Selecionar, preservar e disseminar o melhoramento genético da raça Sindi; tradicional rebanho do interior paulista é referência e seleciona animais há mais de 80 anos
As vantagens zootécnicas e produtivas da raça Sindi já são conhecidas por pecuaristas de todo o Brasil e por criadores de muitos países estrangeiros. É importante destacar que o rebanho AJCF, preservado e melhorado pela família Castilho, há mais de oito décadas, contribuiu de forma essencial para o desenvolvimento do rebanho nacional. “Trabalhei e trabalho com muito amor e dedicação sem medir esforços e custos para mostrar o potencial, fazendo testes em todos os sentidos para gerar dados e comprovar as verdadeiras aptidões e qualidades do Sindi; assim, é possível oferecer ao mercado produtos que correspondem aos anseios desejados”, esclarece Adaldio José de Castilho Filho, titular da marca.
Sindi é a raça zebuína que mais cresceu nos últimos 10 anos
O Sindi tem aptidão para a produção de leite e de carne, apesar de ser mais utilizado na exploração leiteira, no Nordeste, e voltado com intensidade ao corte, no Sudeste de Brasil. A rusticidade e a habilidade materna asseguram desmame de bezerros pesados. As fêmeas Sindi dão leite durante 8 a 10 meses. Os bezerros nascem pequenos, mas, quando chegam à fase de desmame surpreendem pelo peso, vigor e desempenho superiores que a maioria das raças bovinas.
“Há 83 anos as Fazendas Reunidas Castilho vêm selecionando, multiplicando, preservando e disseminando a raça Sindi no Brasil e no mundo. Essa história está contada em vários livros da pecuária brasileira”, destaca Castilho Filho. Com entusiasmo, o criador descreve uma breve linha do tempo da história das Fazendas Reunidas Castilho, que vai desde a primeira importação, em 1930, quando se deu início à criação com um touro e três matrizes, e se estende até os dias de hoje.
“Logo após veio a parceria com a Escola Superior de Algricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP) e, meu tio, José Cesário de Castilho (tio Cito, como era conhecido), na Fazenda Tabaju, que então era de sua propriedade. Depois da importação e da parceria com o governo, seu dinamismo e empenho aumentaram ainda mais, sempre querendo implantar novas fazendas e ampliar o rebanho Sindi”, conta.
Segundo o selecionador, Adaldio José de Castilho, (seu pai), em vida, sempre foi um criador abnegado, buscando uma homogeneidade em seu rebanho, selecionando animais com aptidão de leite e carne, com beleza plástica destacada dentro dos padrões raciais. “Por muitos anos, sonhei em ver a raça Sindi ser reconhecida na pecuária produtiva nacional. Com a morte de meu tio Cito e de meu pai, assumi o comando da raça para a família”, diz.
Atualmente, as Fazendas Reunidas Castilho são referência nacional em relação às qualidades da raça, tanto na produção de carne, quanto de leite, além de ter todo rebanho avaliado em programas da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), como o Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ) de corte e leite, Prova de Ganho de Peso (PGP), ultrassonografia para avaliação de tipificação de carcaça, que monitora a Área de Olho de Lombo (AOL), marmoreio, abates técnicos, desossa técnica e tipificação de carcaça com a equipe da Universidade de Campinas (Unicamp).
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“Também atuamos fortemente no leite, colocando nossas matrizes no PMGZ leite e concursos leiteiros oficiais da ABCZ, para ajudar na seleção, mostrar e provar o potencial leiteiro de nosso rebanho”, informa o criador. Castilho Filho destaca ainda outras características do Sindi, como resistência às doenças, alta fertilidade e adaptação a qualquer ambiente, tendo a capacidade de se manter produtiva em locais inóspitos e de suportar prolongados períodos de seca com alta restrição alimentar.
“Acho importante também destacar a precocidade sexual da raça. Novilhas criadas a pasto emprenham entre 13 e 14 meses. Além de todas essas características positivas, as 12 edições de abates técnicos que promovemos apontam elevada qualidade da carne, com presença de marmoreio acima da média comparado com raças zebuínas e inclusive com as europeias especializadas”, afirma.
Ao longo dos anos, a raça Sindi vem evoluindo e conquistando mais criadores. Castilho lembra que, em 2005, Irapuru da Estiva e Jangada da Estiva eram o único casal de animais do criatório na ExpoZebu, em Uberaba (MG), a tradicional mostra do zebu nacional. “Hoje temos mais de 200 animais expostos por novos criadores, e o Sindi é a raça zebuína que mais cresceu nos últimos 10 anos, inclusive vendemos genética Sindi Castilho para todo o Brasil e para diversos países do mundo, isso é muito gratificante”, comemora.
Quatorze anos depois, em 2019, o Sindi surge como uma das raças mais numerosas da mostra e com o maior índice de evolução de registros na ABCZ. A vitrine maior do zebu comprova a solidez do crescimento exponencial do número de criadores, conferindo ao gado vermelho o reconhecimento de ser uma das raças mais promissoras e consolidadas da bovinocultura mundial. “Fizemos nove leilões durante a ExpoZebu, sendo todos um sucesso. Além disso, há 4 anos, realizamos a Semana Sindi Castilho no berço da raça Sindi, a Fazenda Tabaju, no município de Sales, no interior paulista. Até o momento, comercializamos mais de 3000 animais em nossos eventos e vendas particulares e pretendemos continuar a oferecer ao mercado o que temos de melhor, assim como fizemos nos anos anteriores”, comemora Castilho.
Atualmente, a genética do criatório AJCF serve de base para outros criadores formarem seus planteis em quase todo território nacional. Dados da Connect Leilões apontam que, em média, cinco novos criadores entram para a raça em cada leilão ou shopping. Além disso, ainda segundo a leiloeira, todos os grandes plantéis da atualidade, inclusive os criatórios que fizeram os mais recentes grandes campeões da ExpoZebu, o Sindi Don do grupo de Eduardo Biagi e o Sindi OT da família de Orestes Prata Tibery Junior, têm base nos troncos de Novo Horizonte.
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“Sempre tive como foco desenvolver e manter o Sindi como um gado produtivo e adaptado, com precocidade, rusticidade, habilidade materna, padronização, aprumos e linha de dorso perfeitos. Um dos segredos do sucesso das fazendas Reunidas Castilho é o amor pela raça e os 83 anos de seleção, buscando a pecuária sustentável e produtiva, fazendo contas para garantir lucro e satisfação dos criadores e indústrias.”
Para administrar os negócios, Adáldio destaca a importância da tradição e do respeito aos princípios familiares, não só de conduta e ética, mas também como evoluir com solidez e paciência. “Somos uma família que vive há seis gerações da pecuária, e amamos o que fazemos. A administração de nosso negócio é familiar, porém, associando as mais diversas métricas e técnicas para planejar, projetar e realizar nossas ações”, sintetiza o selecionador.
Ele lembra também que, durante a jornada de quase um século, alguns erros aconteceram, mas tudo faz parte de um processo natural e sustentável de evolução. “Claro que, não só eu, mas meu tio e meu pai cometeram erros, porém, assim como eles, aprendi muito com cada tropeço e me fortaleci, tudo é parte do aprendizado do dia a dia no campo”, reconhece.
Com a longa experiência na atividade, o titular da ACFJ manda um recado para quem pretende ingressar na pecuária. “O conselho que deixo para os investidores é que continuem batalhando e buscando cada vez mais o aumento da rentabilidade produtiva dos criadores do Brasil e do mundo”, sugere.
Material adaptado da SNA