Estudos revelaram que a carne desta raça japonesa é rica em gorduras monoinsaturadas e ácidos graxos saturados, como o ácido oleico, que ajuda a reduzir os níveis de LDL, conhecido como colesterol ruim.
Em 2012, com o intuito de aumentar a renda da propriedade, o Projeto de multiplicação genética da raça Akaushi no Brasil, promovido pelo Origine Group em parceria com a HeartBrand Beef dos Estados Unidos resolveu fazer uma pesquisa sobre o Akaushi, raça japonesa de bovinos que produz carne premium e saudável.
A raça Akaushi, também conhecida como Japanese Brown ou Japanese Red devido à sua coloração marrom-avermelhada, tem suas origens no século II. Naquela época, o Japão importou os primeiros animais da Ásia, que foram inicialmente utilizados para transporte e trabalhos agrícolas e de mineração.
Entre 1635 e 1854, o país manteve suas fronteiras fechadas, e a raça Akaushi permaneceu livre da influência de genes estrangeiros. Em 1887, no entanto, houve uma nova importação de animais, o que resultou na introdução de influências genéticas das raças coreana-Hanwoo, britânica-Devon e suíça-Simental. No entanto, em 1910, esses cruzamentos foram interrompidos abruptamente, pois se observou que estavam comprometendo tanto a capacidade de trabalho quanto a qualidade da carne.
A nível global, o Akaushi é renomado por sua capacidade de gerar marmoreio na carne, uma característica que proporciona uma textura macia, suculenta e um sabor excepcional devido à gordura intercalada. Estudos revelaram que a carne desta raça é rica em gorduras monoinsaturadas e ácidos graxos saturados, como o ácido oleico, que ajuda a reduzir os níveis de LDL, conhecido como colesterol ruim. Além disso, contém ômega-3 e ômega-6, fatores que aumentam sua valorização nos mercados internacionais.
Em 1994, um número limitado de exemplares foi exportado para a HeartBrand Beef nos Estados Unidos. A partir desse material genético, foi obtido o sêmen utilizado para criar os animais Akaushi F1, resultantes da IATF realizada em fêmeas da raça Nelore.
Após cinco anos de experiência com esta raça, observou-se que ela se destaca por sua docilidade e facilidade de manejo no curral. Os animais são rústicos, com baixa incidência de parasitas e se adaptam muito bem ao clima quente do cerrado.
Os recém-nascidos geralmente apresentam peso de 32 kg para machos e 30 kg para fêmeas, e mostram um bom desenvolvimento mesmo sem alimentação suplementar até a desmama, que ocorre entre 7 e 8 meses, com pesos médios de 220 kg para fêmeas e 240 kg para machos.
Durante a fase de recria, a demanda alimentar dos animais aumenta, sendo crucial garantir uma boa pastagem e suplementação em cocho para evitar que o crescimento se torne lento. Apesar desse desafio, os animais atingem, aos 24 meses, pesos de 420 kg para fêmeas e 510 kg para machos, o que é considerado excelente para o início.
As fêmeas da raça Akaushi F1 apresentam maturidade sexual precoce, atingindo-a antes dos 14 meses. Além disso, elas demonstram uma alta taxa de fertilidade, com cerca de 60% no ciclo de IATF.
No abate técnico realizado pelo Origine Group, em parceria com profissionais especializados e a Universidade Federal do Tocantins (confira o vídeo em https://www.youtube.com/watch?v=ZEFnENKNFBM), foi observado um rendimento de carcaça entre 56% e 57%. Tanto machos quanto fêmeas apresentaram resultados semelhantes, com um marmoreio médio que comprova a elevada qualidade genética do Akaushi.
Os animais F1 mostram uma predisposição genética para o marmoreio, embora não atinjam o nível de um animal puro. No entanto, o marmoreio é suficiente para conferir à carne uma maciez e sabor superiores. A carne é conhecida por seu paladar suave e distinto, e a costela, em particular, tem se destacado. Ela não requer papel alumínio e pode ser preparada junto com a picanha na churrasqueira, cozinhando em pouco tempo e surpreendendo pela qualidade.
Em junho de 2016, chegaram ao Brasil, provenientes dos Estados Unidos, bovinos puros do Origine Group. Estes animais estão sendo cuidados pela Seleon Biotecnologia, que se especializa na coleta e processamento de sêmen e na produção de embriões in vitro. Com essa infraestrutura, a multiplicação genética se tornará mais eficaz, permitindo o uso do Touro Akaushi já em 2018.
Os primeiros exemplares F2, nascidos das fêmeas Akaushi F1, acabaram de chegar. A expectativa é de que esses novos animais tragam melhorias significativas na qualidade da carne, elevando ainda mais o padrão dos produtos. Inicialmente eles também fizeram testes com o cruzamento tricross Nelore x Angus x Akaushi, acreditando que essa combinação aproveita as melhores qualidades de cada raça.
Uruguai e à Colômbia, são países que já estão cultivando o Akaushi e seus cruzamentos, observou-se que a raça se adapta bem a climas mais temperados. O Akaushi demonstra uma versatilidade notável e uma forte capacidade de transmitir suas características genéticas. As avaliações de degustação realizadas confirmaram uma opinião unânime: a carne do Akaushi é superior em maciez, sabor e suculência, oferecendo uma experiência gastronômica verdadeiramente agradável.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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