
Para alcançar bons resultados, o produtor deve compreender que a criação de aves para ovos – galinhas poedeiras – é diferente daquela voltada para carne
A produção de ovos é uma atividade que exige planejamento, conhecimento técnico e atenção aos detalhes. As galinhas poedeiras — aves selecionadas e criadas especificamente para essa finalidade — são protagonistas desse setor, que movimenta bilhões e atende tanto o consumo interno quanto mercados especializados.
Para alcançar bons resultados, o produtor deve compreender que a criação de aves para ovos é diferente daquela voltada para carne. A escolha das raças, a alimentação adequada, o manejo correto e a estrutura das instalações são fatores decisivos para o sucesso da granja.
Entendendo as principais raças de galinhas poedeiras
As poedeiras não são todas iguais. Cada raça tem características próprias, como cor e tamanho dos ovos, rusticidade, exigências nutricionais e produtividade média anual. Conhecer essas particularidades permite ao produtor tomar decisões mais estratégicas, de acordo com o perfil do mercado que deseja atender.
Rhode Island Red
Originária dos Estados Unidos, essa é uma raça clássica e muito valorizada pela resistência e versatilidade. Embora também possa ser usada para carne, é bastante eficiente na produção de ovos — com médias que podem ultrapassar 280 unidades por ano. Seus ovos são marrons e grandes, e sua plumagem marrom-avermelhada chama atenção.
Isa Brown
Resultado de cruzamentos feitos na França, essa ave se destacou pela capacidade produtiva: são mais de 300 ovos por ano, em alguns casos. Com corpo compacto e penas castanho-escuras, adaptam-se bem a diversos sistemas de criação. Seus ovos são grandes, de casca marrom, e a conversão alimentar é excelente.
Leghorn
Com origem italiana, as galinhas Leghorn são leves, esguias e extremamente produtivas. Botam entre 280 e 320 ovos por ano, geralmente brancos e grandes. Essa raça é ideal para quem busca alta produtividade com menor consumo de ração, uma vez que sua eficiência alimentar é notável.
Sussex
Raça inglesa de dupla aptidão — ou seja, serve tanto para carne quanto para ovos —, a Sussex é conhecida pela facilidade de manejo e boa resistência a doenças. Seus ovos são marrons claros, de tamanho médio, e a produção gira em torno de 180 a 200 unidades por ano.
Galinhas caipiras
Bastante populares no Brasil, essas aves são adaptadas a ambientes mais rústicos, podendo ser criadas em sistemas extensivos ou semi-intensivos. A produtividade é mais baixa, com cerca de 180 ovos anuais, mas a valorização dos produtos caipiras compensa a menor escala. Os ovos podem variar em cor — do azul-claro ao marrom salpicado — e tamanho, atendendo nichos específicos que buscam alimentos mais naturais.
Alimentação: o alicerce da produtividade
A nutrição correta está no centro da produção de ovos. A alimentação das poedeiras deve ser balanceada conforme cada fase da vida: crescimento, postura e manutenção.
A base da ração é geralmente composta por milho, farelo de soja, trigo, calcário calcítico, fosfato bicálcico e aditivos minerais e vitamínicos. É comum, em sistemas menos intensivos, complementar a dieta com gramíneas e restos de vegetais.
Alguns cuidados são essenciais:
- Armazenamento da ração: deve ser feito em local seco e protegido de pragas e roedores. Rações úmidas ou mofadas podem provocar intoxicações e até mortalidade das aves.
- Fases da alimentação: cada etapa da vida exige um tipo de formulação. Uma ração inadequada compromete o desenvolvimento e a postura.
- Acesso à ração: comedouros bem distribuídos e em quantidade suficiente evitam brigas e garantem nutrição uniforme.
- Água limpa e fresca: tão importante quanto a ração é a água. Ela deve estar sempre disponível, ser de boa qualidade e adequada à temperatura ambiente. Águas contaminadas podem causar diarreias e doenças.
Estrutura e higiene: elementos-chave do manejo
A criação de poedeiras exige mais do que alimentação. A estrutura do galinheiro precisa oferecer conforto térmico, ventilação, iluminação adequada e espaço para movimentação.
- Ninhos e camas: devem ser mantidos limpos e secos. Trocar a cama com frequência evita contaminações e melhora a qualidade dos ovos.
- Coleta de ovos: o ideal é realizar a coleta várias vezes ao dia — entre quatro e seis vezes — para evitar que fiquem sujos ou trincados. Esses ovos perdem valor comercial e são descartados por muitos compradores.
- Biosseguridade: práticas como o vazio sanitário (períodos sem aves entre lotes), desinfecção dos equipamentos e controle de acesso ao galinheiro ajudam a prevenir surtos de doenças.
Comercialização dos ovos: do galinheiro ao mercado
O planejamento da venda dos ovos deve começar já na produção. Ovos com rachaduras, sujos ou mal armazenados perdem qualidade rapidamente. A partir de duas semanas, mesmo os ovos bem conservados começam a perder frescor.
- Armazenamento: mantenha os ovos em local fresco, seco e longe da luz solar direta.
- Classificação: separar os ovos por tamanho e aparência facilita a venda e valoriza o produto.
- Canais de venda: o produtor pode escolher entre feiras, vendas diretas, supermercados ou entregas por encomenda. Avaliar o público-alvo é essencial.
- Valorização dos nichos: ovos caipiras, orgânicos ou enriquecidos com ômega-3 têm maior valor de mercado e podem ser vendidos com margem superior.
Criar galinhas poedeiras é uma atividade recompensadora, mas que exige atenção em cada etapa: desde a escolha da raça até a chegada dos ovos ao consumidor final. Um bom manejo, alimentação balanceada e foco na qualidade são os ingredientes para uma produção eficiente, lucrativa e sustentável.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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