A trajetória de Aberi Bilharva, o Birica, até o pódio da Prova dos Três Tambores, a principal competição da raça Mangalarga; cavaleiro foi campeão durante a Expointer
Quando esteve na Expointer pela primeira vez, há mais de 20 anos, Alberi Bilharva, o Birica, só passou vergonha, segundo ele próprio. Sem muito treinamento e com pouca experiência, se aventurou a participar da Prova dos Três Tambores, competição de velocidade e adestramento, muito popular entre os apreciadores da raça Mangalarga.
“Foi a coisa mais feia de se ver”, lembra ele, rindo, meio constrangido. Depois disso, passou a treinar com dedicação para todas as provas dos anos seguintes. Encheu o currículo de terceiros lugares. Beliscou o pódio com as segundas colocações. Não desistiu. Na tarde do último domingo, 25 de agosto, o título finalmente chegou. Depois de mais de 20 anos de treinamento, dedicação e espera, Birica e seu amigo Imperador da Lagoa Branca, são os grandes campeões.
Nascido na Bossoroca, Birica sempre amou os cavalos. Cedo perdeu o pai e, aos 12 anos, largou a escola para trabalhar. Já em um dos primeiros empregos descobriu a vocação para tratar equinos. Depois de alguns anos, com a morte do patrão, precisou deixar a terra natal e buscar uma nova vida. Encontrou o mesmo ofício em um haras de Viamão, onde conheceu a raça Mangalarga e a impressionante capacidade de adestramento dos animais. Com sua docilidade, os cavalos mudaram a personalidade de Birica, antes de torná-lo um campeão. “Eu era rústico, era brabo. Aprendi a me acalmar com o cavalo”.
Logo que nasceu, Imperador já foi para as mãos de Birica, que viu o animal crescer. Foi o responsável pela sua doma e pelo seu adestramento. Muitos outros animais convivem, diariamente, com o tratador. Imperador, porém, é especial. “Ele é o meu maior amigo. As regalias são sempre pra ele”, derrete-se.
Aos 16 anos, Imperador já está maduro e não terá muito mais tempo para competições que exigem alto rendimento, segundo Birica. O próprio tratador, aos 59 anos, também não sabe ao certo quanto tempo ainda tem para competir. Mas isso não o preocupa. Ainda espera ganhar outros campeonatos no lombo do seu amigo, que apesar de sênior, ainda exibe vigor físico, curiosidade e disposição.
Sobre o campeonato esperado por mais de 20 anos, Birica afirma que a sensação de vencer foi inebriante. Depois de tantos segundos e terceiros lugares, já imaginava que se emocionaria em caso de vitória. O arrebatamento, porém, foi ainda maior. “Acho que é como uma corrida de fórmula 1. Só temos uma chance de dar a volta perfeita. E nós demos, eu e o Imperador”.
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