subcontinente indiano, os bovinos Sindi desenvolvem uma notável resistência às altas temperaturas e à escassez de água. Essa adaptação natural torna-os ideais para regiões do Brasil com climas áridos e quentes, como o Nordeste.
Resistência e rusticidade: Os Sindi são conhecidos por sua robustez e resistência a doenças e condições adversas. Eles podem lidar com pastagens de baixa qualidade e ambientes desafiadores, o que os torna uma opção econômica para criadores em áreas com recursos limitados.
Dupla aptidão: Uma das principais vantagens do Sindi é sua dupla extraordinária, ou seja, são utilizadas tanto na produção de carne quanto na produção de leite. Essa liberdade permite que os criadores diversifiquem suas atividades e participem de diferentes segmentos do mercado pecuário.
Carne de qualidade: A carne dos bovinos Sindi é reconhecida por sua qualidade e sabor, produzindo uma proteína macia e suculenta, com baixo teor de gordura, atendendo às demandas dos consumidores que buscam cortes de carne bovina de alta qualidade.
Reprodução eficiente: Os Sindi são conhecidos por sua capacidade de reprodução eficiente, com altas taxas de fertilidade e facilidade de parto. Isso contribui para o sucesso e aumento do rebanho, tornando-os opções excelentes para produtores que aspiram por aumentar rapidamente os números de animais.
Desempenho da raça na pecuária
O desempenho da raça Sindi na pecuária brasileira tem sido notável, e isso é evidenciado por números e declarações de criadores em todo o país.
A demanda por bovinos Sindi tem crescido significativamente nos últimos anos. Os números da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), onde a raça é registrada, apresentam um aumento notável no registro de animais. Entre 2010 e 2017, o registro de nascimentos cresceu em média 13% ao ano, atingindo um acumulado de 120%. Isso demonstra a confiança dos pecuaristas no potencial da raça.
As palavras do pecuarista Ângelo Mario Tibery, criador de gado Sindi, refletem essa tendência. Ele destaca o interesse crescente pela raça, afirmando que “está difícil dar resposta à forte demanda“. Isso não apenas mostra a popularidade crescente dos bovinos, mas também indica a liquidez dos leilões relacionados dos animais.
Outro exemplo que ilustra o sucesso do Sindi na pecuária brasileira é o caso do criador Adaldio Castilho, que trouxe a raça de volta à pista de julgamento da ExpoZebu. Em 2019, foi um show. No palco principal das raças zebuínas, a ExpoZebu, os criadores de sindi apresentaram 300 animais em leilões, pistas de julgamento e concursos leiteiros, e a cor vermelha deu o tom. Isso demonstra o reconhecimento e o prestígio dos bovinos em um evento tão importante.
Ronaldo Bichuette, presidente da Associação Brasileira dos Criadores da Raça Sindi, menciona que a demanda crescente deriva do desempenho da raça em cruzamentos, seja com zebuinos como o Nelore ou com taurinos, como o Angus. Essas descobertas na produção de carne e leite tornam o Sindi uma escolha estratégica para criadores que buscam atender às diversas demandas comerciais.
Portanto, o desempenho da raça Sindi na pecuária brasileira é respaldado por números sólidos de registro, aumento na demanda, participação em eventos de prestígio e uma crescente confiança dos criadores na capacidade da raça de atender às necessidades do mercado nacional.
Presença da Caseína A2 no leite
A importância da caseína A2 em bovinos Sindi e outros tipos de gado está relacionada aos benefícios para a saúde humana e à demanda crescente por produtos lácteos com essa composição específica. Aqui estão alguns aspectos importantes:
Menor risco de alergias: A caseína A2 é uma proteína do leite que foi associada a um menor risco de alergias alimentares em comparação com a caseína A1. A alergia à caseína do leite é uma preocupação para muitas pessoas, especialmente para aquelas que sofrem de intolerância à lactose ou alergias alimentares.
Benefícios na digestão: A caseína A2 é considerada benéfica para a saúde, e seu consumo pode estar associado a uma digestão mais suave e menos desconforto gastrointestinal em algumas pessoas.
Mercado em crescimento: A crescente conscientização sobre a caseína A2 e seus potenciais benefícios à saúde tem impulsionado a demanda por produtos lácteos que a contenham. Isso cria uma oportunidade para os criadores de gado Sindi e outras raças que produzem leite que a contenha. Os consumidores desejam pagar um prêmio por produtos de qualidade e com características nutricionais específicas.
Diferenciação de produtos: A presença da caseína A2 no leite dos bovinos O Sindi também oferece uma oportunidade de diferenciação de produtos no mercado de laticínios. Os produtores comercializam seus produtos como sendo de “caseína A2″ ou “amigáveis ao sistema digestivo“, o que pode atrair consumidores preocupados com sua saúde e bem-estar.
Em resumo, a caseína A2 é uma característica distintiva dos bovinos Sindi que não apenas contribui para a saúde humana, mas também cria oportunidades de mercado e diferenciação de produtos para os criadores. A crescente conscientização sobre os benefícios dessa substância está impulsionando a demanda por essa proteína específica em produtos lácteos, tornando-a uma característica importante e valorizada na pecuária.
Conclusão
Em conclusão, a raça de bovinos Sindi, adaptada a climas quentes e secos, vem ganhando destaque na pecuária brasileira devido a uma série de fatores que tornam-na uma escolha valiosa para criadores e consumidores. Além de sua notável adaptação ao clima tropical, a presença da caseína A2 no leite oferece benefícios significativos à saúde humana, reduzindo o risco de alergias e proporcionando uma digestão mais suave.
O desempenho dos bovinos na pecuária é claramente refletido nos números e no interesse crescente do setor. O aumento no registro de animais, a participação em eventos renomados como a ExpoZebu e a demanda em crescimento demonstram a confiança na capacidade da raça de atender às necessidades do mercado brasileiro.
Além disso, a dupla procura para produção de carne e leite proporciona uma inovação para os criadores, contribuindo para o abastecimento de alimentos nas regiões mais desafiadoras do país.
Assim, a ascensão dos animais no Brasil não apenas ilustra a adaptabilidade do gado à seca, mas também ressalta sua importância no contexto da saúde humana e da economia rural. A raça Sindi não atende apenas às necessidades do presente, mas também promete um futuro brilhante na indústria pecuária brasileira.
Escrito por Compre Rural.
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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