A técnica de abate, conhecida como Halal, determina que os animais sejam mortos de acordo com o ritual islâmico, é a mais criterioso e rigorosa do mundo!
O mercado árabe é crescente para os produtos brasileiros, entretanto existem diferenças culturais que fazem com que os frigoríficos tenham que se adaptar para conseguir manter esse mercado ativo. Além da exportação de carne in natura, eles são grandes compradores de boi vivo, a chamada exportação de gado em pé. Para se ter ideia só em um embarque foram 22 mil cabeças, veja o vídeo aqui!
O que é exigido por esses países, durante o abate, está relacionado a religião do países islâmicos. Halal em árabe significa “legal” ou “permitido”, sendo um termo usado para descrever várias facetas da vida que são permitidas pelas leis da Allah (Deus), entre elas relacionadas à alimentação. A técnica de abate, conhecida como Halal, determina que os animais sejam mortos de acordo com o ritual islâmico (chamado de Zabibah ou Zabiha, que indica que a carne é Halal). Mas o que faz desse, o abate mais exigente do mundo?
Neste ritual, os animais são mortos com um corte em movimento de meia-lua no pescoço, para que não sofram e não liberem enzimas na carne na hora da morte. Para que isso ocorra da melhor maneira possível, leis rígidas são seguidas, entre elas temos:
- O abate é permitido de ser realizado por qualquer muçulmano que tenha atingido a puberdade e que, durante o ato do abate, pronuncie o nome de Alá (Deus) com a face voltada para Meca ou recite uma oração o qual contenha o nome de Alá (tal como a Bismillah Allah-u-Akbar);
- O animal não deve estar com sede no momento do abate;
- A faca deve estar bem afiada, visando minimizar o tempo e assim reduzir a dor do animal associada com o processo de abate;
- A faca não deve ser afiada na frente do animal, porque pode causar tensão imprópria aquele animal;
- A matança será feita cortando a garganta do animal ou perfurando a garganta, causando a morte mais rápida com o menor quantia de dor;
- O nome de Alá tem que ser mencionado antes ou durante o abate, desde que o Criador é o provedor de vida, e o nome deve ser dito por uma pessoa crente e de fé muçulmana;
- Carne de animais abatidos por pessoas da fé Judaica ou Cristã (Pessoas do Livro) também pode ser ingeridos;
- O sangue deve ser retirado completamente da carcaça.
Diferença entre Halal e Kosher
Uma diferenciação entre o abate Halal e o Kosher é que antes de matança, o Halal requer um oração a Alá (Deus). O Kosher não requer uma oração a Deus.
Centros islâmicos, como o Centro de Divulgação do Islam para a América Latina, de São Bernardo do Campo (SP), enviam fiscais muçulmanos aos abatedouros para garantir que os animais estejam sendo sacrificados da forma correta. Tudo isso tem contribuído para melhorar as relações comerciais entre o Brasil e os países árabes.
Em 2001, as exportações brasileiras para o Oriente Médio cresceram 52%, em relação a 2000, ficando em cerca de US$ 2 bilhões. Esse número, entretanto, ainda é muito pequeno: apenas 3,5% da exportação total do Brasil. Mas, com o interesse das empresas brasileiras e o aumento da confiança dos muçulmanos, as perspectivas para 2002 são de crescimento ainda maior (Alencar, 2001).
Segundo Alencar (2001), um total de 25 abatedouros no Brasil já têm o sistema instalado e são checados periodicamente pelos árabes.
A fim de explicar um pouco mais sobre esse importante nicho comercial da carne brasileira, o gerente de exportações para os países Árabes e África da JBS, Rada Saleh, esclareceu os diferenciais que a carne deve ter para ser exportada para o Oriente Médio.
Saleh ressalta que sanidade, higiene e armazenamento são importantíssimos na hora de adquirir o documento de certificação.
– É necessário realizar o abate halal, que deve ser acompanhado por uma entidade certificadora, que audita a planta frigorífica para que o boi destinado à produção dessa carne diferenciada seja verificado e supervisionado pelo inspetor. A lei islâmica determinada que somente carnes carcaças degoladas por este método sejam exportadas- afirma o especialista.
Confira o vídeo que mostra tudo sobre o abate dos animais
Como produzir carne halal
Conforme a legislação desses países, algumas procedimentos são fundamentais para se adquirir a certificação:
• Uma auditoria avalia a planta do frigorífico e este laudo determina o recebimento ou não do certificado;
• Um funcionário árabe deve inspecionar o processo de abate, que é diferenciado;
• Ao realizar a degola, a parte da frente do animal deve estar direcionada à Meca (berço da religião islâmica), em sinal de agradecimento a Deus;
• Na hora de abater o animal, deve-se pronunciar uma expressão que significa “Em nome de Deus”;
• Durante todo o processo, não pode haver nenhuma contaminação com outras carnes que não seguiram o mesmo método;
• Não pode haver o atordoamento do animal, o que gera dificuldades para a indústria, eleva os custos e torna o procedimento mais demorado;
Cortes mais importantes
Dentre os dois maiores importadores da carne brasileira no Oriente Médio – Egito e Líbano -, alguns cortes são preferidos pelos compradores locais. No Egito, os cortes favoritos são acém, paleta, pescoço, peito e músculos. Já no Líbano, a ponta de contrafilé, contrafilé, filé mignon, alcatra, patinho, colchão mole, colchão duro, lagarto e músculo são os mais pedidos.
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Líderes de consumo
Da região do Oriente Médio e levando em conta o volume, o país que mais importa a carne brasileira é o Egito. No caso dos egípcios, a preferência é por carne congelada. Enquanto no Líbano, a carne resfriada é mais abundante.
Para exportação de cortes congelados, infraestrutura e logística muito bem elaboradas são essenciais. Desde o momento da embalagem (que é feita a vácuo) até o momento de estufar o contêiner, todos os equipamentos necessários, planta e temperatura devem estar sob controle.