Carmen Perez é uma ativista do bem-estar animal que começa no nascimento do bezerro, ela é dona da fazenda Orvalho das Flores!
A pecuarista Carmen Perez, 43 anos, dona da fazenda Orvalho das Flores, no município de Araguaiana, no vale do rio Araguaia, em Mato Grosso, é uma voz na pecuária com um tom preciso: tudo que ela faz tem na base o bem-estar animal. Carmen é estudiosa em um tema do qual ela não esconde a fonte de sua busca por conhecimento: o Grupo Etco, da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Jaboticabal, liderado pelo professor Mateus Paranhos, e em universidades internacionais.
Carmen é uma das poucas pessoas no mundo que recebeu em sua fazenda a maior autoridade global em bem-estar animal, a norte-americana Temple Grandin, professora na Universidade do Estado do Colorado e autista que tem a sua história contada em filme que pode ser conferida na HBO.
De uma família do setor sucroalcooleiro, desde a infância Carmen teve uma ligação muito forte com os animais, especialmente os cavalos. Optou por ser pecuarista profissionalmente a partir dos 20 anos, desde que o fizesse de uma forma que aliasse a produção e o bem-estar animal.
Há 13 anos trabalha intensivamente a pesquisa e acredita seguramente que as boas práticas nortearão um novo comportamento no campo em todo o mundo. Mas ela não fica apenas na lida da fazenda.
Ativista nas redes sociais, a pecuarista deve mostrar brevemente o projeto “quando ouvi a voz da terra” baseado no poder das histórias. “Estou tão envolvida e está sendo um grande aprendizado”, afirma. Carmen vai contar, em audiovisual, experiências ocorridas no campo e outras histórias a partir de seu olhar e vivências.
“Por que é tão difícil adotar práticas de bem-estar animal, se a informação está disponível e é gratuita?”.
Para ela, o bem-estar animal começa quando os animais são ainda bezerros. Não por acaso, dentre as práticas estudadas em sua fazenda está a identificação sem marca a fogo em bovinos e a desmama lado a lado do bezerro com sua mãe.
Ela já esteve na Alemanha para representar o Brasil nesse tema, sendo uma das editoras do livro “Bem-estar animal no Brasil e na Alemanha. Responsabilidade e Sensibilidade”. A fazenda Orvalho das Flores tem um rebanho de cerca de 3.000 animais da raça nelore, dos quais metade são matrizes.
Por exemplo, os cuidados com os bezerros começam no nascimento. Eles recebem massagens pelo corpo, realizadas por um peão, enquanto outro peão coloca o brinco de identificação e faz a cura do umbigo.
A mudança foi inspirada nas teorias de Temple e não precisou de mais peões para a tarefa, o que mudou foi a postura e a educação do olhar para enxergar os animais como seres sencientes, ou seja, têm capacidade para sentir dor, sofrimento e alegrias, assim como os seres humanos.
- ‘Boicote ao boicote’: cadeia produtiva de bovinos quer deixar o Carrefour sem carne
- Jonh Deere enfrenta possíveis tarifas com sólida estratégia, diz CEO
- Maior refinaria de açúcar do mundo terá fábrica no Brasil para processar 14 milhões de t/ano
- Pecuarista é condenado a 3 anos de prisão por matar mais de 100 pinguins na Argentina
- Nova CNH em 2025 só para carros automáticos? Entenda
Uma das práticas adotadas por Carmen em sua propriedade é de proporcionar aos bezerros um tratamento especial logo quando nascem: eles recebem uma massagem relaxante. Há, inclusive, um colchão específico para o animal receber essa sessão.
Este tratamento ao animal é apenas uma das diversas práticas de BEA que já foram adotadas na fazenda. “Para adotar práticas de bem-estar animal, o produtor precisa ter vontade de fazer. É preciso acabar com a mentalidade de que a prática é cara, que dá trabalho, que não é possível porque é difícil. Difícil por quê? Por que é tão difícil adotar práticas de bem-estar animal, se a informação está disponível e é gratuita? O que é exigido é uma doação de tempo. Na verdade, tudo é difícil, se a gente for pensar. Tudo exige dedicação e perseverança, mas é muito possível dedicar o tempo para isso”, disse ela na entrevista.
Compre Rural com informações da Forbes