Maratona nas pistas e no campo; O Sistema CNA/Senar trouxe a história do medalhista olímpico Vanderlei Cordeiro de Lima no sítio em Cruzeiro do Oeste (PR)
Acordar e iniciar o trabalho bem cedo, enfrentar as adversidades e os obstáculos que surgem no caminho, cair e levantar, não desistir. No agro ou nos esportes, produtores rurais e atletas profissionais enfrentam um dia-a-dia de superação. Conheça a história de Vanderlei Cordeiro de Lima, produtor rural e medalhista olímpico que conhece muito bem os desafios do campo e das pistas, material foi produzido pelo Sistema CNA/Senar.
Depois de “correr o mundo”, Vanderlei decidiu voltar para Cruzeiro do Oeste (PR), cidade natal onde tem um sítio com gado de corte. Ele cresceu na zona rural do Paraná e foi o exemplo, a dedicação e a resiliência de homens, mulheres e famílias do campo que inspiraram a carreira vitoriosa do atleta.
“O campo me deu dignidade, segurança, exemplo. Caímos, levantamos, seguimos em frente. No campo, nem sempre a colheita é aquela que esperávamos. No esporte também é assim. Um produtor e um atleta precisam saber lidar com as frustrações que surgem. Não desistimos porque não conseguimos na primeira vez. Continuamos tentando”, diz Vanderlei.
Em Tapira (PR), a cerca de 60 km de Cruzeiro do Oeste, Vanderlei deu os primeiros passos como corredor, descoberto por um professor do colégio onde estudava e de quem ganhou seu primeiro par de tênis. Desde então, não parou mais.
Os primeiros passos nas estradas de “chão batido” da zona rural causavam estranheza e curiosidade na população, conta Madalena Carminatti, amiga de Vanderlei e proprietária da mercearia onde ele costuma se reunir até hoje com os amigos quando está em Cruzeiro do Oeste.
Nem Madalena, nem Vanderlei conseguiriam prever o que aconteceria na Olimpíada de Atenas, em 2004, quando o atleta ganhou a medalha de bronze na maratona, uma das provas mais tradicionais dos jogos. Ele estava na liderança da prova quando um espectador invadiu a pista, derrubou Vanderlei e atrapalhou sua chegada. Uma situação inusitada, e rara, até para os atletas mais experientes.
“Foi um desespero. Ele estava correndo e um cabra o agarrou. Aí veio um homem forte, levantou o Vanderlei e o colocou de volta na pista”, lembra a mãe, “dona Aurora”.
A imagem do ataque ao atleta brasileiro foi vista no mundo todo. “Jamais pensei em desistir. Não podemos voltar para trás, temos que seguir em frente, como o campo me ensinou”, diz Vanderlei sobre aquele momento.
É “dona Aurora” que lembra do trabalho no campo quando o filho era pequeno. “A gente plantava milho, soja, arroz, de tudo”, diz ela, mãe de sete filhos.
No sítio, o produtor rural Vanderlei segue a rotina do campo. Acorda cedo, faz sua oração, prepara o café, faz uma corrida matinal, para não perder o hábito, e volta para os afazeres da propriedade adquirida em 1997, quando ele já era um maratonista profissional, com medalhas e troféus conquistados tanto em competições nacionais quanto internacionais.
“Aqui ele faz questão de dirigir o trator e tocar o gado”, conta “seu Zé”, funcionário do sítio e fiel escudeiro de Vanderlei há seis anos. No campo e no esporte, o apoio das pessoas, o trabalho em equipe, é fundamental para uma boa colheita e para os resultados nas pistas.
“Seu Zé,” no sítio, e a parceria com o treinador Ricardo D’Angelo, na corrida, foram e são fundamentais para as conquistas de Vanderlei.
No sítio, ele ainda busca se aperfeiçoar de olho em cursos oferecidos pelo Senar. “Quero fazer o de operador de máquinas. Como atleta, ter orientação profissional foi muito importante na minha carreira. Com o Senar ocorre o mesmo, os produtores têm o apoio de especialistas para também superar os desafios”.
Quando não está na propriedade rural, Vanderlei se dedica a um outro projeto vencedor: o instituto que leva seu nome, em Campinas (SP), e que atende 350 pessoas (crianças, adolescentes e alguns adultos) que sonham em seguir seus passos no atletismo. “Quero levar oportunidades a estas pessoas para retribuir o que o esporte me deu”, diz.
Vanderlei também cumpre uma série de compromissos como ex-atleta representando o Comitê Olímpico do Brasil (COB) e ainda faz palestras motivacionais. Mesmo com uma rotina agitada e com todas as suas conquistas, ele nunca abandonou o campo.
“Correr com as pernas, aguentar com o coração e vencer com a cabeça”, diz para resumir sua trajetória de vida e que serve para o trabalho na propriedade. Ter paixão pelo que faz, estar preparado física e mentalmente e ser resiliente. “Não importa de onde venho, mas onde quero chegar”.
Essa capacidade de superação, adquirida no campo e que Vanderlei levou para as pistas acabou lhe rendendo a maior honraria olímpica: a “Medalha Barão Pierre de Coubertin”. A condecoração humanitária-esportiva é concedida a atletas que demonstram o verdadeiro espírito olímpico com atos de superação.
Mesmo atacado na Olimpíada de Atenas, Vanderlei não desistiu de cruzar a linha de chegada. Ele sabe que para ganhar uma medalha e fazer uma boa colheita, não é possível desistir.
“A força dos produtores rurais me inspirou e fez com que eu pudesse superar todos os desafios e os obstáculos que encontrei ao longo da minha carreira como atleta”, diz o produtor rural e medalhista olímpico Vanderlei Cordeiro de Lima.
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