As picadas geralmente ocorrem na região facial e nas patas dos gados, no entanto, devido à presença de pelos, as marcas dos ataques podem passar despercebidas.
Nas áreas rurais do Brasil, a ocorrência de picadas de cobras em gado é um tema recorrente e lamentavelmente uma das causas de óbito entre os animais. Para evitar consequências fatais do envenenamento, é crucial que os criadores ajam prontamente e de forma adequada.
As picadas geralmente ocorrem na região facial e nas patas dos animais. No entanto, devido à presença de pelos, as marcas dos ataques podem passar despercebidas. Portanto, é fundamental estar atento aos sinais indicativos de presença de veneno no organismo do gado, como vômitos, tremores musculares e queda na pressão arterial. Caso não seja tratado a tempo, o quadro pode evoluir para hemorragias.
É importante conhecer as espécies de cobras mais letais para o seu rebanho:
Cascavel
Uma das características mais distintas da cobra cascavel é o som vibrante e inconfundível de seu chocalho. Esta serpente lidera as estatísticas de fatalidades decorrentes de acidentes causados por picadas de cobras, conhecidos como acidentes ofídicos. De acordo com uma pesquisa conduzida pelo Instituto Vital Brazil entre 1990 e 1993, mais de cinco mil pessoas foram vítimas de picadas de cascavéis durante esse período.
Dentre as 35 espécies de cascavéis encontradas pelo mundo, apenas uma delas é residente no Brasil, conhecida como Crotalus durissus. Esta espécie é encontrada nos cerrados e em áreas áridas e semiáridas do Nordeste brasileiro, além de ocupar os campos abertos das regiões Sul, Sudeste e Norte do país.
O veneno da cascavel, também chamada de Boicininga na língua tupi, é altamente potente. Além do efeito tóxico direto, o veneno destrói as células sanguíneas, causa danos musculares e afeta os sistemas nervoso e renal das vítimas. Um dos componentes do veneno é uma proteína que induz à coagulação rápida do sangue, resultando em endurecimento. Curiosamente, os humanos possuem uma proteína semelhante, a trombina, que desempenha um papel na formação de coágulos sanguíneos quando ocorrem ferimentos. Quando as células sanguíneas são atacadas pelo veneno da cascavel, uma proteína chamada mioglobina é liberada na urina da vítima, conferindo-lhe uma coloração avermelhada.
Além dos riscos para os seres humanos, o veneno da cascavel também representa uma ameaça para o gado. A picada pode causar sérios danos aos animais, resultando em perda de produção de carne e leite, além de possíveis complicações de saúde. O impacto econômico da presença de cascavéis em áreas de pastagem pode ser significativo, exigindo medidas de controle e prevenção por parte dos criadores de gado.
Jararaca
Segundo o especialista em répteis, Tobias Kunz, a jararaca, uma cobra venenosa do gênero Bothrops, é encontrada em todo o território nacional. Existem mais de 30 espécies diferentes dessa cobra no Brasil, cada uma adaptada a um ambiente específico. A espécie mais comum é a Bothrops jararaca, que é encontrada principalmente em áreas florestais e é nativa da Mata Atlântica, sendo especialmente abundante em Santa Catarina.
Identifica-se facilmente pelas marcas em forma de ferradura ao longo do corpo, geralmente em tons mais escuros. As fêmeas desta espécie tendem a ser maiores que os machos. Além disso, a jararaca é responsável pela maioria dos acidentes com cobras no Brasil, representando cerca de 90% dos casos atendidos em hospitais por picadas de serpentes venenosas. Em Santa Catarina, por exemplo, estima-se que mais de 80% dos casos de acidentes com serpentes, peçonhentas e não peçonhentas, sejam causados pela jararaca comum.
Isso se deve à sua ampla distribuição e abundância no estado. A jararaca se diferencia de outras cobras pelo que é conhecido como “fosseta loreal”, uma pequena abertura entre os olhos e as narinas. Apesar do perigo que representa, o veneno da jararaca pode variar em sua potência, dependendo da quantidade injetada e da sensibilidade da vítima.
O veneno de cobras, como o da jararaca, representa um perigo significativo para os bovinos. Quando uma vaca ou outro bovino é picado por uma cobra venenosa, como a jararaca, os efeitos do veneno podem variar dependendo de fatores como a quantidade injetada e a sensibilidade do animal. Os sintomas em bovinos picados por cobras venenosas podem incluir inchaço no local da picada, dor intensa, dificuldade respiratória, distúrbios gastrointestinais, alterações na pressão arterial e, em casos graves, até mesmo a morte.
Em casos de envenenamento, é crucial buscar imediatamente assistência veterinária para tratar os sintomas e minimizar os danos. Além disso, a prevenção é essencial para proteger o gado contra picadas de cobras venenosas. Medidas como manter áreas de pastagem limpas e livres de entulhos, realizar inspeções regulares nas instalações onde os animais são mantidos e fornecer treinamento adequado para reconhecimento e manejo de cobras venenosas podem ajudar a reduzir o risco de encontros perigosos entre bovinos e serpentes venenosas.
Coral
A serpente coral-verdadeira, pertencente ao gênero Micrurus, é amplamente reconhecida pelos habitantes do Brasil devido ao seu distintivo padrão de cores. Sua pele exibe listras alternadas em preto, vermelho e branco, enquanto algumas espécies da Amazônia também exibem listras amarelas. Esta coloração não é mera coincidência; é um mecanismo para alertar potenciais predadores de sua periculosidade, conhecido na natureza como coloração de advertência ou aposematismo.
Reconhecida como uma das serpentes mais venenosas do Brasil, a coral-verdadeira possui um veneno altamente tóxico que afeta diretamente o sistema nervoso. Os sintomas iniciais de uma picada incluem dormência no local, visão embaçada e dificuldade na fala. Entretanto, com o tempo, o veneno se espalha pelo sistema nervoso, resultando na paralisia de músculos vitais, como o coração e o diafragma – este último desempenha um papel crucial na respiração.
Além do risco para os seres humanos, a picada da coral-verdadeira também representa uma ameaça para animais como bovinos. O veneno pode causar danos significativos, levando à paralisia e até mesmo à morte dos animais afetados.
Apesar de representar uma ameaça significativa, a coral-verdadeira é uma criatura geralmente reservada, habitando principalmente áreas de vegetação rasteira, buracos no solo e debaixo de pedras. Além disso, é notavelmente pacífica, raramente atacando. Como ovípara, ela pode pôr de dois a doze ovos por ninhada.
Uma curiosidade interessante é a presença de suas sósias, as corais-falsas. Estas serpentes, não venenosas, imitam as características físicas das corais-verdadeiras como um meio de dissuadir possíveis predadores, embora pertençam a famílias distintas.
Mantenha seu rebanho seguro
Identificando e lidando com picadas de cobra em bovinos
No campo, o perigo rasteja: cascavéis, jararacas e corais são os principais vilões por trás das picadas em bovinos. Quando atingidos, os animais enfrentam danos nos rins e no sistema nervoso, com risco de hemorragias devido à coagulação sanguínea. Em casos graves, até mesmo necrose tecidual local pode ocorrer.
Os sinais não mentem: gados picados geralmente apresentam apatia e perda de apetite, indicando o aumento do desconforto. Assim que identificada a picada, é crucial que o fazendeiro conduza uma busca para encontrar o culpado. Saber a espécie de cobra envolvida é vital para determinar o tratamento mais eficaz contra o veneno.
Um erro grave: jamais tente estancar a picada. Essa medida pode piorar a situação e prejudicar ainda mais o animal. A recomendação é isolar o bovino dos demais e garantir repouso após a administração do soro antiofídico.
Soros salvadores: estocar o soro antibotrópico é essencial, visto que as jararacas são responsáveis por 90% das picadas. Para casos envolvendo cascavéis, o soro anticrotálico é a escolha certa. Ter uma reserva adequada desses soros é imprescindível para qualquer fazendeiro prevenido.
Após o tratamento inicial, o cuidado não cessa: é crucial seguir as orientações do veterinário, administrando doses diárias de anti-inflamatórios por via intramuscular, longe da área afetada. Normalmente, a recuperação completa do bovino é esperada em até três dias.
Estratégias para proteger seu rebanho contra picadas de cobra
As mordidas de animais peçonhentos podem representar perdas significativas para os fazendeiros. Identificar se uma mordida foi realmente causada por uma cobra em gado é o primeiro passo, especialmente considerando a possibilidade de confusão com envenenamento por plantas. Conhecer as plantas venenosas e seus efeitos na saúde dos bovinos é crucial nesse processo.
Realizar varreduras periódicas na propriedade é uma medida preventiva importante. Embora seja praticamente impossível eliminar completamente as cobras, essa prática pode ajudar a reduzir a presença delas perto dos animais. Além disso, é importante reconhecer o papel fundamental das cobras no controle biológico da população de roedores.
Manter o calendário de vacinação dos bovinos atualizado é outra medida preventiva essencial. Isso ajuda a proteger os animais contra uma série de doenças, fortalecendo sua saúde geral e tornando-os mais resilientes a possíveis ataques de cobras.
A importância da prontidão em situações de emergência
A perda de um gado representa um grande prejuízo econômico para os produtores rurais. Infelizmente, casos de morte por falta de preparo em situações de emergência são comuns. Produtores bem informados e treinados têm a capacidade de tomar decisões adequadas até a chegada do veterinário, reduzindo assim os riscos de acidentes fatais.
O mercado cada vez mais exige profissionais capacitados para lidar com diversas situações. Aqueles que estão preparados para agir em momentos cruciais podem obter melhores resultados e se destacar dos demais.
Escrito por Compre Rural
VEJA TAMBÉM:
- Conheça a nova picape da Ana Castela, que custa mais de meio milhão
- Você conhece as principais raças de gado Zebu? Faça o teste
ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias
Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.
