Conheça essas impressionantes raças de gado quase extintas

Com poucos exemplares de algumas raças, a perda não é apenas um golpe para a diversidade genética, mas também para as características únicas que esses animais possuem.

Em um mundo onde a biodiversidade é tão rica quanto frágil, o Brasil se destaca por sua vasta fauna e flora. No entanto, mesmo neste cenário de abundância, algumas das mais impressionantes raças de gado do país estão à beira da extinção. Estas raças, que já foram símbolos de resistência e adaptação, hoje lutam pela sobrevivência.

Com poucos exemplares de algumas espécies, a perda não é apenas um golpe para a diversidade genética, mas também para as características únicas que esses animais possuem. Características que, uma vez perdidas, não podem ser recuperadas ou substituídas. Conheça mais sobre essas raças a seguir!

Pé-Duro

Desde os primórdios da colonização do Brasil pelos portugueses no século XVI, uma saga bovina ganhou vida com a introdução de gados de origem taurina nas terras brasileiras, possivelmente descendentes de raças como Alentejana, Galega e Mirandesa. Esses primeiros exemplares foram trazidos para o nordeste do país, onde enfrentaram grandes desafios ao se adaptarem às condições áridas e ao terreno acidentado do sertão nordestino.

Nesse ambiente impiedoso, a seleção natural agiu implacavelmente, permitindo apenas que os mais resilientes e adaptáveis ​​sobrevivessem. Essa dura jornada deu origem à raça conhecida como Curraleiro Pé-Duro. Ao longo dos séculos, a luta pela sobrevivência moldou os traços distintivos do Pé-Duro, conferindo-lhes uma notável robustez, resistência e capacidade de adaptação às adversidades do sertão.

Conheça essas impressionantes raças de gado quase extintas
Foto: Divulgação

Esses gados, criados em meio ao calor abrasador, à escassez de água e à ameaça constante de parasitas, desenvolveram características genéticas únicas que os transformaram em símbolos da tenacidade da natureza e da habilidade de sobrevivência. No entanto, a modernização da pecuária e a preferência por raças mais produtivas em termos de carne e leite levaram ao quase esquecimento e à beira da extinção do Curraleiro Pé-Duro. Essa tendência foi exacerbada pela introdução de raças exóticas que, apesar de menos adaptadas ao clima e aos desafios locais, eram mais vantajosas economicamente.

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Foto: Divulgação

Portanto, as raízes desses animais estão profundamente entrelaçadas com a história da colonização do Brasil e com a luta pela vida em um ambiente hostil. Eles desempenharam um papel crucial na expansão da riqueza no Nordeste do Brasil e continuam sendo venerados como exemplos de resistência e adaptação às duras condições do sertão. A preservação do Curraleiro Pé-Duro é fundamental para manter a biodiversidade e o patrimônio genético adequado ao sertão nordestino.

Pantaneiro

Recentemente, a trama televisiva “Pantanal” trouxe aos holofotes os bovinos conhecidos como Marruás. Esses animais, também chamados de Boi Alongado ou Baguás na região, são notórios pelo seu comportamento selvagem e resistência ao manejo humano, o que os torna um verdadeiro teste para a habilidade dos peões. A ausência de interação humana faz com que esses bovinos readquiram instintos selvagens, transformando qualquer raça em Marruá se deixada sem manejo adequado.

Dentro desse cenário, destaca-se o Bovino Pantaneiro, uma espécie que se desenvolveu no Pantanal e é objeto de estudos da Embrapa Pantanal e seus colaboradores por mais de duas décadas. O foco dessas pesquisas é a preservação e utilização sustentável desse valioso recurso genético, prevenindo sua possível extinção.

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Foto: Divulgação

Originários da Europa e trazidos pelos colonizadores ibéricos durante o período das grandes navegações, esses bovinos passaram por um intenso processo de seleção natural no Pantanal. Isso resultou em uma raça altamente adaptada às condições adversas da região, com uma capacidade notável de reprodução mesmo diante dos desafios climáticos e nutricionais do bioma. Hoje, o Bovino Pantaneiro enfrenta um risco significativo de desaparecer, com um efetivo de aproximadamente 13.000 exemplares. A raça se distingue por sua carne e leite de qualidades singulares, apresentando um potencial de mercado promissor para segmentos específicos de consumidores.

Foto: Divulgação

Bisões americanos 

Os bisões americanos são um exemplo de bovinos que quase foram extintos. No século XIX, eles foram caçados em massa por suas peles e línguas valiosas, além de serem alvo para subjugar as tribos nativas, eliminando sua fonte de alimento. 

Antes da colonização europeia, havia entre 30 a 60 milhões de bisões nas Grandes Planícies dos Estados Unidos, mas essa população foi reduzida drasticamente devido à caça e doenças trazidas pelo gado doméstico. Felizmente, graças aos esforços de conservação, o bisão americano não está mais à beira da extinção e agora está classificado como “Quase Ameaçado”. Existem cerca de 15.000 bisões selvagens e livres nos Estados Unidos, com 5.000 deles vivendo no Parque Nacional de Yellowstone.

Auroque

auroque (Bos primigenius), também conhecido como uro ou uruz, é uma espécie de bovino selvagem que foi extinta em 1627. Eles habitaram a Europa, Ásia e norte da África e são considerados os ancestrais do gado doméstico moderno.

Os auroques eram impressionantes em tamanho e força. Os machos podiam ter uma altura média no ombro de 155–180 cm e as fêmeas de 135–155 cm. Alguns indivíduos tinham pesos comparáveis aos dos bisões, atingindo cerca de 700 kg, enquanto que os do Pleistoceno tardio e médio eram muito maiores, com até 1.500 kg. O dimorfismo sexual era fortemente expresso, com as fêmeas sendo significativamente menores que os machos.

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Foto: Divulgação

Os cornos dos auroques eram característicos pelo seu tamanho, curvatura e orientação, e por causa deles, seus ossos frontais eram alongados e largos. A domesticação dos auroques ocorreu durante a revolução Neolítica, com pelo menos dois eventos de domesticação conhecidos: um relacionado à subespécie indiana, resultando no zebu, e outro com a subespécie eurasiática, que resultou no gado europeu.

Infelizmente, a espécie está extinta, mas há esforços em curso para tentar recriar animais semelhantes aos auroques por meio de retrocruzamentos com raças de gado que mantêm características genéticas dos auroques. Esses esforços fazem parte de um projeto mais amplo de rewilding, que visa reintroduzir espécies ou linhagens de animais que se assemelham a formas selvagens extintas em seus habitats naturais.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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