Após ser considerado extinto na natureza, uma iniciativa audaciosa foi desencadeada para resgatar e reintroduzir o majestoso cavalo de Przewalski (última espécie selvagem do mundo) em seu habitat natural; conheça
Em meio às montanhas da Mongólia, vive um animal raro e fascinante: o cavalo de Przewalski. Essa é a última espécie selvagem de equinos do mundo, que quase foi extinta no século XX.
Hoje, graças aos esforços de conservação, existem cerca de 2 mil indivíduos em liberdade, que enfrentam os desafios de um ambiente hostil e a competição com outros herbívoros. Nesta artigo, vamos conhecer um pouco mais sobre a história, as características e o comportamento desse cavalo que é considerado um tesouro nacional na China e na Mongólia. Acompanhe!
Origem
Originário da China e da Mongólia, o cavalo de Przewalski representa a última espécie selvagem do mundo. Em 1969, foi oficialmente declarado extinto na natureza, desencadeando, posteriormente, um programa de reintrodução no Parque Nacional Hustai, na Mongólia, durante os anos 90.
O cavalo-de-przewalski (Equus ferus przewalskii) representa uma subespécie selvagem do cavalo (Equus ferus), a primeira descrição do cavalo-de-przewalski foi feita pelo general e naturalista amador russo Nikolaï Mikhaïlovitch Prjevalski em 1881. Ele empreendeu uma expedição em busca desses animais após tomar conhecimento de relatos sobre sua existência. A descoberta despertou o interesse de diversos zoológicos europeus, que adquiriram cerca de 20 exemplares. A população selvagem desapareceu nos anos 1960, e o último avistamento de um animal na natureza ocorreu em 1969.
Desde o início dos anos 90, programas de reprodução em cativeiro têm obtido sucesso, resultando na libertação de uma manada na Mongólia. Assim, o cavalo-de-przewalski tornou-se um exemplar assilvestrado, seguindo uma trajetória semelhante à do garrano português.
Características
O cavalo de Przewalski, pertencente à espécie Equus ferus przewalskii, apresenta notáveis semelhanças com o cavalo doméstico, embora seja menor e mais robusto. Com aproximadamente 2 metros de comprimento e uma média de 300 kg, os adultos exibem uma pelagem castanha parda, acompanhada por uma crina negra ereta. Algumas variantes desta espécie destacam-se pelas patas riscadas, evocando a imagem das zebras.
Este cavalo selvagem, destaca-se por ser menor em comparação aos equinos domésticos, enquanto exibe uma cabeça ligeiramente mais ampla. Suas crinas são curtas e eretas, a cauda é longa com pelos mais curtos na parte superior, e os olhos são de dimensões reduzidas. Dotado de agressividade, o animal demonstra notável força e resistência, sendo caracterizado por não ser territorial.
A altura deste exemplar varia entre 1,22 e 1,47 metros. Sua pelagem, de tonalidade areia (castanha), assemelha-se à de um cavalo bravio, não domesticado, e destaca-se por ter uma contagem de cromossomos que atinge 66, em contraste com os 64 cromossomos do cavalo doméstico.
Além da crina distintamente espetada para cima, as pernas apresentam coloração preta, por vezes zebradas, e ao longo do dorso, uma evidente listra de mulo se faz visível.
Preservação
Após ser considerado extinto na natureza, uma iniciativa audaciosa foi desencadeada para resgatar e reintroduzir o majestoso cavalo-de-przewalski em seu habitat natural. Em 1977, a Fundação para a Preservação e Proteção do Cavalo Przewalski foi estabelecida em Roterdã, na Holanda, marcando o início de um ambicioso programa global. Este projeto inovador promoveu o intercâmbio entre populações cativas em zoológicos ao redor do mundo, visando reduzir a endogamia e, posteriormente, instaurar programas de reprodução autônoma.
O programa, em sua essência, propiciou ao rebanho a oportunidade de conquistar uma diversidade genética vital. A partir de 1998, trinta e um cavalos foram libertados na Zona de Exclusão de Chernobil, na Ucrânia e Bielorrússia, áreas evacuadas após o desastroso acidente nuclear. Estas terras, agora transformadas em uma reserva natural praticamente desabitada, proporcionam um ambiente propício para o florescimento da espécie.
Embora a caça tenha impactado negativamente as populações, em 2019, a estimativa na zona de Chernobyl ultrapassava os 100 indivíduos. Contudo, um dado alarmante ressoa: o maior programa de criação em cativeiro do mundo para os cavalos-de-przewalski está situado na reserva Askania Nova, na Ucrânia, uma área em meio a um conflito armado.
Apesar desses desafios, a espécie encontrou refúgio em diversas partes da Europa e Ásia, demonstrando uma notável resiliência na batalha pela conservação. Reconhecida como uma espécie ameaçada pela IUCN, a continuidade dos esforços de preservação exige uma colaboração contínua entre governos e comunidades, garantindo um futuro sustentável para o cavalo-de-przewalski e seu papel vital no ecossistema.
Salvando a raça
Desde o início dos anos 90, programas bem-sucedidos de reprodução em cativeiro foram implementados, incluindo a reintrodução de uma manada na Mongólia, transformando-a em uma espécie de cavalo assilvestrado semelhante ao garrano português.
Em 2020, ocorreu com êxito a clonagem de um exemplar desta espécie no Jardim Zoológico de San Diego, nos Estados Unidos.
A degradação subsequente do habitat natural e a caça humana causaram um declínio acentuado nas populações desse animal, resultando na extinção do cavalo de Przewalski em seu ambiente selvagem. Atualmente, restam apenas exemplares em cativeiro, com aproximadamente 1.100 indivíduos sobrevivendo em parques nacionais e zoológicos.
O clone
Recentemente, surgiu um segundo clone do cavalo-de-przewalski, fruto de um projeto que se baseou no sucesso do primeiro clone da espécie chamado Kurt, nascido em 2020 a partir de células preservadas por longo tempo em um zoológico nos Estados Unidos.
Apesar do êxito, cientistas envolvidos no estudo ainda enfrentam preocupações. A principal inquietação está relacionada aos obstáculos que o animal pode enfrentar em seu ambiente natural, especialmente devido às alterações provocadas pelos seres humanos.
Dado o fato de ser uma espécie de cavalo selvagem, os desafios que se apresentam podem ser bastante complexos de superar.
Quanto ao destino dos irmãos gêmeos, o primeiro clone de sucesso, Kurt, reside atualmente em um zoológico em San Diego, desfrutando da companhia de uma égua chamada Holly. Tanto Kurt quanto o recém-criado clone filhote, ainda sem nome, não estão destinados à vida selvagem. Conforme apontam os especialistas, a libertação no ambiente natural está reservada para os descendentes dos dois animais de laboratório, ou seja, após atingirem a maturidade, os dois clones serão utilizados como reprodutores.
Curiosidades
A variada gama de raças de pôneis existentes nos dias atuais tem suas raízes nos Cavalos de Przewalski, no Tarpan e no cavalo diluviano originário das Florestas do Norte da Europa, que por sua vez surgiu na última Era Glacial. O cavalo selvagem Przewalski habitava a Mongólia e representava o último descendente direto do Cavalo de Platô, que emergiu durante as Eras Glaciais.
Em virtude desses esforços notáveis, o cavalo-de-przewalski emerge como um exemplo inspirador de sucesso na conservação da biodiversidade. O impacto positivo dos programas de reprodução em cativeiro, aliado à reintrodução cuidadosa no seu habitat natural, não apenas resgatou essa subespécie da beira da extinção, mas também contribuiu para a preservação de um elo crucial na teia da vida na Mongólia.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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