Com porte compacto, grande profundidade e elegância, a raça de gado Sindi se torna a escolha ideal para regiões com recursos alimentares limitados. Clique e confira a história dessa raça!
A raça Sindi é notável por sua singularidade, representando um tronco puro que, surpreendentemente, exibe semelhanças tanto com o gado Gerduoeste da Índia quanto com o gado vermelho do Afeganistão. Essas semelhanças surgiram devido aos movimentos das tribos nômades de criadores em várias regiões, resultando em cruzamentos ao longo do tempo. Apesar dessas influências, a raça Sindi destaca-se por seu excelente desempenho em diferentes climas e mantém uma notável produtividade tanto na produção de carne quanto de leite.
Origem
A raça é notavelmente homogênea, caracterizando-se principalmente por suas diversas pelagens. Além disso, sua capacidade de adaptação a pastagens de baixa qualidade é uma característica distintiva. Originária da região chamada de Kohistan, localizada no norte da Província de Sindi, no atual Paquistão, a raça Sindi tem sua história frequentemente mal interpretada. Embora alguns autores erroneamente a associem à zona de caráter e Uberaba, é na margem esquerda do Rio Indo, nas áreas do Ecoísta, que encontramos um grande número de animais em alta produção de leite, contribuindo para a reputação e apreço da raça.
A variedade mais pura da raça Sindi é encontrada no estado homônimo, sendo notavelmente semelhante ao gado vermelho do Afeganistão. Entretanto, é importante observar que, devido à diversidade de origens, ao escolher reprodutores puros, é comum encontrar uma variedade de tipos. Há também pontos de semelhança com o gado Saval, cujas raízes remontam ao gado vermelho do tipo de montanha na fronteira norte da Índia. Esta raça tem sido mais explorada no nordeste, destacando sua versatilidade e adaptação a diferentes ambientes.
A região brasileira, que representa impressionantes 77,16% da criação, destaca-se pela prática de cruzamento, elevando ainda mais o potencial expressivo do gado. Em novembro de 2020, a raça atingiu a marca notável de 34.448 mil animais registrados, consolidando sua importância. A raça, além de sua contribuição expressiva para a criação, destaca-se como uma das raças mais antigas do mundo, especialmente reconhecida por sua influência na produção leiteira nas regiões norte, nordeste e sudeste do Brasil.
Características da Raça
Ao explorarmos as características da raça, observamos que os animais são geralmente pequenos, com altura média variando de 1,25 a 1,35 metros para os machos e de 1,15 a 1,20 metros para as fêmeas. Apesar do porte compacto, apresentam grande profundidade e uma aparência elegante, sendo particularmente adequados para regiões com recursos alimentares limitados, onde a manutenção de animais de grande porte seria desafiadora.
O peso médio de desmama é de 160 kg para machos e 244 kg para fêmeas, enquanto as vacas variam de 350 a 450 kg e os machos de 500 a 600 kg.
A raça exibe uma cabeça pequena e bem proporcionada, com perfil convexo, ocasionalmente apresentando uma protuberância que pode resultar da infusão de sangue. Os chifres são espessos na base, crescendo para os lados e curvando-se para cima. As orelhas, de tamanho médio e caídas, adaptam-se facilmente a diferentes condições climáticas e de solo. A conformação compacta dos animais inclui traseiros arredondados e caídos, enquanto o pescoço é curto e forte, nas fêmeas e mais desenvolvido nos machos, que apresentam uma bainha pendulosa. O cupim é médio nas fêmeas e relativamente grande nos machos, firmemente colocado sobre a cernelha. Quanto à pelagem, varia do vermelho mais escuro ao amarelo alaranjado, com a presença ocasional de pintas brancas na barbela e testa, mas sem manchas grandes. Os touros exibem espadas características.
A pelagem exibe tonalidades mais escuras em regiões como coxas, focinho, úbere, períneo e ao redor das quartelas, enquanto apresenta tons mais claros em outras áreas. O branco, embora recessivo, ocasionalmente surge mesmo em rebanhos puros, mas não é favorecido. A pele, ligeiramente solta, é coberta por pelos finos, macios e lúdicos. A pigmentação escura da pele nas mucosas é evidente, e as unhas são fortes, compactas e de cor escura.
Período de gestação e produção média de leite
Este animal possui um período de gestação de aproximadamente 285 dias, sendo que se estender por alguns dias, sugere a provável chegada de um bezerro macho. É notável a produção média de leite, que nas linhagens atinge 1706,10 kg, embora os resultados variem conforme a seleção, região e manejo. Destaca-se também a precocidade sexual das novilhas e sua habilidade materna, garantindo um desmame de bezerros robustos. Apesar de nascerem pequenos, os bezerros surpreendem na fase de desmame, exibindo peso, vigor e desempenho superiores à maioria das raças bovinas.
História da raça no Brasil
Acredita-se que, possivelmente, um reprodutor recebido na Bahia em 1850 pelo Visconde de Paraguaçu tenha sido o ponto de origem da raça. Diante da escassez de fêmeas do mesmo tipo para assegurar a continuidade da linhagem, é evidente que seu sangue tenha se diluído na vacada crioula. Provavelmente entre 1854 e 1856, conforme indicado em uma carta de Joaquim Carlos Travassos ao Jornal dos Agricultores em 1906, casais da variedade foram introduzidos na “serra abaixo”, expressão utilizada na época para se referir à baixada fluminense.
Francisco, em 1930, expressou seu interesse em importar a raça, juntamente com a Nelore. Posteriormente, animais identificados como Cindi, Danji, e outros pertencentes ao mesmo tipo básico indiano foram importados, mas, infelizmente, foram confundidos no passado com representantes da raça Gir. Isso levou ao desaparecimento da raça, absorvida pela população mais numerosa.
Vinte e dois anos depois, os animais chegaram ao Instituto Agronômico do Norte. Aqueles que tiveram a oportunidade de vê-los em Belterra, na Água Branca, compreendem as razões pelas quais os primeiros exemplares se misturaram com os mestiços da raça Caracu, parte da família de José de Castilho Filho, que hoje desempenha um papel fundamental no impulso da raça Sindi no país. Em 1936, ele trouxe alguns bovinos para sua fazenda em Novo Horizonte, tornando-se o berço do rebanho.
Na década de 1950, pesquisadores da Esalq visitaram a fazenda, levando 30 vacas para estudar os animais. Essa colaboração, juntamente com o Instituto de Zootecnia, contribuiu para a multiplicação da raça no Brasil. Atualmente, a criação dos animais está em expansão nas propriedades brasileiras, sendo a raça amplamente aceita por sua dupla aptidão na pecuária de corte.
Produção de leite A2
As vacas desta raça destacam-se na produção de leite, apresentando características de gado fértil e rústico. As fêmeas exibem um temperamento dócil, sendo ideais para a lactação. Vamos explorar algumas curiosidades sobre a raça, especialmente em relação à produção do leite A2, que recentemente ingressou no mercado brasileiro.
Adail, há 12 anos, despertou interesse pelo tema devido à crescente intolerância ao leite disponível nas prateleiras. Um médico, especializado nas indisposições associadas ao consumo de leite, entrou em contato para investigar se a produção leiteira apresentava características A2 nas fêmeas. Após realizar cruzamentos entre touros da raça Holandesa e vacas Sindi, os testes de genotipagem demonstraram que até 90% resultava em leite A2. Atualmente, pesquisadores do Instituto de Zootecnia, vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, conduzem estudos sobre o leite A2. Essa conquista foi consolidada recentemente com a legislação que regulamenta a comercialização do leite A2, proporcionando uma opção mais benéfica e de fácil digestão.
Conclusão
Os animais dessa raça, de modo geral, apresentam porte pequeno, com uma bela aparência, sendo adequados para regiões com recursos alimentares limitados, onde a manutenção de animais de grande porte seria desafiadora. Sua capacidade de adaptação a diferentes condições de clima e solo é notável. A prolixidade é uma característica marcante na produção de leite, e o gado tem ganhado destaque entre os pecuaristas, especialmente após a recente descoberta de uma proteína de melhor digestão.
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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