Conhecido por suas características únicas e pela seus chifres que podem chegar até 2 metros, o Crioulo Lageano se tornou uma verdadeira joia da biodiversidade agropecuária brasileira.
No coração do Brasil, onde a tradição e a modernidade se encontram, o Crioulo Lageano se destaca como um dos símbolos mais emblemáticos da pecuária nacional. Conhecido por suas características únicas e pela seus chifres que podem chegar até 2 metros, este gado se tornou uma verdadeira joia da biodiversidade agropecuária brasileira.
Com raízes profundas na cultura regional e um papel significativo na economia local, o Crioulo Lageano não é apenas uma raça de gado, mas uma parte integral do patrimônio pecuário do país. Neste artigo do Compre Rural, vamos explorar a fascinante história, as características distintivas e a relevância contemporânea deste gado notável, revelando por que ele é considerado o “gado mais chifrudo do Brasil” e o que faz dele uma peça-chave no cenário agropecuário.
História e origem
A história do Crioulo Lageano é um testemunho da resistência e adaptabilidade dos bovinos que acompanham a trajetória agrícola do Brasil desde os tempos coloniais. A raça tem suas raízes no período de colonização, quando bovinos Hamíticos, conhecidos por seus chifres longos e curvados, foram introduzidos no Brasil pelos colonizadores portugueses e espanhóis. Estes bovinos, provenientes da África do Norte e do sul da Espanha, trouxeram consigo uma herança genética única que, ao longo dos séculos, foi moldada pelas condições específicas do planalto catarinense.
No Brasil, o Crioulo Lageano se estabeleceu principalmente na região sul do país, adaptando-se perfeitamente ao clima rigoroso e às condições adversas da região. O isolamento geográfico e as práticas de manejo tradicionais permitiram que a raça desenvolvesse características distintas, como uma pelagem resistente ao frio e uma notável rusticidade.
A importância da raça foi reconhecida pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia na década de 80, quando a instituição incluiu o Crioulo Lageano em seu Programa de Conservação e Uso de Recursos Genéticos Animais. Este programa visa preservar raças naturalizadas e localmente adaptadas, que são frequentemente ameaçadas de extinção devido à substituição por raças mais produtivas.
O trabalho de conservação foi intensificado com o reconhecimento oficial da raça pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) em 31 de outubro de 2008. Este reconhecimento não apenas validou o valor genético do Crioulo Lageano, mas também proporcionou um impulso crucial para a sua preservação, garantindo que essa rica herança genética continue a contribuir para o agronegócio brasileiro.
Tamanho e estrutura
Os Crioulos Lageanos são bovinos de grande porte, com machos alcançando alturas de até 1,40 metros na cernelha e pesando entre 700 e 900 quilos. As fêmeas, ligeiramente menores, têm alturas que variam de 1,20 a 1,30 metros e pesam entre 500 e 700 quilos. Sua estrutura robusta e musculosa é ideal para a produção de carne, contribuindo para uma excelente qualidade de cortes. O porte imponente e a musculatura bem definida são características que garantem uma boa produção de carne, com o rendimento de carcaça frequentemente superior a 55% em relação ao peso vivo.
Chifres: Os chifres do Crioulo Lageano são um dos traços mais distintivos da raça. Podem atingir comprimentos que variam de 60 a 80 centímetros, com algumas variações individuais. Estes chifres são curvados e extensos, refletindo a herança dos antigos bovinos Hamíticos introduzidos na região durante a colonização. Além de sua função estética, os chifres desempenham um papel significativo no comportamento social dos bovinos, ajudando na defesa e na comunicação dentro do grupo.
Pelagem: A pelagem do Crioulo Lageano é uma adaptação essencial ao clima rigoroso do sul do Brasil. Os bovinos possuem uma pelagem densa e espessa que proporciona uma camada adicional de proteção contra o frio. A coloração da pelagem varia amplamente, com tons que vão do castanho claro ao escuro, adaptando-se às condições climáticas e características genéticas individuais. A espessura da pelagem pode atingir até 3 cm em climas mais frios, oferecendo uma proteção eficaz contra as baixas temperaturas.
Comportamento e temperamento
O comportamento e o temperamento do Crioulo Lageano são aspectos fundamentais que complementam suas características físicas e contribuem para sua valorização na pecuária. Conhecidos por sua rusticidade e adaptabilidade, esses bovinos possuem um conjunto de traços comportamentais que os torna particularmente valiosos para os criadores.
Rusticidade e adaptação: Uma das principais características comportamentais do Crioulo Lageano é sua rusticidade. Essa raça foi moldada ao longo dos séculos para sobreviver e prosperar em condições adversas, e essa adaptabilidade é evidente em seu comportamento diário. Os Crioulos Lageanos são capazes de lidar com uma ampla gama de desafios ambientais, desde as baixas temperaturas do planalto catarinense até as variações sazonais no fornecimento de alimentos. Essa capacidade de adaptação não só garante sua sobrevivência, mas também contribui para sua produtividade em condições de manejo variadas.
Temperamento e socialização: O temperamento do Crioulo Lageano é geralmente descrito como calmo e equilibrado. Esses bovinos tendem a ser menos agressivos em comparação com algumas outras raças, o que facilita o manejo e a interação com os criadores. O comportamento social do Crioulo Lageano é caracterizado por uma estrutura hierárquica clara dentro dos grupos, com indivíduos que mostram respeito pelas normas sociais do grupo. Esse comportamento é crucial para a manutenção da ordem e da harmonia dentro dos rebanhos, o que pode reduzir o estresse e melhorar a produtividade.
Habilidade materna: Uma característica notável do Crioulo Lageano é sua excelente habilidade materna. As fêmeas dessa raça demonstram um forte instinto maternal, o que resulta em boas taxas de sobrevivência dos bezerros e um desenvolvimento saudável dos filhotes. Essa habilidade é um fator importante na escolha da raça para a produção de carne e leite, pois contribui para a eficiência e o sucesso do manejo reprodutivo.
Impacto no manejo: O comportamento e o temperamento do Crioulo Lageano têm um impacto direto no manejo diário dos rebanhos. A rusticidade da raça permite que ela seja criada em sistemas de manejo mais extensivos e menos intensivos, o que pode reduzir os custos e o trabalho associados ao cuidado dos animais. Além disso, o temperamento calmo e a habilidade materna contribuem para uma gestão mais eficiente e menos estressante, beneficiando tanto os criadores quanto os próprios animais.
Uso e aplicações
Produção de carne: O Crioulo Lageano é altamente valorizado pela sua produção de carne. Com um porte grande e musculatura robusta, a carne dessa raça é conhecida por sua qualidade superior, textura e sabor distintos. A rusticidade do Crioulo Lageano permite que ele seja criado em sistemas de manejo extensivos, onde pode prosperar em condições ambientais desafiadoras, contribuindo para uma produção de carne eficiente e apreciada.
Produção de leite: Além da carne, o Crioulo Lageano também se destaca na produção de leite. As fêmeas desta raça têm uma boa capacidade leiteira e uma habilidade materna excepcional, o que resulta em uma produção de leite valiosa e em bezerros bem cuidados. Essa versatilidade torna o Crioulo Lageano uma escolha interessante para sistemas de produção mistos.
Eficiência reprodutiva: A habilidade materna das fêmeas Crioulas Lageanas contribui para uma reprodução eficiente e para o desenvolvimento saudável dos bezerros. Essa característica é fundamental para a produtividade do rebanho, resultando em melhores taxas de crescimento e menores custos associados ao manejo reprodutivo.
Benefícios econômicos: Criar Crioulo Lageano pode reduzir custos de manejo devido à sua rusticidade e capacidade de adaptação a condições menos ideais. A raça oferece uma boa relação custo-benefício, sendo uma opção prática e econômica para pecuaristas que enfrentam desafios climáticos.
Iniciativas e projetos
A realização de eventos como o dia de campo na Fazenda Igrejinha, em Lages-SC, em 8 de maio, que comemorou o reconhecimento oficial da raça, demonstra a importância das iniciativas de engajamento e divulgação. A presença de autoridades e especialistas nesse evento destacou o apoio institucional e comunitário necessário para a preservação do Crioulo Lageano. Projetos contínuos de conservação, envolvendo pesquisa e colaboração com diferentes entidades, são essenciais para garantir a continuidade e a saúde da raça.
Importância da preservação
A preservação do Crioulo Lageano é crucial não apenas para manter uma raça bovina histórica, mas também para proteger a diversidade genética que é fundamental para o futuro da pecuária. A conservação dessa raça garante que o potencial genético único do Crioulo Lageano continue a contribuir para a riqueza e a resiliência do agronegócio brasileiro.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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