Conheça o gado mais caro do mundo

O gado Wagyu, famoso por sua carne de qualidade incomparável, é reconhecido como o mais caro do mundo. Originário do Japão, ele se destaca pelo alto grau de marmoreio e práticas de criação meticulosas. Conheça mais sobre essa raça excepcional e seu impacto na pecuária global.

O Wagyu, reconhecido mundialmente como o bovino mais caro e prestigioso, é sinônimo de excelência na gastronomia de carne. Originário do Japão, o nome “Wagyu” se traduz literalmente para “gado japonês” e abrange quatro distintas raças que se destacam pelo excepcional marmoreio e sabor inigualável. Este gado é criado sob rigorosos padrões de qualidade, que incluem uma dieta especial e técnicas de manejo únicas, resultando em uma carne que é apreciada por chefs e gourmets ao redor do mundo.

Embora o gado tenha suas raízes no Japão, sua fama e criação se expandiram para diversos países, incluindo o Brasil, onde chegou nos anos 1990. Aqui, a carne é produzida seguindo os mesmos padrões rigorosos japoneses, garantindo sua autenticidade e qualidade. Este artigo explora a história, as técnicas de criação e a valorização global do Wagyu, além de destacar suas características que o tornam um verdadeiro ícone da alta gastronomia.

História espetacular

Touro reprodutor da raça Wagyu| Foto: /Eliel Palamim
Touro reprodutor da raça Wagyu| Foto: /Eliel Palamim

A história do Wagyu remonta ao Japão do século II, onde esses bovinos eram inicialmente utilizados como animais de tração na agricultura, especialmente no cultivo de arroz. A transição do trabalho agrícola para a produção de carne começou a se intensificar no final do século XIX, com a introdução de práticas de criação seletiva que visavam melhorar as qualidades da carne. Em 1997, o animal foi oficialmente reconhecido como patrimônio nacional do Japão, solidificando seu status como uma das carnes mais finas e exclusivas do mundo.

Existem quatro raças principais de Wagyu: Preto Japonês, Castanho Japonês, Japanese Polled e Shorthorn Japonês. Entre essas, o Preto Japonês é o mais prevalente e valorizado, representando cerca de 90% de todo o gado Wagyu no Japão. As cepas do Preto Japonês, como Tottori, Tajima, Shimane e Okayama, são conhecidas por seu alto grau de marmoreio, uma característica que confere à carne uma textura excepcionalmente macia e um sabor rico. Este marmoreio é resultado de uma combinação única de genética e métodos de criação rigorosos, que incluem uma dieta especial e técnicas para reduzir o estresse do animal.

Com o tempo, a fama do gado ultrapassou as fronteiras do Japão, espalhando-se pelo mundo. Países como Austrália, Estados Unidos, Canadá e Reino Unido começaram a importar a proteína e adaptar suas práticas de criação para replicar a qualidade japonesa. No Brasil, a introdução do Wagyu ocorreu nos anos 1990, e desde então, os pecuaristas brasileiros têm adotado métodos semelhantes aos japoneses para garantir a excelência da carne. Hoje, é um verdadeiro ícone da alta gastronomia, apreciado por sua qualidade incomparável e elevado valor no mercado global.

Entendendo melhor sobre as raças

O Wagyu, com suas quatro raças principais, é um exemplo de excelência na criação de gado, cada uma com suas características únicas que contribuem para a qualidade incomparável da carne.

Preto Japonês (Kuroge Washu): É a mais significativa e representa aproximadamente 90% de todo o Wagyu no Japão. Esta raça é conhecida por seu alto grau de marmoreio, que confere uma textura macia e um sabor rico à carne. Dentro do Preto Japonês, existem várias cepas distintas, incluindo Tottori, Tajima, Shimane e Okayama. O Tajima, em particular, é famoso por produzir o Kobe Beef, o corte de carne mais caro e renomado do mundo. A genética do Preto Japonês é cuidadosamente preservada e melhorada através de técnicas de criação seletiva que enfatizam a qualidade do marmoreio e a saúde geral do animal.

Preto Japonês (Kuroge Washu)

Castanho Japonês (Akage Washu ou Akaushi): É a outra raça principal de Wagyu, também conhecida como Japanese Red. As cepas desta raça incluem Kochi e Kumamoto. A carne do Castanho Japonês é ligeiramente mais magra em comparação com o Preto Japonês, mas ainda possui um marmoreio excelente e um sabor distinto e delicioso. Esta raça é popular em diversas regiões do Japão e está ganhando espaço em mercados internacionais devido à sua qualidade superior.

Castanho Japonês (Akage Washu ou Akaushi)

Shorthorn Japonês (Nihon Tankaku Washu): É a menos comum entre as raças do gado, representando menos de 1% de todo o gado no Japão. Esta raça é conhecida por sua carne saborosa e suculenta, embora tenha um marmoreio menor em comparação com as outras raças Wagyu. O Shorthorn Japonês é apreciado por seu sabor robusto e textura firme, sendo uma opção única para os entusiastas de carne que procuram algo diferente das variedades mais conhecidas de Wagyu.

Shorthorn Japonês (Nihon Tankaku Washu)

Japanese Polled: Embora menos comum, também é valorizada por suas características únicas, resultado do cruzamento com Aberdeen Angus. Esta raça é conhecida por ser desprovida de chifres, o que facilita o manejo e pode reduzir o risco de lesões entre os animais. O gado é criado principalmente em áreas específicas do Japão e é apreciado por sua carne saborosa e bem marmorizada, embora não alcance a mesma notoriedade que o Preto Japonês.

Mukaku Washu

Principais características desses bovinos

Essas características tornam o gado excepcional e amplamente reconhecido pela sua qualidade superior, tanto em termos de genética quanto de manejo e criação.

Genética: O Wagyu possui uma composição genética distinta que o diferencia de outras raças bovinas. Essa genética favorece a deposição de gordura intramuscular e contribui para a estrutura muscular densa e bem desenvolvida dos animais. A seleção genética rigorosa é praticada para manter e melhorar essas características ao longo das gerações.

Manejo e criação: O manejo do Wagyu é altamente especializado e focado na redução do estresse dos animais. Práticas como massagens regulares, escovação diária e até mesmo música relaxante são empregadas para garantir que os animais permaneçam calmos e saudáveis. Esse cuidado meticuloso visa otimizar o bem-estar animal e, consequentemente, a qualidade do produto final.

Nutrição: A alimentação é cuidadosamente controlada e enriquecida com uma dieta específica que inclui grãos de alta qualidade. Em algumas regiões, a alimentação pode ser complementada com ingredientes adicionais, como cerveja ou vinho, para melhorar ainda mais a saúde e o desenvolvimento dos animais. Esta dieta contribui para o crescimento gradual e saudável dos bovinos.

Adaptabilidade: Embora o Wagyu tenha suas origens no Japão, ele demonstra uma notável capacidade de adaptação a diferentes ambientes e climas. Países como Austrália, Estados Unidos e Brasil têm conseguido criar Wagyu com sucesso, ajustando práticas de manejo e alimentação para atender às condições locais. Essa adaptabilidade facilita a expansão global da criação de Wagyu.

Carne mais cara do mundo

Foto: Divulgação

A carne de Wagyu é amplamente reconhecida como uma das mais exclusivas e apreciadas no mundo devido ao seu alto grau de marmoreio. Este marmoreio, ou gordura intramuscular, é responsável por sua textura excepcionalmente macia e sabor inigualável. A gordura bem distribuída entre as fibras da carne confere um perfil de sabor rico e uma suculência que poucas outras carnes conseguem alcançar. Este nível de marmoreio é resultado de uma combinação de genética superior e métodos de criação meticulosos, que incluem uma dieta especial e práticas de manejo destinadas a reduzir o estresse dos animais.

Além de seu sabor e textura superiores, a carne é também altamente valorizada pela sua versatilidade culinária. Ela pode ser preparada de diversas maneiras, incluindo grelhada, assada ou até mesmo crua, como no caso do sashimi de carne. Cortes como Kobe Beef, retirados da região do lombo do gado Wagyu, são especialmente procurados e podem alcançar preços exorbitantes no mercado. A classificação da proteína, que varia de A1 a A5, com A5 sendo a qualidade mais alta, ajuda a garantir que os consumidores estejam obtendo a melhor carne possível.

A proteína também oferece benefícios nutricionais, embora seja conhecida por seu alto teor de gordura. A gordura do gado é rica em ácidos graxos monoinsaturados, incluindo ácido oleico, que é benéfico para a saúde cardiovascular. Esta composição de gordura contribui não apenas para o sabor e a textura, mas também para um perfil nutricional mais saudável em comparação com outras carnes vermelhas. Esta combinação de sabor, textura e benefícios nutricionais torna-o uma escolha premium para chefs e entusiastas da gastronomia ao redor do mundo.

Preços exorbitantes

Foto: Divulgação

A carne de Wagyu é considerada um verdadeiro tesouro da gastronomia mundial, refletido nos preços elevados que pode alcançar. O corte mais renomado, o “Kobe Beef”, proveniente do lombo do Wagyu, pode custar até R$ 2 mil por quilo, representando o ápice da exclusividade e qualidade. O preço elevado é justificado pela complexidade do processo de criação e pelo rigoroso controle de qualidade que garante a excelência do produto final. Dependendo do corte, peso e classificação de marmoreio, o preço médio do quilo da carne Wagyu no Brasil pode chegar a R$ 1 mil, destacando-se como uma das carnes mais caras e desejadas do mercado.

O gado, responsável por essa carne excepcional, também é um investimento significativo. Um bezerro de Wagyu pode custar em média R$ 6 mil, refletindo a dedicação e os cuidados necessários desde a gestação até a maturação. A criação deste gado exige uma nutrição especializada, manejo rigoroso e condições que minimizem o estresse, todos fatores que contribuem para o alto custo tanto da carne quanto do próprio animal. Esse investimento se traduz em uma carne que protagoniza pratos da alta gastronomia e é amplamente apreciada por sua maciez e sabor inigualáveis.

Crescimento e desenvolvimento, etapa crucial

Wagyu
Wagyu

O processo de crescimento do Wagyu é uma jornada longa e cuidadosamente supervisionada, com um ciclo de maturação que pode se estender por até 30 meses. Durante esse período, o gado é submetido a uma dieta rigorosa e balanceada, rica em nutrientes e cuidadosamente ajustada para promover um desenvolvimento saudável e gradual. Este crescimento lento é essencial para garantir que a deposição de gordura intramuscular, ou marmoreio, atinja os níveis desejáveis, conferindo à carne sua textura macia e sabor distinto. A atenção meticulosa à nutrição, combinada com práticas de manejo que minimizam o estresse, são pilares fundamentais no desenvolvimento do Wagyu.

Além da nutrição, o manejo do gado Wagyu envolve práticas específicas que garantem o bem-estar dos animais. Isso inclui a redução do estresse por meio de métodos como massagens regulares, escovação e, em alguns casos, a utilização de música relaxante. O ambiente controlado e a atenção individualizada permitem que cada animal atinja seu máximo potencial genético. A paciência e o cuidado dedicados ao crescimento e desenvolvimento do gado não apenas garantem uma carne de qualidade superior, mas também refletem a tradição e a excelência da criação bovina japonesa, agora replicada em várias partes do mundo para atender à crescente demanda por essa carne premium.

Grande impacto na pecuária

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Uma das fêmeas do leilão

A introdução do Wagyu na pecuária global teve um impacto significativo, redefinindo padrões de qualidade e valorização no mercado de carne bovina. Com sua genética superior e métodos de criação especializados, o gado elevou as expectativas em relação à maciez, sabor e marmoreio da carne, estabelecendo um novo patamar de excelência. A demanda crescente incentivou pecuaristas de diversas regiões, incluindo Austrália, Estados Unidos e Brasil, a adotarem práticas mais rigorosas e cuidadosas em suas operações, buscando replicar as condições que tornam a carne Wagyu tão especial. Esse movimento, por sua vez, gerou um efeito positivo na melhoria geral das técnicas de manejo e nutrição bovina.

Além de elevar os padrões de qualidade, a criação de Wagyu também trouxe um impacto econômico significativo para a pecuária. Essa proteína, com seus altos preços, proporciona margens de lucro substancialmente maiores para os produtores em comparação com raças bovinas tradicionais. Isso atraiu investimentos consideráveis no setor, promovendo inovação e desenvolvimento de tecnologias avançadas de manejo e alimentação. A valorização da carne Wagyu no mercado global também abriu novas oportunidades de exportação, fortalecendo economias locais e promovendo a pecuária como um setor dinâmico e lucrativo. Em suma, o Wagyu não apenas revolucionou a qualidade da carne bovina, mas também impulsionou a modernização e o crescimento econômico na pecuária mundial.

Escrito por Compre Rural.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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