Investimentos públicos e privados em pesquisa e inovação colocam o Brasil entre os grandes produtores mundiais de alimentos, fibras e energia.
Por Luciano Vacari* – A agropecuária brasileira tem uma trajetória de crescimento da produção baseada no aumento da produtividade. E três pilares são fundamentais para este fenômeno: tecnologia, crédito rural, e assistência técnica. O problema, até agora, é que a tecnologia tem imperado para chegar nos resultados atuais, enquanto os demais pontos ainda são muito dependentes do braço público.
Investimentos públicos e privados em pesquisa e inovação colocam o Brasil entre os grandes produtores mundiais de alimentos, fibras e energia.
Mas tudo isso poderia ser ainda melhor. Não fosse a iniciativa privada assumir e investir na assistência técnica, o atual modelo produtivo não se sustentaria. Isso porque, as iniciativas públicas existentes para suprir a demanda estão defasadas e grande parte dos órgãos de extensão rural não dá conta de acompanhar a evolução tecnológica do campo.
Historicamente, esse tripé – tecnologia, crédito e assistência – recebeu investimentos estatais expressivos. Um exemplo é a própria criação e desenvolvimento da Embrapa. No entanto, estes serviços não são mais suficientes e é por isso que as parcerias público privadas se tornam cada vez mais necessárias.
Não há braços, nem pernas, para que a assistência técnica seja realizada apenas pelo estado brasileiro. As instituições e empresas de vendas de insumos têm sido fundamentais para a adoção de tecnologias no campo, até porque estão ligadas diariamente com o produtor rural e têm a oportunidade de ser tornar a conexão entre pesquisa e usuário, no caso, o próprio produtor.
Se alguns anos atrás a disputa era qual marca possuía o melhor produto. Hoje, com a inovação tecnológica, o que se busca além de efetividade e qualidade, é valor agregado. O que muitas vezes tem feito com que o produtor abra a porteira para uma ou outra empresa, é o serviço e a qualificação que seus representantes comerciais e de vendas têm a oferecer. Na prática, o que se espera é que o pacote comercializado inclua, a assistência técnica, informação e transferência de tecnologia.
As companhias que já estão enxergando isso e que, claro, mantêm seus investimentos em produtos, começam a investir mais pesadamente em capacitação para que seus profissionais complementem a assistência técnica. Numa tentativa de garantir, assim, que o produtor acesse da melhor forma tudo que a tecnologia adquirida tem a oferecer, aumentando resultados dentro e fora do campo.
E esse movimento não é apenas técnico. É uma tendência de crescimentos de assistência gerencial e de relacionamento. Isso fazer conta, mensurar, simular e comparar os resultados alcançados pela utilização de uma ou outra tecnologia. O cliente busca isso, o atendimento personalizado de resultado. E está disposto a pagar por isso, afinal a razão é sempre do cliente.
O Estado sozinho não dá conta. E não adianta reclamar. Se queremos um sistema produtivo, são necessários os investimentos da iniciativa privada. E não para por aí. Para o crédito rural será o mesmo movimento. O Plano Safra não tem mais conseguido atender a demanda por recursos. Fundos públicos e privados, finanças verdes, Fiagro já são uma tendência.
Por fim, é importantíssimo que associações e cooperativas estejam preparadas para buscar os recursos e fundos privados e também ofereçam ou ajudem a fomentar a assistência técnica privada nas suas regiões de atuação. O comprometimento tem que ser de todos, tanto de quem vende, quanto de quem compra.
*Luciano Vacari é gestor de agronegócios e diretor da Neo Agro Consultoria & Comunicação